SAÚDE

Uso de remédios contra Covid-19 causa polêmica no Maranhão

Parlamentares questionaram nas redes sociais porque só agora o governo do Maranhão está usando medicamento em pacientes para o enfrentamento da covid-19

Cloroquina para tratamento de pacientes leves com Covid-19 - Reprodução

“Reitero o que digo há semanas. No Maranhão, nem governador, nem outro político, nem associação ou similar, prescrevem remédios. Quem decide isso são os MÉDICOS que atendem os pacientes. Tão simples de entender. Menos quando há mera politicagem ou apologia de ideologias delirantes”. Foi dessa forma que o governador Flávio Dino (PCdoB) rebateu às críticas feitas por blogueiros, jornalistas e políticos nas redes sociais, após a divulgação da distribuição grátis da hidroxocloroquina pela Secretária de Estado de Saúde.

Além desse medicamento, estão sendo usados azitromicina, um corticoide, vitaminas C e D e remédios para febre e dores, como paracetamol e dipirona que fazem parte do novo protocolo medicamentoso para tratamento de pacientes diagnosticados com covid-19 que estão com sintomas leves.

O líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha, lamentou o uso tardio da  hidroxocloroquina, após o estado ter registrado mais de 500 mortes por conta da covid-19.  “Agora, que resolveu permitir, já temos centenas de irmãos maranhenses mortos. Claro, ele [Flávio Dino] vai ter que responder por tamanha barbaridade no Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, por crime contra a humanidade no combate ao covid-19”, disparou o senador.

Roberto Rocha afirmou ainda que, ao invés de cuidar dos seus conterrâneos, o governador “preferiu gastar o dinheiro federal do coronavírus com propaganda para se promover nacionalmente, proibindo o uso da cloroquina por questão meramente ideológica”.   E acrescentou, que “com as mãos sujas de sangue, o governador do Maranhão, Flávio Dino, como um verdadeiro comunista, não demonstra nenhum remorso pelas mortes de centenas de maranhenses”, acusou o senador.

O deputado federal, Edilázio Júnior (PSD), também questionou o governador querendo saber porque só agora ele determinou o uso da cloroquina no tratamento da doença nos maranhenses. “Porque só agora o governador decidiu ofertar a cloroquina no combate ao covid-19, depois de criticar várias vezes o uso do medicamento para tal fim? Ele esperou o sistema de saúde colapsar para tomar uma atitude mais eficaz, pois esse rodízio de carros nada ajudou”, afirmou o parlamentar.  Em seguida, Edilázio Junior fez uma postagem mostrando a contradição do governador sobre o uso da cloroquina em duas situações diferentes, sendo uma publicada contra no site do PCdoB e outra a favor no portal de notícias do governo do estado. O parlamentar afirmou ainda que somando todas suas emendas parlamentares, ele já teria destinado mais de R$ 16 milhões para a saúde do estado só em 2020. ⁣

Uso com recomendação médica no Maranhão

Em resposta às críticas, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, usou uma rede social pontuando o uso da hidroxicloroquina no novo protocolo de enfrentamento da doença.  “Vamos aos fatos. Desde o início da pandemia a comunidade médica mundial não se entende sobre o uso ou não da hidroxicloroquina para tratar paciente com covid19, certo? Ainda assim, com respaldo da classe científica local, a rede estadual de saúde fez um protocolo, desde o início da pandemia, para administração do medicamento. No Maranhão, político não opina sobre conduta médica. Isso é decisão unicamente de suas excelências, os médicos”, justificou o secretário.

Recomendação

Segundo Carlos Lula, à Secretaria de Estado da Saúde ‘cabe apenas prover as condições para ministrar o medicamento’. “Como é de se esperar, as medidas vão mudando de acordo com o estudo da doença e o comportamento dos pacientes. Inauguramos dois ambulatórios de covid-19 nas últimas semanas, São Luís e Imperatriz. Lá o paciente recebe o kit de medicamentos para tratamento dos sintomas leves, com a devida recomendação médica. Além dos ambulatórios, as UPA´s da capital também fornecem o kit que contém hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, um corticoide, vitaminas, entre outros. O paciente recebe o medicamento que o médico lhe recomenda”, acrescentou Carlos Lula. O secretário, também disparou que ‘todo mundo quer tirar proveito da pauta do coronavírus’: “Enquanto se autopromovem em redes sociais e tentam ser os pais da criança, estamos aqui preparando o Hospital de Campanha de São Luís, que abre nesta segunda-feira”.

Desde o último dia 12, o ambulatório de covid-19 do Hospital Dr. Carlos Macieira utiliza o novo protocolo em pacientes com sintomas leves. A medida contempla pessoas com comorbidades, sem doença cardíaca, do 1º até o 5º dia de infecção do vírus. Orientado pela comunidade científica, o protocolo consiste em um conjunto de fármacos que combinam hidroxocloroquina, azitromicina, um corticoide, vitaminas C e D, além de remédios para febre e dores, como paracetamol e dipirona. “Aqui o paciente passa por criteriosa avaliação médica e realiza o exame de eletrocardiograma, para assim receber o kit. Os pacientes são informados da reação adversa e os que querem, levam o kit para tratamento em casa”, explicou o diretor geral do Hospital, Edilson Medeiros. O ambulatório já recebeu cerca de 150 pacientes que foram encaminhados pelas UPAS de São Luís. O transporte desses pacientes é feito em vans próprias para essa assistência. O ambulatório funciona de domingo a domingo, de 8h às 18h.  O médico Rodrigo Lopes, assessor especial da SES, ressalta que estudos recentes mostraram que o uso combinado dos fármacos hidroxicloroquina + azitromicina na fase mais grave e moderada da doença não possuía comprovação de sua eficácia. “Hoje as discussões são entorno do uso precoce dessa medicação para pacientes com sintomas leves e na fase inicial da doença, por isso o Maranhão, assim como outros estados, vem adotando o uso desse kit, na fase inicial da doença – principalmente nos grupos de risco, desde que com criteriosa avaliação do paciente e aceitação do mesmo em tomar a medicação”, explicou o médico.

No Maranhão, a Secretaria de Estado da Saúde recomendou o uso da cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento dos pacientes com Covid-19, desde o início do atendimento aos casos na rede pública estadual. Apesar de já ser usada há bastante tempo para tratamento de malária e outras doenças reumatológicas, por exemplo, a Hidroxicloroquina possui efeitos colaterais como qualquer outra medicação.

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