Pesquisa, Ciência, Tecnologia e Inovação

Maranhão é o último em número de doutores por habitantes

Segundo os dados da Fapema de 2014, são apenas 17 para cada grupo de 100 mil habitantes

Reprodução

A produção do conhecimento, de inovações tecnológicas, de algo que seja capaz de transformar a realidade de um estado ou nação não é percebida em curto prazo. Alguém que se dispõe a passar grande parte da vida estudando e se qualificando se torna o agente dessa transformação, atuando tanto na produção, quanto na qualificação. Tempo e principalmente recurso financeiro são investimentos imprescindíveis para elevar a capacidade de desenvolvimento de um estado.

O Maranhão ocupa, segundo dados da Fapema (Fundação de Amparo à Pesquisa, Ciência, Tecnologia e Inovação – Secti) de 2014, o último lugar em número de doutores por habitantes. São apenas 17 por 100 mil habitantes. O estado do Piauí vem em penúltimo com 37 doutores.

De acordo com o diretor-presidente da Fundação, Alex Oliveira de Souza, muito está sendo feito para sair desse patamar a propósito dos investimentos em 4 linhas de ação e de programas que são operados por meio de editais: Mais Ciência, Mais Qualificação, Mais Popularização da Ciência e mais Inovação.

No ano passado, foram investidos 36 milhões e, para 2017, o Plano de Trabalho aponta 52 milhões, já incluídos os cortes feitos pelo governo federal.

Mas como perceber esses investimentos, como fazer isso dar retorno para o estado. Segundo Alex Oliveira de Souza, houve uma reorganização para acabar com o descompasso que havia entre o que era investido e como isso poderia ser aproveitado no estado do Maranhão.

“Estamos focando na indução da pesquisa, no que o Maranhão espera da pesquisa saindo de algo que pareceria não ser interessante, para uma pesquisa que está inteiramente voltada para transformar a realidade do Maranhão. Queremos investir nesse tipo de pesquisa, ou porque vai produzir diretamente inovação, ou porque vai produzir conhecimentos que serão necessários para que a gente chegue na inovação”.

Sobre investimentos e a linha de atuação do órgão, conversamos com o diretor-presidente. Confira a entrevista.

Como podemos perceber o processo de investimento na pesquisa?

A pesquisa tem uma dinâmica própria. Não é dada a resultados de curto prazo. É investimento a longo prazo na produção do conhecimento científico. E a produção não é algo palpável, algo que você inaugura, e também não é dada a leituras que sejam muito fixas, que sejam focadas em um determinado produto. Se você for analisar o investimento da ciência e tecnologia do Brasil em função das patentes que são criadas, você vai ter uma grande decepção. Mas, se analisar o investimento focado na produção de um conjunto de pesquisadores, na produção do conhecimento, aí você vai entender que quem tem mais mestres e doutores, que é o caso de São Paulo, é o que tem mais conhecimento científico e tecnológico. Produz mais conhecimento, mais inovação.

Qual a saída então?

É uma tarefa a longo prazo. O doutor se forma desde o ensino médio. Saímos de 40 bolsas para 180. A gente tem uma tarefa muito árdua de chegar a esse patamar, retomar o penúltimo lugar, que nem e tão fantástico, mas ainda assim temos mais que dobrar a nossa capacidade de investimento nessa área e nós estamos fazendo muito para ampliar a nossa produção científica.

Qual seria o ideal?

Não tem um ideal, mas quando você fala de 17 doutores por 100 mil habitantes, que é o dado que nós encontramos de 2014, estamos no último lugar da federação. O penúltimo, que é o Piauí, tem 37 doutores. E isso tem reflexo no índice de desenvolvimento humano, no desenvolvimento socioeconômico do estado, porque é baixo e isso compromete toda a nossa capacidade de inovação, de desenvolvimento científico e tecnológico.

O que está faltando?

Falta estudo para passar desse processo do conhecimento para a inovação. Mesma coisa com a mandioca. O Maranhão gosta, consome, mas importa. Muito pouco é produzido.Temos o melhor mel e não temos essa variação. Falta pesquisa. Falta fazer essa ponte. Vamos fazer edital para propor esse tipo de investigação.

Qual o retorno desse investimento?

Há uma dificuldade dessa percepção, mas as famílias percebem o retorno. Quando você faz investimento, esses meninos fazem uma diferença tremenda na casa deles. Retorno claro no dia a dia das pessoas. De forma prática, as empresas percebem porque o profissional tem uma percepção mais rápida na resolução dos problemas. É esse encadeamento que é mais difícil de ser percebido pela sociedade, mas eles estão visceralmente ligados. Ele volta modificando as formas de produção de consumo. Volta porque forma pessoas, e cotidianamente na forma de produção de consumo.

E o que está sendo feito?

Modificamos o sistema de fomento integralmente, reestruturamos todo o fomento em termos de linhas de pesquisa, programas e editais. A Fapema tinha só editais, mas nós precisávamos que esses editais pertencessem a programas e correspondessem aos objetivos das metas de governo, e precisava dizer quais eram as ferramentas e como elas poderiam trazer mudanças significativas para o Maranhão.

Este ano, lançaremos edital do mel e mandioca. Temos mel que é produzido só no Maranhão, como mel de Tiúba, e nós temos uma capacidade muito baixa de exploração econômica desse mel. Você não compra um própolis, um xarope do mel da Tiúba.

Sobre apoio a projetos em outros estados?

Importante ressaltar que nós tínhamos ante apoio a 14 projetos que ampliamos para 159 em outros estados. Nós apoiamos o Geison Pires Mesquita, finalista do Fame- Lab – programa britânico -,e o Felipe Costa, que está entre os 10 melhores do país. O Felipe foi fantástico e está trabalhando em um novo material para substituir o concreto. E isso só foi possível porque ele faz parte dessa mudança de termos projetos que podemos apoiar. Por exemplo, eu saio do eixo Rio-São Paulo e, às vezes, eu preciso estudar é com o Pará que, de vez em quando, tem as mesmas condições do Maranhão. É oportunidade que a gente abre para que os nossos estudantes possam estudar em outros estados.

E quando analisamos o Maranhão?

Temos que focar que possuímos 50 programas de pós-graduação entre mestrados e doutorados. Isso é muito pouco para sete milhões de habitantes.

Os cortes feitos pelo governo federal afetaram?

Muito. Hoje a Fapema é o maior investidor de ciência e tecnologia do estado do Maranhão. Para 2017, o Plano de Trabalho de R$ 52 milhões é mais amplo, tem parcerias com BNDS, Vale, mas já vem com os cortes que afetaram todo o Brasil.

 

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias