Dever de Casa

Ameaças e boatos mudam a rotina nas escolas

Governo federal, estadual e municipal se mobilizaram para criar planos e estratégias pra garantir a segurança no ambiente escolar.

Desde o ataque a uma creche em Blumenau (SC) que deixou quatro crianças mortas no dia 5 de abril, provocou uma série de mudanças no país, no tocante à segurança nas escolas. (Foto: Reprodução)

As ameaças de ataques às escolas e os boatos que surgiram sobre o tema, eclodidos no Brasil desde o ataque a uma creche em Blumenau (SC) que deixou quatro crianças mortas no dia 5 de abril, provocou uma série de mudanças no país, no tocante à segurança nas escolas, rotinas escolares, e abriu a discussão sobre o uso indiscriminado das redes sociais por crianças e adolescentes, a atenção ao conteúdo disponilizado por sites e plataformas, e ainda a relação de pais e/ou responsáveis no acompanhamento do comportamentos de crianças e jovens em casa e na escola.

Governo federal, estadual e municipal se mobilizaram para criar planos e estratégias pra garantir a segurança no ambiente escolar, inibir qualquer ação criminosa e impedir que boatos e fake news se espalhem gerando medo e pânico na população.

No âmbito federal, no último dia 11, o Ministério da Justiça lançou um edital de chamamento público onde secretarias de segurança de estados e municípios, ou equivalentes, poderão apresentar projetos em seis diferentes áreas temáticas para ampliar o programa de segurança nas escolas. A medida já havia sido anunciada na semana passada, após o massacre ocorrido em uma creche de Blumenau (SC).

O Governo Federal também informou que o Ministério da Justiça prepara a publicação de uma portaria que trata sobre responsabilidades e obrigações das plataformas, dos meios de comunicação eletrônica, dos provedores de conteúdo e de terceiros sobre moderação ativa para conteúdos violentos na internet e outros meios.

No estado, a Polícia Civil, por meio do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos da SEIC, orienta sobre as recentes ameaças de massacres escolares. Segundo a instituição, é preciso ter cuidado com o chamado “Efeito Contágio”, pois uma vez que se propaga nas redes sociais áudios, textos e fotos sobre possíveis ataques, infratores de fato podem se sentir inspirados à concretização das ameaças.

Nesta semana, um trabalho da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) integrada com todas as forças de segurança resultou em 15 apreensões de adolescentes no estado e um outro sendo investigado. Nenhum ataque a escolas no Maranhão foi registrado.

Os adolescentes foram apreendidos na Grande Ilha e também nos municípios de Bequimão, Caxias, Governador Nunes Freire e Barra do Corda. Também houve apreensões nos estados de São Paulo e Goiás, em uma operação conjunta com as polícias dos respectivos estados. Por decisão judicial, cinco já foram internados em unidades de ressocialização. As medidas determinadas pelo Estatuto da Criança e Adolescente estão sendo aplicadas.

Como deve ser a relação entre família x escola

No município de São Luís, a Prefeitura instituiu o Gabinete de Segurança Escolar, que tem, entre as ações, atuar na prevenção e combate a situações de insegurança nas escolas.

Em uma reunião de articulação com parceiros e forças de segurança, foram discutidas temas como a construção do protocolo de segurança nas escolas, a ampliação do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e a possibilidade de que as denúncias sejam encaminhadas e centralizadas no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) para que sejam geradas estatísticas.

Também foi reafirmada a importância da comunicação entre as rondas escolares do Estado e do Município.

Relação família x escola

Era 27 de março, horário escolar, quando um aluno na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na Zona Oeste de São Paulo, realizou um ataque com faca na unidade de ensino, que culminou com a morte de uma professora e deixou outras 5 pessoas feridas.

Em seguida, o que houve foi uma onda de ameaças às escolas e profissionais da educação do Brasil, disseminadas e propagadas nas redes sociais, que, brincadeiras ou não, boatos ou não, reacenderam a discussão sobre o acompanhamento dos pais em relação aos filhos.

Afinal de contas, era algo que poderia ter sido evitado? Qual papel da família e da escola na construção do caráter de um ser humano? E como fazer o controle do que está sendo acessado na internet?

Conversamos com a Gestora Pedagógica do CEM Almirante Tamandaré, Simone Silva Santos Pereira, que disse que a família e a escola têm papéis essenciais na formação do caráter de um ser humano.

A família é responsável por transmitir valores, princípios e limites que orientarão a conduta da criança desde cedo. Já a escola tem o papel de complementar essa formação, oferecendo conhecimentos e habilidades que contribuirão para o desenvolvimento integral do indivíduo.

“A escola e a família devem trabalhar em conjunto para criar um ambiente saudável e acolhedor para a criança ou adolescente. É importante que eles sejam orientados e incentivados a se comunicar de forma aberta e honesta, criando um espaço de diálogo que favoreça a resolução de conflitos e o desenvolvimento emocional. Além disso, é importante que a escola crie atividades que promovam a convivência, o respeito e a solidariedade, ajudando os alunos a desenvolver habilidades sociais e emocionais”, disse.

Para a educadora, as escolas devem aproveitar a oportunidade para reforçar e trabalhar o tema do bullying, criando um ambiente seguro e acolhedor para as vítimas de bullying, e ainda promovendo atividades que incentivem a empatia, a cooperação e a tolerância.

“Os sinais de bullying podem variar de acordo com a idade e personalidade da criança, mas alguns indicadores comuns são mudanças repentinas de comportamento, isolamento social, tristeza, falta de apetite, problemas de sono, entre outros. A escola deve estar preparada e capacitada para lidar com o comportamento violento e bullying, com políticas de prevenção e intervenção adequadas”, completou a educadora.

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