Tambor de Mestre Felipe celebra 50 anos
Evento comemorativo acontecerá no dia 6 de maio na Casa do Tambor de Crioula.
A cultura popular maranhense celebra no próximo dia 6 de maio os 50 anos do Tambor de Crioula de Mestre Felipe, manifestação popular que carrega a tradição das rodas de tambor de crioula trazidas do povoado Tabocas, em São Vicente Férrer, município da Baixada Maranhense.
Para comemorar esse marco histórico será realizado o Encontro de Mestres e Mestras de Tambores de Crioula de São Luís do Maranhão com o tema: “Tambor de Crioula: o que permanece e o que se modifica em sua história”, a partir das 14h, na Casa do Tambor de Crioula, na Praia Grande.
A programação apresenta a Roda de Conversa com Mestres e Mestras do Tambor de Crioula e, logo em seguida, a partir das 18h, Roda de Tambor de Crioula, para celebrar com muita dança e alegria.
A ideia do encontro é promover o diálogo entre mestres e mestras, reverenciando os fundamentos do tambor de crioula do Maranhão, discutindo as mudanças que já aconteceram e trazendo também o resgate da trajetória da Turma de Mestre Felipe.
“É com espírito de refletir sobre a dinâmica histórica e estimular a preservação cultural que estamos comemorando os 50 anos da Turma de Mestre Felipe, conectados à transmissão de seus fundamentos para futuras gerações, assim como na manutenção de seu sotaque, o Tambor de Crioula tocado sem matraca.”, explicou Marco Aurélio Haikel, integrante da coordenação do Tambor de Mestre Felipe.
Para participar do encontro foram convidados grupos da grande ilha, entre eles Tambor de Crioula Prazer de São Benedito (Mestre Apolônio); Tambor de Crioula Milagre de São Benedito (Seo Antoninho); Tambor de Crioula Amor de São Benedito (Fé em Deus); Tambor de Crioula Poderoso Padroeiro da Liberdade (Mestre Leonardo); Tambor de Crioula do Taim e Tambor de Crioula de Dona Nilza.
“Será uma oportunidade de ouvir esses mestres. Saber de suas contribuições para a permanência das grandes turmas é fundamental para a continuidade e permanência. Será um momento de muitas trocas”, afirmou Sergio Costa, discípulo de Mestre Felipe e integrante do grupo de coordenação do Tambor de Mestre Felipe.
As comemorações seguem também pelo mês de junho, dando as boas-vindas às festas juninas e em comemoração aos 99 anos de Mestre Felipe e ao seu legado. No dia 10 de junho será realizado o “Tambor de Porta de Rua”, na Vila Conceição, bairro Coroadinho. A festança, liderada pelo seu filho Zé Raimundo e família, é aberta ao público, começa às 10h e promete durar o dia todo.
As atividades contam com a parceria da Secretaria de Estado da Cultura (Secma), da Casa do Tambor de Crioula e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Sobre o Tambor de Crioula do Mestre Felipe
Em meados da década de 1960, Mestre Felipe e sua esposa, Dona Mundica, fixaram residência em São Luís do Maranhão. O costume trazido do povoado Tabocas, em São Vicente de Férrer, clamava pela continuidade das Rodas de Tambor de Crioula entre parentes e amigos residentes na capital maranhense.
No início dos anos 1970, grande contingente migratório da região Baixada Maranhense se instalou na região hoje compreendida pelo Bairro de Fátima, Liberdade, Fé em Deus, Caratatiua, Monte Castelo e uma década depois, na região onde estão localizados o Sacavém, Coroadinho e adjacências.
Em 1972, Mestre Felipe e conterrâneos se reuniam na porta de casa para brincar Tambor de Crioula, ocasiões em que bebidas e comidas eram servidas por intermédio da doação daqueles que chegavam para brincar junto. Assim surgiu o título de Tambor de Porta de Rua.
Um ano depois, em maio de 1973, Mestre Felipe sentiu segurança em realizar uma Festa de Tambor noite toda, tal qual sua memória clamava, quando lembrava dos saudosos momentos no povoado Tabocas junto de sua avó Dona Inésia, a matriarca da famosa Turma de Tambor de Nhá Inésia.
Essa marca histórica foi a escolhida por Mestre Felipe para considerar a fundação de seu grupo ou como ele mesmo preferia denominar, baseado em sua história familiar, a Turma de Mestre Felipe, batizada de Tambor de Crioula União de São Benedito, atualmente considerado pessoa jurídica.
Mestre Felipe faleceu em julho de 2008 em São Luís. Seus ensinamentos e o legado do tambor de crioula criado por ele continuam vivos, passando de geração a geração.