No Dia da Poesia, escritores maranhenses mantêm a tradição da arte literária
O Imparcial resgatou o legado dos autores clássicos e apresenta a nova ‘safra’ de escritores que levam adiante a tradição poética maranhense
O Dia Mundial da Poesia, 21 de março, logo nos traz à memória os nomes de alguns dos maiores literatos da história: Shakespeare, Neruda, Drummond de Andrade, Luís de Camões, entre outros tantos.
O Maranhão também conta com representantes importantes do fazer poético, como Bandeira Tribuzi, Maria Firmina dos Reis, Nauro Machado, Gonçalves Dias, Sousândrade e muitos outros.
O Imparcial resgatou o legado de alguns deles, e apresenta a nova ‘safra’ de escritores que levam adiante a tradição poética maranhense. Confira!
Bandeira Tribuzi
“Ó minha cidade / Deixa-me viver / que eu quero aprender / tua poesia / sol e maresia / lendas e mistérios / luar das serestas / e o azul de teus dias”.
Assim tem início a “Louvação a São Luís”, que se transformou no hino oficial de São Luís, terra natal e paixão de José Tribuzzi Pinheiro Gomes, poeta, economista e jornalista prestigiado.
O escritor foi “um poeta de reconhecimento nacional, músico e jornalista engajado nas lutas políticas e sociais do nosso Estado”, lembra José Ribamar Ferreira Junior, pesquisador e pós doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), responsável por realizar um resgate da memória do poeta com documentos disponibilizados pela família.
Maria Firmina dos Reis
Nascida em São Luís a 11 de outubro de 1825, filha e neta de duas escravas alforriadas, Maria Firmina dos Reis iniciou a vida pública em 1847, ao ser aprovada em concurso público para professora na vila de São José de Guimarães, no município de Viamão.
Teve como tio o professor, gramático e filólogo Sotero dos Reis, do lado branco da família, atuante nos círculos das Letras na capital maranhense. A professora foi presença constante na imprensa local, publicando poesia, ficção, crônicas e até enigmas e charadas em jornais como O País, Pacotilha, O Federalista e outros.
Segundo o historiador Morais Filho, ao se aposentar, no início da década de 1880, Maria Firmina fundou a primeira escola mista e gratuita do Maranhão e uma das primeiras do país, na localidade de Maçaricó. O feito causou grande repercussão na época e a obrigou a suspender as atividades após dois anos e meio.
Quando sozinho estiver
In Cantos à beira-mar e Gupeva. 1a Edição atualizada 2017, p. 104, 105
Aí à noite a cismar
De minha terra, sequer
Não há de brisa passar,
Que agite todo o meu ser,
Com seu macio ondular…
Entre palmeiras e sabiás
Além dos autores maranhenses consagrados que conquistaram seu espaço durante a história, há também grandes escritores na atualidade, gente que se propõe a ensinar, inspirar e encantar com seus versos.
Willame Belfort
Membro imortal da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil, o pianista, compositor erudito e poeta Willame Belfort tem em seu currículo trabalhos com artistas nacionais e internacionais da música clássica.
O escritor utiliza as redes sociais para difundir e democratizar o acesso a textos autorais e eventos de amigos ou conhecidos do campo literário. Segundo ele, “não basta apenas incentivar a ler, tem que incentivar a escrever também.”
“O que ocorre é que as pessoas não são estimuladas a apreciar a forma poética e sua construção, e tão pouco percebê-la em sua vida. Desnecessário é a abstenção desta no processo de formação do indivíduo”, completou.
Willame acredita que a poesia é um gênero literário pouco explorado na formação escolar, e quando abordada é de forma enfadonha. “As regras devem ser apresentadas depois, o que se deve trabalhar é a materialização da expressividade do indivíduo e a descoberta do olhar sensível e atento“, argumenta. A expressividade se mostra em verso do autor:
Joaquim Gomes
Para o mestre em Teoria Literária e professor universitário em São Luís, Joaquim de Oliveira Gomes, a Literatura sempre foi um modo de compreender a vida.
É do/no encontro do texto ficcional com as suas representações, que o homem opera a sua sensibilidade (emoção) e se faz refletir.
O fundador da Academia Vianense de Letras (AVL) guarda dois livros de poesias para serem publicados em 2023. Um deles dialoga com o “amor” e sua relevância na perspectiva do amor para os jovens, e o outro conversa com as carências sociais do mundo. Na prosa, é autor de “O jabuti que falava inglês” e “O jabuti internauta”.
Como professor da rede estadual de ensino, Joaquim diz que procura desfazer os “desertos”, as dificuldades de leitura do texto poético, apresentando temas atuais e autores contemporâneos. Em sua visão, os concursos, saraus, performances e apresentações poéticas são instrumentos para manter a Poesia viva.
E aí, deu vontade de ler os antigos e novos autores em seus versos? O Imparcial vai aproveitar e finalizar com um versinho:
“Para ler poesia e prosa em jornal, só lendo O Imparcial…”