VACINA JÁ

Brasil pode imunizar 100% da população antes dos EUA

Dados da Universidade de Oxford mostram que o país tem se esforçado para compensar a demora no início da vacinação

(Foto: Ruy Barros)

O Brasil tem intensificado o ritmo da vacinação contra a Covid-19 ao longo das últimas semanas, tanto que muitos Estados já estão imunizando os brasileiros a partir de 18 anos de idade. A cobertura vacinal dos adultos mais jovens, inclusive, fez com que o Brasil passasse a registrar índices recordes de doses aplicadas diariamente. Isso nos deixa mais próximos de fornecer a primeira dose para todos os adultos, antes mesmo dos Estados Unidos.

Informações reunidas pelo projeto Our World in Data, conduzido pela Universidade de Oxford, mostram que o Brasil tem se esforçado para compensar a demora do início do processo de vacinação, que só aconteceu em janeiro deste ano.

Nos últimos dois meses, mais de 1 milhão de pessoas foram vacinadas por dia. Desde 11 de agosto, o país é o terceiro que mais aplica doses no mundo, perdendo apenas para China e Índia, sendo que de 17 a 19, data em que as estatísticas do Brasil foram atualizadas pela última vez, pelo menos 2 milhões de doses foram distribuídas à população em cada um dos dias.

O número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra a Covid-19 no Brasil chegou ontem a 122.830.226, mais de 74% do total de pessoas com 18 anos ou mais no país. Caso o Brasil consiga manter a quantidade de doses aplicadas diariamente acima dos 2 milhões, em no máximo 21 dias os cerca de 41,6 milhões adultos que ainda faltam ser atendidos receberão a primeira dose.

Nas últimas 24 horas, 454.160 pessoas receberam a primeira aplicação da vacina, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto a secretarias de 26 estados e Distrito Federal.

Mesmo tendo iniciado a campanha de imunização um mês antes do Brasil, os Estados Unidos levarão mais tempo para chegar à marca de 100%, considerando os parâmetros atuais de vacinação no país. Segundo o Our World Data, desde 13 de abril, quando atingiu a impressionante marca de quase 3,4 milhões de vacinas aplicadas, a quantidade de imunizantes distribuídos diariamente vem caindo.

A última vez que os EUA conseguiu usar mais de 1 milhão de doses no mesmo dia foi no feriado da Independência, em 4 de julho, e nos últimos sete dias a média de imunizantes aplicados foi de 789 mil.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, ao menos 188,6 milhões de norte-americanos com mais de 18 anos já iniciaram o esquema vacinal, o que significa 73% da população do país nessa faixa etária. A seguir o patamar de imunização observado recentemente, o país levará mais 88 dias — quase três meses —, para aplicar a primeira dose em todos os 258,4 milhões de adultos.

Os motivos

Infectologista do Hospital de Águas Claras, Ana Helena Germóglio, diz que o Brasil conseguiu ultrapassar os norte-americanos devido à cultura de cada país em relação às vacinas. Mesmo com mais doses à disposição para os seus habitantes, os Estados Unidos têm de lidar com o negacionismo de boa parte de sua população em relação aos imunizantes, o que compromete o avanço da campanha de vacinação.

“O brasileiro e os latinos, em geral, são acostumados com vacinas e entendem a importância da imunização. Enquanto nos Estados Unidos há uma corrente forte antivacina, isso não se vê no Brasil”, comenta.

O fim da exigência de se fazer um prévio agendamento para o atendimento é outro fator que contribui para o país ter intensificado a quantidade de doses aplicadas. Quem não tinha acesso à internet, por exemplo, acabava perdendo a oportunidade de se imunizar.

“Temos de dar chances para todos serem vacinados. Aqui, as pessoas querem tomar a vacina. Apesar do atraso, era apenas questão de tempo para que as doses estivessem à disposição nos postos e, de lá, fossem para os braços dos brasileiros”, diz Ana Helena.

Apelo

Especialistas fazem o apelo para que os brasileiros não percam a oportunidade de se vacinar. “Os estudos mostram que, com a primeira dose de vacina, a pessoa já tem um grau de proteção contra a infecção pelo vírus, e mesmo pegando a doença, tem menor risco de adoecer gravemente, e também menor transmissibilidade, proteção que se amplia com a segunda dose”, destaca a infectologista do Hospital de Base Magali Meirelles.

“A cobertura ampla da população adulta com pelo menos uma dose é um passo importante no controle da pandemia, e consequentemente na redução da sobrecarga do sistema de saúde”, completa Magali.

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias