DIA DA MULHER MARANHENSE

Conheça a história de Maria Firmina dos Reis

Escritora de poemas e romances como Úrsula é considerada a primeira romancista brasileira

Maria Firmina foi a primeira romancista brasileira e por consequente, pioneira no que diz respeito à crítica antiescravista.(Arte: Revista CULT)

A escritora Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, em 11 de março de 1822. Ela foi a primeira mulher a publicar um romance no Brasil. “Úrsula“, escrito com o pseudônimo “uma maranhense” em 1859, é considerado precursor da temática abolicionista na literatura brasileira.

Órfã aos 5 anos, Maria Firmina teve que se mudar para a vila de São José de Guimarães, no município de Viamão, onde passou a ser criada por sua tia materna. Lá ela teve contato com a literatura desde cedo, era prima do gramático Sotero dos Reis.

Ilustração de Nina Millen

Formou-se professora e exerceu, por muitos anos, o magistério, chegando a receber o título de “Mestra Régia”. Em 1847, com vinte e cinco anos tornou-se professora de escola primária em 1847, após ser a aprovada em concurso público na cidade de Guimarães, no Maranhão.

Ao se aposentar, no início da década de 1880, fundou, em Maçaricó, a primeira escola mista e gratuita do Maranhão e uma das primeiras do País. O feito causou grande repercussão na época e por isso foi a professora obrigada a suspender as atividades depois de dois anos e meio.

A romancista ganhou destaque nacional por sua grande contribuição na literatura e participação relevante como cidadã e intelectual ao longo de uma vida inteira dedicada a ler, escrever, pesquisar e ensinar, publicando poesia, ficção, crônicas e até enigmas e charadas. Maria Firmina dos Reis colaborou também com vários jornais literários, tais como A Verdadeira Marmota, Semanário Maranhense, O Domingo, O País, Pacotilha, O Federalista e outros. Atuou como folclorista, na recolha e preservação de textos da cultura e da literatura oral e também como compositora, sendo responsável, inclusive, pela composição de um hino em louvor à abolição da escravatura.

Úrsula

Entre as suas principais obras está Úrsula, de 1859, publicada com o pseudônimo “uma maranhense”. Esse foi o primeiro romance publicado por uma mulher negra em toda a América Latina – e primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa. O romance trata de uma trágica história de amor entre dois jovens: a pura e simples Úrsula e o nobre bacharel Tancredo, e, aparentemente, é uma clássica história de amor impossível, como muitas de seu tempo. Porém, logo se nota, pelo tratamento dado aos personagens negros, às mulheres e à escravidão, que as preocupações presentes no romance são outras, pois, apesar de ter sido escrito num período de nacionalismo exacerbado, destoa da literatura produzida em sua época em muitos aspectos, já que não parece estar comprometido com o projeto romântico que era fundar a ideia de nação, construindo através de suas narrativas um ser nacional.

Outras obras importantes

Gupeva, de 1861, o conto trata da história do índio Gupeva e sua filha, Épica. A ação acontece na Bahia, mas discute desencontros, incesto e miscigenação entre franceses e Indígenas. Por meio de flashback, Gupeva relembra para Gastão o passado da mãe de Épica. Descobre-se, então, que havia um impedimento na relação do casal, o amor entre Gastão e Épica transforma-se num grande tabu.

Após essa primeira publicação, a versão completa e revista de Gupeva foi publicada ainda mais duas vezes nos periódicos maranhenses do XIX: em 1863, no jornal Porto Livre e em 1865, no jornal Eco da Juventude. Nessa obra, pode-se observar o cuidado de Firmina com sua produção literária, pois em diversas partes do texto ela realiza alterações significativas.

No conto “A escrava”, de 1887, texto abolicionista empenhado em se inserir como peça retórica no debate então vivido no país em torno da abolição do regime servil. O conto se passa em um salão com pessoas “da sociedade” discutindo diversos temas até que se inicia um debate sobre o “elemento servil”.  Neste momento, a personagem “uma senhora” entra em cena, toma a palavra e passa a centralizar a discussão, tornando-se a narradora da trágica história da personagem Joana, uma escrava em fuga.

Já seu volume de poemas Cantos à beira-mar, cuja primeira edição é de 1871, traz textos marcados por forte inquietação e por uma subjetividade feminina por vezes melancólica diante da realidade oitocentista marcada pelos ditames do patriarcado escravocrata e representada como problema perante a sensibilidade da autora.

Imagens da romancista

Maria Firmina dos Reis faleceu em 1917, aos 95 anos, pobre e cega, no município de Guimarães. Muitos dos documentos de seu arquivo pessoal se perderam, então não há imagens reais da escritora, apenas retratos falados.

O seu busto, que hoje está na praça Deodoro, no Centro de São Luís, é o único feminino em um conjunto de 18 esculturas que homenageiam os grandes nomes da literatura maranhense na praça.

No dia 11 de outubro de 2019, quando faria 194 anos, Maria Firmina dos Reis ganhou uma homenagem no Google. Uma ilustração da romancista estava no Doodle, a logomarca customizada do buscador.

Reprodução/Google

A ilustração comemorativa foi criada pelo designer paulista Nik Neves e mostra três facetas de Maria Firmina: escritora, ávida leitora e ativista pelos direitos do povo negro no Brasil Império de meados do século XIX.

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