INDÚSTRIA CRIATIVA

PIB da cultura do Maranhão gerou mais de R$ 1 bilhão

Estado contribuiu com 0,38% do PIB da economia da cultura e das indústrias criativas do Brasil, revela pesquisa Observatório Itaú Cultural

Eduardo Saron presidente da Fundação Itaú instituição à qual o Observatório Itaú Cultural (Foto: Divulgação)

A economia da cultura e das indústrias criativas (ECIC) do Brasil movimentou em 2020 um total de R$ 230,14 bilhões, o que equivale a 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. No mesmo período, o  Maranhão contribuiu com 0,38% por conta do investimento de 848 empresas que atuam no segmento.  

Ou seja, as empresas criativas do estado do Maranhão geraram em 2020 mais de R$ 1 bilhão em receita e cerca de R$ 220 milhões em lucros.  O dado foi divulgado no último dia 10 pelo Observatório Itaú Cultural, que desenvolveu uma nova metodologia para mensurar os impactos do setor em todo o país, com base em microdados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda no que se refere aos números do Maranhão, a pesquisa revelou que as categorias setoriais que compõem mais de 75% da quantidade de empresas criativas são: Publicidade e Serviços Empresariais (26% do total); Moda (25%); Demais Serviços de Tecnologia da Informação (13%) e Cinema, Rádio e TV (12%).

Vale ressaltar que o PIB da economia da cultura e das indústrias criativas em todo o Brasil, ultrapassou outros setores muito importantes para a economia brasileira, como o automotivo, que respondeu por 2,1% das riquezas do país em 2020. Ele também ficou pouco abaixo de outro setor muito importante para a economia do país, o de construção, que correspondeu a 4,06% do PIB em 2020.

De acordo com Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, instituição à qual o Observatório Itaú Cultural está integrado mapear essas informações estado por estado foi o primeiro passo em pensar o país com políticas públicas mais integradas, mais articuladas para manter um diálogo mais orgânico com todos que fazem parte desta cadeia produtiva.

“O primeiro entendimento que as indústrias culturais da economia criativa não podem ser encaradas como algo só do universo das secretarias estaduais e municipais de cultura. Ela precisa ser percebida como algo matricial ao conjunto das políticas públicas e ao conjunto dos governos”, disse Eduardo Saron.

“Cultura, arte, economia da cultura das indústrias criativas é um tema que todo governo precisa se localizar, porque ele tem um impacto naturalmente do ponto de vista relevante, mas ele tem um impacto de desenvolvimento econômico do estado. Por exemplo, a educação precisa observar mais e melhores cursos técnicos e qualificação profissional para atender essa demanda  reprimida. Nós estamos falando de 7,4 milhões empregos que foram gerados em mais de 130 mil empresas nesse período”, ressaltou Eduardo Saron, durante entrevista coletiva, na sede do Itaú Cultural, em São Paulo. 

O setor da economia da cultura e indústrias criativas engloba segmentos como moda, atividades artesanais, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio.

“Quando a gente pensa em uma agenda cultural para o estado ou município a gente tem que pensar também sobre o aspecto de geração de receita para o município e para o estado com vista para o turismo, gastronomia e tantas outras coisas. O que primeiro temos que entender de saída é que esse segmento precisa ser tratado no conjunto do segmento dos governos e não apenas só pelo secretário de cultura e das indústrias criativas dos locais”, reforçando que se faz necessário ser uma ação matricial das políticas públicas dos governos.  

Para Leandro Valiati, pesquisador que foi um dos responsáveis pelo  desenvolvimento da nova metodologia para medição do PIB do setor, um dos pontos principais a ser levado em consideração está relacionado à necessidade de regulação.

“O que eu considero como regulação? É a capacidade de enxergar onde eu posso alocar o incentivo público não só para cultura, mas na relação cultura, tecnologia e novo mundo do trabalho. Eu acho que isso é um tema fundamental para preparar a economia brasileira como um todo, não só apenas  os setores culturais e criativos,  como também estar dentro desta dimensão para um novo sistema de produção de consumo que já existe. Oferecer informações qualificadas para embasar decisões do ponto de vista da regulação é fundamental”, afirmou Valiati dando como exemplo o somatório da atividade no incentivo público para o desenvolvimento econômico. 

“Esses números mostram o potencial econômico dessas atividades e o espaço que essas atividades têm no escopo de fomento público do Brasil. E no escopo de políticas para o desenvolvimento do setor há um descompasso, quer dizer, há necessidade de aprofundamento dessas medidas de maneira proporcional à importância para o PIB”, ressaltou Valiati.

Metodologia

O PIB da economia da cultura e das indústrias criativas do Observatório Itaú Cultural foi elaborado a partir do critério de renda, o que engloba massa salarial, massa de lucros e outros rendimentos auferidos por empresas e indivíduos no país. Para criar essa metodologia, foram utilizados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e o histórico de prestação de contas da Lei Rouanet.

A metodologia foi desenvolvida durante um ano e meio por um grupo de pesquisadores liderado por Leandro Valiati, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Os dados de 2021 e de 2022 ainda não foram divulgados porque aguardam atualização da base de dados do IBGE.

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