ECONOMIA

Mesmo com inflação em queda, consumidor maranhense sente efeitos da crise

Indicador Ipea, no mês de novembro, registra 0,07% para a classe de renda mais baixa e 0,34% na faixa mais alta, porém, consumidor reclama dos custos com a energia elétrica, gás de cozinha e combustíveis

(foto: reprodução)

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de novembro de 2017 aponta que as parcelas da população de renda mais baixa foram as que apresentaram as menores taxas de inflação.

Enquanto a inflação da população de renda muito baixa registrou alta de 0,07%, nas famílias de renda alta o crescimento foi de 0,34%. No ano, a inflação dos mais pobres acumula uma alta de 1,8%, inferior à registrada pela classe de renda mais alta, com elevação de 3,2%.

“De fato, a significativa desaceleração no preço dos alimentos ao longo do ano se constitui no principal foco de alívio inflacionário em 2017, especialmente para as classes de menor poder aquisitivo”, explica Maria Andreia Parente Lameiras, pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Os alimentos são o item com maior peso nos gastos totais das famílias mais pobres. A deflação dos alimentos contribuiu para diminuir em 0,16% a inflação dos mais pobres, ao passo que, para a classe mais alta, a ajuda foi de 0,05%.

Em menor intensidade, os transportes também influenciaram, com a queda nas tarifas dos ônibus urbanos (0,6%) e interestaduais (1,6%), itens de grande peso na inflação dos mais pobres. Em contrapartida, nas classes mais ricas, para as quais o gasto com combustíveis é bem maior, a alta de 2,9% no preço da gasolina fez com que a contribuição do grupo transportes fosse positiva.

Entre os itens que tiveram impacto maior sobre as famílias menos abastadas, os reajustes das tarifas de energia elétrica (4,2%) e do gás de botijão (1,6%) significaram um aumento de 0,29% na inflação dos mais pobres – e de 0,11% na dos mais ricos. Nos últimos meses, de acordo com a análise, a desaceleração da trajetória inflacionária ocorreu de modo significativo em todas as faixas de renda.

Percepção do consumidor

Os indicadores econômicos podem até apresentar números mais otimistas, mas na percepção do consumidor final isso ainda não se refletiu tão positivamente. Os consumidores maranhenses reconhecem diminuição no preço de alguns produtos, entretanto, para eles, o custo de vida ainda compromete significativamente a renda familiar.

Zélia Maria Barbosa, de 50 anos, cabeleireira, constata que alguns produtos no supermercado vêm apresentando preços mais baixos. Contudo, em relação a outros produtos e serviços, a alta tem impactado no orçamento.

“Realmente, no supermercado, alguns produtos estão mais baratos, mas isso não chega a compensar o que temos pagado na energia elétrica e no gás de cozinha. A energia está vindo com valores bem mais altos na minha residência e no meu salão”, avalia.

A classe média comprova que a situação ainda não está favorável, principalmente na transição de ano e os gastos sazonais.

“A economia está melhor que em 2016, porém, para a classe média baixa, os custos no fim de ano, o combustível, seguidos com a escola dos filhos e IPVA… Isso tudo tem um impacto muito grande no orçamento. O jeito é planejar e ajustar”, aponta o contador Antônio Américo da Silva, de 48 anos.

Para a dona de casa Lúcia de Oliveira Mendes, de 38 anos, que se classifica na faixa baixa renda, os alimentos podem até parecer mais baratos, porém, outros fatores impactam para que o cenário econômico ainda seja de instabilidade.

“Parte dos alimentos está mais em conta, mas, embora isso seja importante, tem outras coisas que precisamos e não tem como ficar sem elas. Por exemplo, a energia e o gás, tudo isso está mais caro e tem muita gente desempregada. Então ainda não dá para dizer que melhorou”, conclui Lúcia.

Cesta básica

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo da cesta básica da capital maranhense no mês de novembro foi de R$ 333,14.

São Luís apresentou o quinto menor valor entre 21 capitais que tiveram os preços pesquisados pelo Dieese. A capital maranhense vem mantendo há quatro meses a mesma posição entre as cidades pesquisadas. A variação nos onze meses foi de -6,44%.

No mês passado, o custo da cesta em São Luís comprometeu 38,65% do salário mínimo líquido do trabalhador. Em novembro de 2017, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica em São Luís foi de 78 horas e 13 minutos, menor que o de outubro, quando ficou em 79 horas e 13 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em novembro, 38,65% do salário mínimo para adquirir os mesmos produtos que, em outubro, demandavam 39,14%.

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