Entrevista com Marcelo Aragão

Bumba Meu São João: Um evento de muitas mãos

O Imparcial conversou com Marcelo Aragão, sócio-diretor da 4Mãos Entretenimento, produtora local do Bumba Meu São João, evento realizado entre 13 e 21 junho, sobre como se deu essa parceria público-privada e se ela vai se consolidar.

Marcelo Aragão, sócio-diretor da 4Mãos Entretenimento. (Foto: Reprodução)

Mais de 400 mil pessoas passaram pela Arena Castelão, no Bumba Meu São João, nos seis dias de evento (13 a 21 de junho), que encerrou com shows de Henrique e Juliano, Ávine e Zé Cantor.

O projeto, parceria inédita público-privada, foi considerada um sucesso pelos realizadores. Já o público em geral, com essa novidade, viu e aplaudiu grandes nomes locais e regionais da música, com acesso gratuito.

Com realização da MA produções, produção nacional da Vybbe e produção local da 4Mãos Entretenimento, o evento teve apoio do Governo do Estado do Maranhão e do Ministério do Turismo, e patrocínio dos Correios.

Em São Luís, O Imparcial conversou com Marcelo Aragão, sócio-diretor da 4Mãos Entretenimento, sobre essa parceria, o que vem por aí na área dos shows, e até mesmo do Marafolia, evento que o público maranhense não esquece.

Para Marcelo, foi uma honra ter sido convidado pela Vybbe (empresa de Fortaleza), que hoje gerencia a carreira artística de vários nomes da música brasileira.

“Para nós foi um grande desafio. Primeiro tipo de evento dessa natureza aqui no estado do Maranhão, uma parceria público-privada, que para a gente foi um grande aprendizado. A 4Mãos nunca tinha atuado nesse setor. A gente se especializou efetivamente em ser titular nos nossos projetos, todos eles eminentemente privados sem nenhum tipo de vínculo com o poder público. Mas para a gente foi uma grande escola. A gente se sente muito honrado pela 4Mãos ter sido lembrada pela Vybbe para fazer parte desse projeto, e também muito agradecido por entender o quanto foi importante a atuação do Governo do Estado”.

CONFIRA O BATE-PAPO

  • O Imparcial – Marcelo, como se deu essa parceria público privada?

Marcelo Aragão – É importante que se diga que o Governo do Estado não entrou com nenhum tipo de investimento em dinheiro. Na verdade, foi um apoio institucional, com cessão do local. E ali, sim um grande desafio também, porque foi um local que inicialmente ninguém acreditava ser possível de se realizar um evento dessa magnitude. Nós recebemos, durante os seis dias de evento, quase 400 mil pessoas. Tivemos a gestão e a produção artística de 23 atrações nacionais, 6 atrações locais, que também contribuíram de maneira muito bonita para que o evento transcorresse da maneira linda. Outro ponto muito importante que tem que se falar foi o comportamento do público de São Luís. Eu acho que isso foi fundamental. Foram seis dias de evento sem nenhum tipo de intercorrência. Então, foi um evento de paz, de alegria, de celebração, de muita harmonia como um todo.

  • OI – Qual a projeção que esse evento pode trazer?

MA – Nessa cadeia produtiva a gente teve ativação econômica também, com o comércio informal, com as oportunidades que foram geradas ali de emprego e renda, com o projeto Mais Renda do Governo do Estado que esteve lá, também com os catadores de lata, de recicláveis. Então, assim, a gente viu o quão benéfico foi esse evento. A gente fez parte, de literalmente, transformar o São João do Maranhão nesse título de maior São João do mundo. A gente já sabia que a gente já fazia o maior São João do mundo, e fazer parte disso, trazendo também para o nosso São João agora, essas grandes atrações nacionais, inaugurando mais um local, dentro desses vários que São Luís e que todo o estado do Maranhão celebra no mês de junho, eu acho que para a gente foi muito gratificante. Acho que iniciamos com o pé direito uma jornada que não para por aí.

  • OI – Você acha que cabia durar mais um pouco? Esse tempo foi suficiente?

MA – Foi um tempo mais que suficiente. Até porque a gente tem ainda mais não sei quantos dias de São João no estado, né? Acho que até o final do mês de julho nós ainda teremos diversos arraiais, diversas festas, diversas manifestações ao longo do estado como um todo. Então, eu acho que para aquela particularidade, para aquela peculiaridade, para aquele formato de apresentação artística, os seis dias realmente foram suficientes para esse primeiro ano. Falando em ano que vem, acho que está muito cedo para a gente planejar, mas fatalmente, talvez fatalmente, talvez a gente entenda que no primeiro ano de São João, de Bumba meu São João, eu acho que foram completamente satisfatórios esses 6 dias.

  • OI – E já aproveitando o gancho do carnaval, tu sabes que muito perguntam sobre o Marafolia. Alguma possibilidade de uma volta?

MA – Eu acho que o Marafolia, enquanto iniciativa privada é fora de cogitação. Um evento da magnitude que o Marafolia teve, com aquela dimensão, com hoje o impacto que a gente poderia causar, enquanto evento privado no dia a dia da cidade, sem um apoio institucional do governo, sem essa titularidade do governo, é praticamente impossível. A gente não tem nenhum tipo de planejamento privado para fazer algo daquela magnitude. A gente tem um evento realizado todo mês de março que é o Vombora, uma parceria com a Núcleo 55, uma empresa do Bell Marques. É uma micareta, literalmente, que inclusive este ano realizamos em dois dias, com várias atrações da Bahia, no estacionamento do São Luís Shopping. O nosso projeto privado de micareta continua sendo o Vombora. Se vai ter Marafolia, ou se não vai ter, um evento com aquela formatação, com aquele tipo de proposta, aí é muito mais uma iniciativa pública do que nossa, propriamente dita. Se a gente for convidado a participar a gente tem muito para contribuir com a cidade, até porque a gente tem uma expertise de mais de 22 anos, nesse ramo. São 34 anos de produção de grandes eventos. A gente pode contribuir sim, mas a princípio eu posso adiantar que não existe nenhum tipo de conversa nesse sentido.

  • OI – E o que vem aí, em termos de grandes shows no segundo semestre?

MA – A gente tem agora o SPC, o projeto da turnê do último encontro do Só Para Contrariar, essa despedida deles dos palcos, dia 6 de julho, no estacionamento do São Luís Shopping. Em agosto nós temos o Samba Brasil, dois dias este ano. Já é a terceira edição desse festival que acontece em nove capitais do país e a gente tem a honra de realizar aqui já pelo terceiro ano consecutivo, nos dias 24 e 25 de agosto com 6 atrações nacionais. Temos também em setembro, o Soweto 30 anos, a volta do Belo pro Soweto também, uma turnê também nacional que a gente tem a honra de trazer para São Luís, e ao longo de outubro, novembro e dezembro temos alguns eventos também planejados ainda guardado a sete chaves.

  • OI – A 4Mãos tem trabalhado na diversificação dos estilos musicais?

MA – Ano passado, em dezembro, a gente fez a turnê de despedida do Titãs, que foi em 2023. Em 2022, a gente teve a honra de fazer a turnê de despedida do Skank. Eu costumo dizer que a 4Mãoes não tem uma chancela, como: ela só faz o sertanejo, ela só faz o forró, ela só faz o samba, ela só faz o pop rock, ela só faz MPB. A gente tem, por exemplo, dia 20 de julho, o Jorge Vercilo no Centro de Convenções. Ano passado a gente trouxe o Ney Matogrosso. Ano retrasado trouxemos o Vintage, e agora estamos trazendo o Alok para Imperatriz. Tivemos o Pedro Sampaio, com o Natan, no Receba, em 2022. Então, a gente vive da música sem nenhum tipo de rótulo, eu acho que esse é o grande segredo da 4Mãos. A gente quer fazer as pessoas vivenciarem a felicidade. A gente diverte, emociona, surpreende, encanta as pessoas através da música, através de uma entrega de excelência, de uma busca em surpreender realmente e encantar as pessoas a cada novo projeto desenvolvido pela gente. Eu costumo dizer que o melhor projeto da 4Mãos é o que está por vir, porque a gente sempre aprende com o último que a gente realizou. Isso nos dá bagagem para a gente corrigir erros, evoluir nos processos e de certa forma, apresentar novidades que façam com que memórias sejam guardadas através daquilo que a gente realiza com muita propriedade, com muito carinho, com muito amor, que são esses grandes shows, esses grandes festivais, essa música em forma de felicidade, alegria e emoção.

  • OI – E você se emociona quando fala disso…

MA – Eu sou um eterno apaixonado. Eu sou muito grato por realmente me divertir todo dia. Na verdade, isso aqui não é trabalho. A gente diverte pessoas e se diverte justamente com grandes desafios. Não vou mentir que existem angústias, dúvidas, incertezas, mas todas elas superadas com muito trabalho, com muito afinco, com muita realização e com muito resultado, justamente nisso que a gente promove na vida das pessoas, que é talvez o grande diferencial que faz com que a gente permaneça durante tantos anos, mais de três décadas no mercado, com essa reputação cada vez melhor, com o apoio da imprensa, com o apoio das instituições. Acho que no Bumba Meu São João eu não posso deixar de agradecer a galera da SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte), da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Secretaria de Saúde, da Secretaria de Meio Ambiente, da Promotoria do Meio Ambiente, da Secretaria de Infraestrutura, da Secretaria de Cultura. A gente tem que ter a humildade suficiente para dizer que tudo isso que a gente faz, seja nos eventos privados e agora nessa exceção da gente da parceria público-privada, gente não conseguiria andar um passo se não fosse com uma construção gigantesca de esforços de milhares de pessoas. Não só o nosso público, mas todos aqueles colaboradores que a gente tem, os fornecedores que nos atendem, os parceiros de bar, de infraestrutura, então, é muita gente. Realmente, é uma grande rede que faz com que tudo aquilo realmente possa se tornar realidade e ser algo possível. A gente não faz nada disso sozinho. A 4Mãos é na verdade milhares de mãos que convergem para que tudo aquilo seja concretamente realizado.

  • OI – Outro grande evento é o carnaval. O Maranhão entrando no eixo nacional de grandes eventos?

MA – O carnaval é um grande sonho, né? Eu acho que o carnaval do ano passado, o projeto do Governo do Estado foi um uma quebra de paradigmas. A volta de eventos públicos na Avenida Litorânea… A gente já tem um circuito consagrado que é o circuito Beira Mar. Eu acho que São Luís se se coloca definitivamente como, tanto São Luís, quanto o estado do Maranhão, como uma capital de grandes eventos, como Fortaleza já é, como Recife, como Salvador, como Rio de Janeiro, como Belo Horizonte, como São Paulo… e São Luís se coloca como um grande destino turístico para o brasileiro, para o estrangeiro vir conhecer as nossas riquezas culturais, através também da inserção dos grandes eventos, dos grandes artistas em eventos em calendários muito próprios que o Brasil tem, e que chama muita atenção, não só dos brasileiros, mas também dos turistas estrangeiros. Então, eu acho que os projetos, tanto da Prefeitura, quanto do Governo do Estado, vêm consolidando São Luís e o estado do Maranhão como um grande destino para as pessoas terem no seu radar, para virem curtir essas grandes datas de festividades do nosso calendário nacional. Também coloca São Luís como rota de consumo dessa indústria turística brasileira.

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