ELEIÇÔES

Bolsonaro diz não ter provas sobre fraude nas eleições, apenas indícios

Presidente fez transmissão na internet para comprovar falhas nas urnas eletrônicas, mas não entregou provas. “O crime só se desvenda com vários indícios”, disse

Foto: Alan Santos/PR.

O presidente Jair Bolsonaro promoveu uma cerimônia, na noite desta quinta-feira (29/7), na qual prometeu apresentar as provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas. Contudo, durante o evento, ele comentou que “não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”.

O presidente afirmou, apenas, ter “vários indícios de irregularidades” ainda em “fase de aprofundamento”. “O crime só se desvenda com vários indícios, e eu vou apresentar vários aqui”, comentou Bolsonaro.

“Alguns em fase de análise, outros extraídos da própria imprensa brasileira e outros também de pessoas que no dia das eleições foram votar e o nome do seu candidato não apareceu na tela. Por incrível que pareça as reclamações só tinham uma mão, queriam votar no 17 e aparecia nulo ou automaticamente o 13. Quem queria votar no 13 não aparecia 17 e nem nulo. Então, são indícios e mais indícios”, acrescentou.

Durante o evento, o presidente mostrou vídeos publicados na internet de eleitores reclamando que a urna não registrava corretamente os votos e também de um desenvolvedor de sistemas simulando uma urna eletrônica virtual, na qual ele programava o aparelho para fraudar votos a favor de um candidato fictício.

Também foram apresentadas reportagens jornalísticas de 2008 e 2012 sobre denúncias de irregularidade nas eleições municipais de Caxias (RS).

Voto auditável

Bolsonaro defendeu a implementação de um voto auditável a partir do ano que vem, por afirmar que a urna eletrônica, por si só, não é segura o suficiente para registrar os votos. “Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Apresente provas de que não é fraudável”, rebateu Bolsonaro.

Ele criticou quem é contra a implementação de um sistema externo à urna eletrônica para que os eleitores possam conferir se a urna registrou o seu voto corretamente. E dirigiu-se, em especial, ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. “Por que o presidente do TSE quer manter a suspeição sobre as eleições? Quem ele é?”, questionou Bolsonaro.

“Por que ele teme tanto o voto democrático? Por que não quer eleições democráticas? Por que não quer que possamos contar fisicamente? Mentem, senhor Barroso, quem diz que é retrocesso, que é a volta do voto em papel. É fake news. O senhor deveria ser o primeiro a ter humildade, a falar em democracia, em transparência”, reclamou o presidente.

Votação limpa

Bolsonaro comentou que aceitará ser derrotado nas eleições do ano que vem, desde que o sistema eleitoral seja modificado. “Ganhe quem ganhar ano que vem, mas vamos atender a vontade popular. Se as escolhas forem erradas, que se pague. Mas se for na suspeição, o preço vai ser mais caro ainda. Ganhe quem for, mas de forma democrática, com voto democrático, com urnas confiáveis, é isso que precisamos no Brasil”, disse.

Ele reclamou da “interferência” de Barroso no Congresso Nacional, que discute uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para adotar o voto impresso no ano que vem. Segundo Bolsonaro, o ministro teria induzido líderes de partido com representação na comissão especial da Câmara que discute o tema a trocar os parlamentares do colegiado para impedir a aprovação da PEC.

“Por que a ferocidade do presidente do TSE em não querer discutir, em não querer falar sobre uma contagem pública de votos ou sobre uma forma de auditá-los? Não vamos nos prender à vontade de um homem apenas, que interfere no Poder Legislativo. O que está em jogo é mais que nossa vida, é nossa liberdade. Não podemos aceitar na mão grande, no poder da força de alguns, alguém assumir o timão desse país e levá-lo para o caos”, ponderou o presidente.

Eleições de 2014

No evento, Bolsonaro voltou a falar das eleições ao Palácio do Planalto de 2014. Ele afirma que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) deveria ter sido o vencedor, e não Dilma Rousseff (PT). Para o presidente, o fato de os dois terem alternado a liderança do pleito 241 vezes durante a apuração dos votos é um dos indícios mais fortes de fraude.

“Isso é a mesma coisa de, em quatro horas de apuração, 240 minutos, 240 vezes, jogar uma moeda para cima e, ora dar cara, ora dar coroa. Equivale a, aproximadamente, você ganhar, de forma consecutiva, seis vezes na Mega-Sena. Pode acontecer, mas a probabilidade se aproxima de zero”, comparou.

Ele prometeu encaminhar essa informação ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e à Polícia Federal, para que seja aberto um inquérito.

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