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Porto do Itaqui deve superar movimentação de cargas em 2017

Após uma queda de 22,57% em movimentação de cargas no ano passado, o Porto do Itaqui espera uma recuperação em torno de 19,5 milhões de toneladas

Reprodução

Sob a influência da supersafra agrícola, o Porto do Itaqui teve alta de 38% no volume de operações de soja no primeiro semestre de 2017. Desempenho é superior ao dos maiores portos do país, que ainda esperam bons reflexos do agronegócio.

Mesmo movimentando quantidades menores de grãos que portos como Santos e Paranaguá, o Porto do Itaqui vem se recuperando da queda na movimentação de cargas após sofrer impacto do mau desempenho da safra de grãos em 2016 e da decisão da Petrobras em desistir das operações de Entreposto com derivados de petróleo.

O Porto do Itaqui trabalha o volume de cargas entre Carga Geral Total – contêineres e carga geral solta (alumínio, celulose, trilhos, fl uoreto, bois vivo e cimento), Granéis Sólidos (soja, farelo de soja, milho, trigo, arroz, ferro-gusa, fertilizantes, manganês, calcário, carvão e outros minérios) e Granéis Líquidos (derivados de petróleo: derivados Import e Entreposto, óleo vegetal (soja), álcool/etanol, GLP e outros).

Em 2013, o volume total de operações no Porto do Itaqui foi de 15,3 milhões de toneladas. Em 2014, a movimentação somou 18 milhões de toneladas. Em 2015, o porto operou 21,8 milhões de toneladas em cargas. Em 2016, a operação teve um total de 16,9 milhões de toneladas, uma queda de 22,57% em relação a ano anterior. Em 2017, impulsionado pelo bom desempenho da safra de soja, o Porto do Itaqui movimentou no primeiro semestre 8,9 milhões de toneladas em todas as operações.

De acordo com a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), para 2017 há uma previsão de retomada de crescimento de pelo menos 2,5 a 3 milhões de toneladas a mais que o ano passado. “Em 2016, nós partimos de um ano forte [2015] de crescimento de volume, mas houve uma queda na safra de grãos na região do Matopiba por questões climáticas. Estamos estimando uma recuperação em torno de 19,5 milhões de toneladas em operação para 2017”, afi rma Ted Lago, presidente da Emap.

Segundo a gerência do porto, o crescimento é resultado da opção de escoamento da safra produzida no Arco Norte pelo Porto do Itaqui, utilizando a ferrovia Norte-Sul.

Além do crescimento da movimentação ferroviária, aliado a uma participação importante do movimento rodoviário de caminhões, o Porto do Itaqui, tem a vantagem da posição em relação ao mercado na questão da profundidade dos berços que permite a operação com navios de maior de capacidade, que para o exportador representa um custo menor com frete, pois com embarcações maiores se consegue uma redução no custo por tonelada, o que garante mais vantagem competitiva.

Nos últimos anos, as operações do Porto do Itaqui, em granéis sólidos, tem na soja seu principal produto de exportação. Desde 2009, a soja ultrapassou a movimentação no volume de produtos, como ferro-gusa, e não parou mais crescer. Em 14 anos, o volume de soja teve um aumento de 697,05% no porto maranhense. Em 2001, esse movimento era de 621.703 toneladas, já em 2015, 4,9 milhões de toneladas de soja foram transportadas no terminal portuário.

Apesar da queda na produção de grãos no ano passado, em razão dos fenômenos climáticos, a soja que teve uma safra em torno de 2,4 milhões de toneladas, este ano a expectativa é 4,8 milhões, o dobro, uma reação importante na produção maranhense de grãos.

O aumento da produção de grãos infl uencia também uma melhoria na movimentação de combustíveis que é um dos insumos importantes para a colheita, e também de fertilizantes.

“A movimentação de soja deve ir até mais ou menos setembro ou outubro. Já fi zemos o primeiro navio de embarque de milho. Lá para o fi nal de dezembro começa o plantio novamente da soja. Temos a expectativa de embarque de grãos, que geralmente pararia em novembro, mas que irão até janeiro ou fevereiro do ano que vem, em função do volume. A gente praticamente emenda uma safra na outra”, relatou Ted Lago.

Em geral, a carga de soja ultrapassou até a de combustíveis, da categoria de granéis líquidos. De acordo com a Emap, no ano passado, a Petrobras deixou de fazer nos portos a movimentação de Entreposto (navios de grande capacidade que atracam no porto e transferem o combustível para navios menores). Isso causou a perda de mais ou menos 1,5 milhão de toneladas em movimentação. Entretanto, o Porto do Itaqui negocia com a Petrobras para retomar essas operações.

“A Petrobras saiu desse processo e passou para que as importadoras independentes fi zessem isso. Mas agora com as negociações temos uma previsão que a partir de setembro, a BR Distribuidora retome essa importação direta. Temos expectativa que haverá melhoria também, o retorno na movimentação de carga de Entreposto, que é importante para o porto”.

O Porto do Itaqui tem uma grande capacidade e pode receber navios de porte de até 160 mil toneladas. Esses navios maiores transferem carga para navios menores de 30 a 40 mil toneladas, ai eles fazem o serviço de “cabotagem”, possibilitando a entrega de mercadoria para outras regiões.

“O Porto do Itaqui se habilita como um dos três principais portos brasileiros para importação. Muitos desses combustíveis vêm dos Estados Unidos. Pela localização, próximo a América do Norte se tem uma vantagem competitiva na questão do frete”, destaca o presidente da Emap.

O Porto do Itaqui atende cinco estados brasileiros com combustível: os da região do Matopiba e parte do Mato Grosso. “Nosso combustível já está chegando ao norte de Minas Gerais, de acordo com informação das distribuidoras. Chegamos, por exemplo, a Uberlândia e Uberaba, que é mais econômico trazer pelo Itaqui, descer de ferrovia até Palmas e de lá se leva de caminhão para toda essa região. Há uma dependência muito grande de outros estados do Porto do Itaqui para movimentação, por exemplo, de granéis líquidos, que são derivados de combustíveis, petróleo, querosene de aviação, diesel, conclui.

ECONOMIA DO ESTADO

Quase 35% do ICMS gerado para a economia do Maranhão é oriundo de produtos que entram pelo Porto do Itaqui, principalmente derivados de combustível, essa lista inclui trigo, cimento, fertilizantes e outros. “A maior arrecadação de ICMS é a de combustíveis e alimenta toda a cadeia de emprego, os postos, o agronegócio que demanda muito combustível também, então toda uma cadeia estimada em mais de 15 mil empregos diretos e indiretos são gerados pela atividade de carga é movimentada no Itaqui”, aponta Ted Lago.

De acordo com o presidente da Emap, o frete marítimo de grande volume, é outra vantagem para o estado, por ser bem mais competitivo do que o transporte de caminhão de outras regiões. “Por isso, em algumas regiões se paga combustível acima de R$ 4,00 por serem dependentes do frete terrestre. Claro que o aumento recente da carga tributária pelo governo federal teve um impacto no valor, mas o preço foi diminuindo e chegamos a ter combustível próximo a R$ 3,00. Realmente a escala de movimentação trazida por frete marítimo torna o preço mais competitivo que outros modais”.

Relação com outros portos

Os portos mais próximos ao do Itaqui são o Porto do Pecém no Ceará e Porto do Suape no Pernambuco, portos que receberam projetos importantes. O Pecém tem uma nova siderúrgica com investimento sul coreano que teve um aumento considerável de movimentação de carga. O Porto de Suape iniciou a operação da Refi naria Abreu e Lima que gerou um forte aumento na movimentação de granéis líquidos.

Segundo o presidente da Emap, o espírito com esses portos é colaborativo. “Nós recebemos recentemente equipes tanto do Porto de Suape, quanto no Porto de Pecém, para conhecer as nossas operações, nosso modelo de gestão. Estamos investindo em tecnologia para modernizar o sistema de controle de cargas, então esses portos têm feito visitas ao Itaqui para trocar conhecimentos, então muito mais do que competição direta, nós temos atividades complementares trabalhando sempre em comparação porque nosso objetivo é o desenvolvimento da região como um todo”.

Antes, os portos da região suldeste recebiam quase toda carga de grãos da região Arco Norte. Hoje mais de 50% da produção do país está na região que atendida pelo Porto do Itaqui. Antes não havia opção de escoamento para a região Norte. Investimentos no terminal da VLI e Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) permitiram a mudança na transferência de parte dessa carga pelo Itaqui. “Isso não só permite que quem já produz tenha custos menores de embarque na região do porto, mas permite também novas fronteiras agrícolas que anteriormente não tinham competitividade em função da distância do Porto de Paranaguá, e agora passam a ter opção pelo Porto do Itaqui”.

O Porto do Itaqui aumentou sua capacidade de movimentação para 9 milhões de toneladas por ano em granéis sólidos com o terminal da VLI e Tegram. Agora uma segunda fase do Tegram vai elevar essa capacidade para cerca de 14 milhões de toneladas. “Nós queremos ter até 2021 uma capacidade de exportação de R$ 20 milhões de toneladas, que mais que atenderia toda região do Matopiba e nossa área de exportação”. Para isso, está em andamento o projeto de expansão da pera ferroviária que aumenta a capacidade de carga.

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