DIA DE TIRADENTES

21 de abril é feriado de quê?

Embora muita gente não saiba o que significa esse feriado, trata-se de uma data cívica que se tonou feriado nacional em 9 de dezembro de 1965.

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Se você fizer uma pesquisa no Google colocando “21 de abril”, logo a busca se auto completa com: “feriado de quê?”. Até mesmo em conversas com mais próximos, alguns perguntam: “feriado? de quê?”. Pois bem, embora muita gente não saiba o que significa esse feriado, trata-se de uma data cívica que se tonou feriado nacional em 9 de dezembro de 1965, pelas mãos do presidente marechal Castelo Branco, por meio da Lei nº 4.897. Tal lei também instituiu o título de “Patrono da Nação Brasileira” a Tiradentes.

Nascido em Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746, Tiradentes viveu uma época em que o Brasil era apenas um território que pertencia a Portugal. Entre as muitas profissões que exerceu, estava a de dentista amador, por isso recebeu o apelido de “Tiradentes”, pelo qual se tornou conhecido.

Naquela época, tudo que era produzido pela colônia, como era chamado, tinha que ser enviado para lá. Os impostos pagos pela população do Brasil pelos produtos consumidos eram muito altos. Tiradentes não se conformava com isso, e, com o desejo que a pátria fosse livre, decidiu se unir a outras pessoas que tinham os mesmos objetivos, entre eles, advogados, poetas e padres, para tentar libertar o Brasil dessa situação. Devido a sua boa oratória e espírito de liderança, foi o escolhido para comandar o movimento conhecido como Inconfidência Mineira, ocorrido em 1789.

A conspiração, no entanto, não foi levada adiante. Um dos membros da trama, José Silvério dos Reis, delatou os demais, acreditando ter, no futuro, suas dívidas perdoadas pela Coroa. A delação fez com que Visconde de Barbacena desarticulasse toda a conspiração e prendesse todos os envolvidos. A maior parte dos inconfidentes não assumiu a culpa para evitar penas mais duras. Os poetas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, por exemplo, foram degredados (exilados forçadamente) para a África. O único que reconheceu ser conspirador e assumiu a responsabilidade por toda a trama foi Tiradentes. “Por ser militar (que devia obediência à Coroa) e por ter assumido a culpa, a pena dada a Tiradentes foi a mais cruel. Depois de três anos preso, o alferes, no dia 21 de abril de 1792, foi enforcado, decapitado e esquartejado. Para que os súditos da Coroa nunca se esquecessem da lição, a cabeça de Tiradentes foi encravada num estaca e exposta em praça pública em Vila Rica, e seus membros, espalhados pela estrada que levava ao Rio de Janeiro.” (Mundo Educação).

O professor de história Álvaro Maio, disse que a metodologia aplicada atualmente no ensino da História não ajuda no entendimento desse movimento. “Você fala por falar de Tiradentes. Por que se estuda história? Para entender o presente. Você poderia trabalhar Tiradentes na perspectiva da necessidade do povo se conscientizar e se unir contra a opressão trazendo para a atualidade. Do povo se unir para lutar contra a corrupção, para lutar contra a falta de investimento na saúde, educação, contra o mau uso do dinheiro público. Você pode usar um evento histórico para discutir a atualidade, só que esse tipo de metodologia não é utilizado. Ou seja, Tiradentes ficou lá no século 18 e você estuda ele de vez em quando, ouve-se falar dele por algumas horas, no dia 21 há feriado, algumas emissoras falam sobre ele e só. Não se usa o Tiradentes para se discutir a atualidade, gerar essa discussão sobre cidadania, sobre o povo enquanto agente histórico de mudança”, disse.

Por trás da história

Durante cinco anos o jornalista Lucas Figueiredo pesquisou a vida de Joaquim José da Silva Xavier. O resultado foi o livro “O Tiradentes – Uma biografia de Joaquim José da Silva Xavier” (Companhia das Letras, 2018), que segundo a crítica, dá a Tiradentes a dimensão humana apagada na formação de sua história.

Na obra, o autor reconstitui a trajetória do alferes, “desde a sua experiência familiar, os anos de juventude, quando foi mascate, o trabalho no baixo escalão dos oficiais —, enfrentando as engrenagens da burocracia estatal —, o ofício paralelo de tratar (e tirar) dentes, até seu envolvimento na Conjuração Mineira.

Em paralelo, descortina-se um retrato vívido das Minas Gerais e do Rio de Janeiro do século XVIII: seus personagens, acontecimentos, e a circulação dos ideais revolucionários” (sinopse). “Meu objetivo foi resgatar sua trajetória, do nascimento à morte, deixando de lado todo o mito Tiradentes que foi construído ao longo da história. Contei sobre sua infância, sua juventude, sua vida afetiva, a tentativa de constituir uma família, o relacionamento com uma garota 25 anos mais jovem que ele que lhe rendeu uma filha, Joaquina. Conto como ele exerceu diversas atividades (mascate, fazendeiro e minerador) e sua carreira de 14 anos no Regimento de Cavalaria. Mas também reconstituo sua trajetória na Conjuração Mineira. Portanto, procurei tratar da história do homem, sua vida privada e também sua atuação política”, disse o jornalista em entrevista ao jornal Hoje em Dia.

4 curiosidades sobre Tiradentes

  • 1) Um homem a frente do seu tempo, era conhecido por ser intelectual e ter se inspirado em ideias de revolucionários iluministas;
  • 2) No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado, esquartejado e decapitado em praça pública para ser um “exemplo” para toda a população;
  • 3) A inciativa de tornar feriado nacional o dia 21 de abril, aconteceu em 1965, quando o então presidente marechal Castelo Branco sancionou a Lei Nº 4. 897, que o declarou patrono cívico da Nação Brasileira;
  • 4) Tiradentes também está no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, um memorial cívico que homenageia grandes personagens da história do país.
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