Operação Jenga

Esquema liderado por Pacovan desviou mais de R$ 200 milhões no Maranhão

A fraude foi revelada pela Operação Jenga, que foi deflagrada ontem pela Polícia Civil

Daniel Moraes / O Imparcial

O esquema de lavagem de dinheiro chefiado pelo empresário e agiota Josival Cavalcanti da Silva, o ‘Pacovan’, desviou mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos do Maranhão. De acordo com as investigações da Polícia Civil, por meio da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), Pacovan adquiriu ao menos cinco postos de combustível na capital para operar o esquema — e outros dois em Itapecuru-Mirim e Zé Doca. Os recursos eram desviados por meio de contratos fraudulentos firmados com diversas prefeituras do estado. Segundo as investigações, todos os postos de combustível estão em nome de “laranjas”.

A fraude foi revelada pela Operação Jenga, que foi deflagrada ontem pela Polícia Civil. Até agora, a polícia identificou 22 pessoas que estariam envolvidas no esquema criminoso, mas só conseguiu prender 18 – incluindo Pacovan e sua mulher, Edna Maria Pereira. Dentre os presos estão “laranjas” e dois contadores, identificados como Lourenço Bastos da Silva Neto e José Etelmar Carvalho Campelo. De acordo com o secretário Jefferson Portela, os contadores eram os responsáveis pelo aparelhamento do esquema.

Investigações começaram há um ano

Os 18 presos na primeira fase da Operação Jenga foram apresentados na tarde de ontem na Secretária de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), onde também foi realizada uma coletiva de imprensa para mostrar o balanço inicial da operação. O superintendente Tiago Bardal (Seic) revelou que as investigações começaram há cerca de um ano, quando foi notada uma “movimentação atípica” em alguns postos de combustível. Os postos, apesar de pequenos, acumulavam movimentações que passavam de R$ 2 milhões.

Bens apreendidos

A Justiça determinou o sequestro de todos os imóveis do empresário Pacovan, que é apontado como o chefe da organização criminosa. Entre as propriedades, estão três fazendas, quatro carros, casas e apartamentos – a maioria em nome de “laranjas” – totalizando onze imóveis de alto valor aquisitivo, adquiridos com recursos desviados de prefeituras. Os sete postos de combustível utilizados no esquema também foram lacrados e impedidos de funcionar. Em um depósito de propriedade de Pacovan, a polícia encontrou 61 caminhões. A suspeita é de que os veículos foram entregues a Pacovan como garantia do pagamento de dívidas, o que configura a prática de agiotagem.

Preso sete vezes em dois anos

O empresário e agiota Pacovan, líder da organização criminosa desmontada na Operação Jenga, é velho conhecido da polícia maranhense. Nos últimos dois anos, Pacovan foi preso sete vezes – sempre pelos crimes de agiotagem e lavagem de dinheiro. Questionado pela reportagem sobre o motivo de um criminoso reincidente ganhar tantas vezes o benefício de liberdade condicional, o superintendente Tiago Bardal foi sucinto: “o nosso serviço [da polícia] nós estamos fazendo”, afirmou.

Pacovan desobedeceu ordem judicial 200 vezes

Na última vez que foi solto, em março de 2016, Pacovan foi obrigado a utilizar uma tornozeleira eletrônica. Isso significa que ele era monitorado 24h por dia pela Justiça, e tinha que seguir várias regras: como, por exemplo, não sair de casa nos finais de semana, e não se afastar muito da área da sua casa. Mas, pelo visto, ele entendeu as determinações como simples sugestões. Por nada menos do que 200 vezes Pacovan desobedeceu a ordem judicial e se deslocou pela cidade como quis – possivelmente articulando o novo esquema criminoso que foi desmontado pela Operação Jenga.

Próxima fase

A próxima fase da Operação Jenga será focada em descobrir quais prefeituras do estado estão envolvidas no esquema, e quem foram os facilitadores. De acordo com Tiago Bardal, houve desvios oriundos, inclusive, de emendas parlamentares. Prefeituras e políticos serão investigados. Questionado por O Imparcial, o superintendente Bardal disse que a polícia já tem vários documentos, cheques e comprovantes, mas que não soltar mais informações para não atrapalhar as investigações.

Os números da operação

– 200 milhões de reais desviados

– 22 mandados de prisão expedidos pela Justiça

– 18 pessoas presas temporariamente

– 35 mandados de busca e apreensão

– 11 imóveis (3 fazendas, casas e apartamentos)

– 4 veículos apreendidos

– 7 postos de combustíveis lacrados

– 61 caminhões apreendidos (suspeita de agiotagem)

Veja a relação dos presos:
1 Samia Lima Awad
2 ThamersonDamasceno Fontenele
3 Simone Silva Lima
4 Josival Cavalcanti da Silva
5 Edna Maria Pereira
6 Rafaely de Jesus Souza Carvalho
7 Creudilene Souza Carvalho
8 Ilzenir Souza Carvalho
9 Adriano Almeida Sotero
10 Geraldo Valdonio Lima da Silva
11 Lourenço Bastos da Silva Neto
12 José EtelmarCarvalho Campelo
13Renato Lisboa Campos
14João Batista Pereira
15Kellya Fernanda de Sousa Dualib
16Manassés Martins de Sousa
17Jean Paulo Carvalho Oliveira
18 Francisco Xavier Serra Silva

Operação Jenga
O nome da operação é uma referência a um jogo de empilhamento chamado Jenga, em que uma peça retirada derruba toda a torre.
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