SERÁ?!

Seria a leitura um exercício de solidão?

Quem participa desses clubes tem a coragem de dizer que não. A leitura pode ser algo prazeroso quando você sai do seu quarto solitário e começa a trocar experiências com outras pessoas

Por muito tempo, propagou-se a ideia de que a intelectualidade tinha muito a ver com reclusão. Com solidão. Os filmes nos mostram. As séries de TV nos mostram isso. Mas quem participa de clubes de leitura tem a coragem de dizer que não.

A leitura pode ser algo prazeroso quando você sai do seu quarto solitário e começa a trocar experiências com outras pessoas. A jornalista Asmynne Barbosa aponta que a necessidade do homem de se relacionar também passa pelo hábito de leitura, uma vez que é uma prática que edifica o homem. “Acredito que leitura pode, sim, ser uma prática coletiva e prazerosa, pois as pessoas gostam de fazer parte de grupos para compartilhar interesses em comum”, disse Asmynne Barbosa.

Para ela, a ideia de confrontar diferentes percepções de uma obra é o que dá gás para continuar firme nesse hábito de descortinar o mundo através das páginas de livros. “Gosto muito de participar do Clube, pois acabo descobrindo livros diferentes. O mais legal do clube é que você lê um livro, tem suas visões sobre ele, mas, quando chega na reunião, passa a conhecer pontos de vista diferentes da história”.

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Raízes

Nem todos os participantes sabem, mas os clubes de leitura de hoje têm seus ancestrais no século 18, quando grupos puritanos americanos se reuniam para estudar a Bíblia, e aristocratas e burgueses franceses se encontravam em palacetes para ler livros e discutir as novidades intelectuais.

Com o tempo, os clubes de leitura assumiram diversas formas, de reuniões com chá e bolachas a jantares elegantes, de encontros privados a programas de TV, de eventos presenciais a debates virtuais. Em geral, são gratuitos e agregam entre 15 e 20 pessoas – ou até centenas de milhares, quando são on-line. Mas existe um fato que ajudou a tornar o que os clubes de leitura são na atualidade.

Mulheres e a leitura

Em 1968, um grupo de mulheres jornalistas foi impedido de participar de um evento literário nos Estados Unidos. Movidas pelo desejo de participar da cena literária, social e política, vários grupos de resistência foram formados pelo país para discutir obras literárias. Com pequenas mudanças de formato, os clubes de mulheres se converteram nos clubes de leitura que conhecemos hoje.

Nos EUA, pesquisa do instituto Pew em 2013 atestou o que os clubes pareciam indicar: mulheres leem mais que homens. Segundo o levantamento, 82% das mulheres e 69% dos homens consomem ao menos um livro por ano. Na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do instituto Pró-Livro, 56% dos brasileiros declararam ter lido ao menos um livro, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores à entrevista (de 2015) – 59% das mulheres, e 52% dos homens. Em 2014, a editora Companhia das Letras realizou pesquisa com 35 clubes de leitura em dez cidades brasileiras. Descobriu que três em cada quatro participantes eram mulheres.

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