OPINIÃO

Dez dias que abalam o Maranhão

Faltam dez dias para a eleição de governador do Maranhão. Quem, entre os seis candidatos, terá a primazia de envergar a indumentária mais cobiçada do poder estadual, a faixa-símbolo do poder?

Casa de taipa em Caxias, interior do Maranhão (Foto: Raimundo Borges)

Faltam dez dias para a eleição de governador do Maranhão. Quem, entre os seis candidatos, terá a primazia de envergar a indumentária mais cobiçada do poder estadual, a faixa-símbolo do poder? É quem abrirá o cofre do Palácio dos Leões no dia 1º de janeiro de 2019. Se for Flávio Dino, ele já tem a ferramenta em suas mãos.

Caso contrário, se a eleita for Roseana Sarney, ela estará de volta ao casarão de 392 anos, que já lhe serviu de moradia por longos 14, como inquilina máxima do sodalício.

Muitos maranhenses não sabem, mas o Palácio dos Leões era, nos primórdios de São Luís, um “puxadinho” do Palácio La Ravardière, após a expulsão dos franceses por Jerônimo de Albuquerque, em 1615. Foi construído para residência dos governadores. E foi também palco de batalhas homéricas pelo poder estadual, assim como ambiente de festas, orgias e bacanais.

No dia da posse, o governador Luiz Rocha convidou este jornalista para conhecer as dependências da residência oficial do Palácio, na qual ele passou a morar.

Qual foi a surpresa de Rocha na suíte do casal? “Tu estás vendo aquelas manchas amareladas na roupa da cama, que vou usar com minha esposa? São de bacanais que fizeram aqui na festa de despedida do meu antecessor. Devem ter sido os filhos dele” (Ivar Saldanha).

Era o poder sem  pudor, no autêntico usufruto da coisa pública, da forma mais desavergonhada que se poderia imaginar. E assim, de governador em governador, foram dezenas os inquilinos que por lá exerceram a representação do povo, como o povo jamais poderia imaginar.

Esse é o Palácio que está em disputa dentro de 10 dias, caso a eleição seja decidida no dia 7. Se não, será no dia 28 de outubro, numa nova eleição, num processo muito mais polarizado e tenso entre Flávio Dino e Roseana Sarney. Os demais candidatos até agora não deram o mínimo sinal de que terão algum sonho de chegar junto. Serão dez dias que abalam o Maranhão.

Nada, porém, que se compare com Os dez Dias que Abalaram o Mundo, livro clássico do jornalista e ativista americano John Reed, narrativa dos acontecimentos na cidade de Petrogrado, durante o começo da Revolução Russa de 1917.

O Maranhão tem o “comunista” Flávio Dino, mas nenhuma semelhança com Lênin ou Leon Trotsky.

 

*Raimundo Borges é diretor de redação do jornal O Imparcial

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