A onda conservadora chamada “Jair Bolsonaro”
Jair Bolsonaro está levando de roldão até quem não tem nem ideia do que significa conservadorismo político
A onda conservadora, chamada “Jair Bolsonaro”, está levando de roldão até quem não tem nem ideia do que significa conservadorismo político. Depois de apurados os votos do dia 7, o Congresso Brasileiro apareceu com a cara de ressaca. “É certamente o Congresso mais conservador desde a redemocratização”, analisa Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que há anos pesquisa as entranhas das duas casas da Câmara e do Senado.
A onda saiu das urnas com carranca de leão raivoso. Pegou a classe média, “contaminou” até os pés-de-chinelo das periferias, ouriçou o rebanho evangélico, bateu forte à porta dos milionários que fazem mover os indicadores da Bolsa.
Vai chegar jogando pesado no Congresso em fevereiro e no Executivo, se confirmar a vitória de Jair Bolsonaro, com aplausos do Judiciário e dos quartéis. A Câmara dos Deputados eleita no dia 7 estampa a cara do conservadorismo desembestado.
Nem os ex-presidentes FHC, José Sarney e Luiz Inácio Lula da Silva imaginavam esse cenário surreal criado no primeiro turno. Não é à toa que Fernando Haddad enfrenta resistência não pelo que ele representa na política, mas sim por fato de ser petista. As mídias transformaram Lula e o PT em monstros da política. Atiraram no que viram e acertaram o que não viram. Do vácuo saiu Bolsonaro. Agora, a Globo e alinhados vão ter que engolir a criação. Jair já agarrou à Rede Record e a Igreja Universal, maior partido do Brasil. Os partidos de centro-direita como o PSDB e o MDB encolheram na Câmara na mesma medida em que o PSL, de Bolsonaro, foi fermentado pelo ódio que saiu do caldeirão do jogo político empacotado como força-tarefa de “combate à corrupção”. O Centrão, que ficou do mesmo tamanho no Congresso, decretou “neutralidade” no 2º turno, agora está na tocaia, esperando janeiro chegar, com a nova pauta da Previdência, ligada às promessas do capitão, todos apadrinhados pela bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia).
Prestando conta
Caso eleito, Bolsonaro tende a utilizar a pauta mais conservadora para dar uma “resposta rápida” aos seus apoiadores. Sabe das dificuldades de pactuar a reforma da Previdência, então, ele focará no projeto da Escola sem Partido, revogar o Estatuto do Desarmamento e a redução da maioridade penal.
Chega pra lá!
O senador Renan Calheiros (MDB), reeleito, já recebeu aviso do deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, que estará fora da presidência do Senado em fevereiro. É guerra declarada, também, contra o governador de Alagoas, Renan Filho, que, assim como o pai, apoia Fernando Haddad.
Efeito dominó
A postura dos Bolsonaro contra Renan Filho pode ser a mesma em relação ao reeleito Flávio Dino, que também está arregaçando as mangas pelo petista Fernando Haddad. O estranho é que Bolsonaro nem foi eleito e já promete retaliar adversários. É a guerra sem trégua.
1 .É guerra também em Bacabal sobre a eleição suplementar de prefeito no dia 28. Cinco candidatos travam uma batalha de ferro e fogo. O ex-prefeito Zé Vieira, cassado por ter a ficha suja, apoia César Brito (PPS), do partido da senadora eleita Eliziane Gama. Já o senador João Alberto joga com Edivan Brandão.
2 . Os candidatos à prefeitura são: Cesar Brito (PPS), Edvan Brandão (PSC), Giselle Veloso (PR), Luizinho Padeiro (PSB) e Professor Maninho (PRB). Curioso é que o partido do prefeito Cassado, Zé Vieira, não está no páreo para tentar reconquistar o posto perdido.
3. Quase todos sem mandato em 2019, os integrante do grupo Sarney já procuram se aconchegar num eventual governo Bolsonaro. Como o PSL só tem 52 deputados, o capitão não terá como correr do Centrão, que permanece forte e pronto para ser o que sempre foi.
Time que ganha…
Reeleito por uma coalizão de 16 partidos, o governador Flávio Dino não terá como fugir de uma alteração no secretariado a partir de janeiro. Porém, ele deve manter o tutano do governo nas mãos de quem está hoje. Infraestrutura, Educação, Fazenda, Segurança e Administração Penitenciária são imexíveis.
Raiz da posição
Os deputados César Pires, Wellington do Curso e Adriano Sarney vão formar o trio parada-dura da Assembleia Legislativa, fazendo oposição ao governo Flávio Dino. Mas outros do time dos novatos poderão ser incorporados à matriz oposicionista.