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Brasileiros gastam mais e consumo das famílias cresce

Pelo segundo trimestre consecutivo, brasileiros gastam mais. Queda da inflação e dos juros, aliada ao crescimento da massa salarial com a redução do desemprego, estimula compra de produtos e serviços

Loyola concentrou-se no pagamento de dívidas. Para o Natal, decidiu presentear só a mãe e o padrinho. Foto: Ana Rayssa.

Os brasileiros voltaram às compras no terceiro trimestre. De julho a setembro deste ano, gastaram R$ 1,048 trilhão — o equivalente a 63,9% do Produto Interno Bruto (PIB), de R$ 1,641 trilhão. O consumo das famílias, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve incremento de 1,2% no terceiro trimestre e de 2,2%, em 12 meses. De abril a junho deste ano, correspondia a 62,6% do PIB, com R$ 1,021 trilhão.

De acordo com o IBGE, influíram no bom desempenho desse item, pelo segundo trimestre consecutivo, a desaceleração da inflação, a redução da taxa básica de juros e o crescimento real da massa salarial. E, quando a população tem folga no orçamento, mesmo pequena, pelo menos dois setores avançam: o comércio (alta de 3,8% em 12 meses) e os serviços (expansão de 1% no período). O mais importante, no entanto, é a sinalização do retorno da confiança, destacou Alex Agostini, economista-chefe da Agência Austin Rating.

“Medidas pontuais do governo, como a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e dos quase R$ 3 bilhões do primeiro lote do Imposto de Renda, por exemplo, foram aparentemente isoladas, mas com consequências associadas”, afirmou. Quem pegou o dinheiro poupou ou pagou dívidas, teve o crédito restabelecido e agora está aproveitando para consumir. Para o economista, o Brasil não voltará às condições positivas de 2008, “porque havia uma onda de crescimento global fora da curva”. “Teremos um consumo crescente e comedido porque o desemprego ainda está alto”, assinalou.

Na prática, os consumidores ainda sentem o orçamento apertado e os preços salgados. A professora aposentada Neide Santos, de 67 anos, compra o estritamente necessário. “Não percebi a tão falada queda dos preços. Meu salário também não aumentou. Comprei uma geladeira porque a antiga, após sete anos, pifou. Fiz a troca, não pelo desempenho da economia, mas por necessidade”, destacou.

Dívidas

A psicóloga Daniele Loyola, de 41 anos, também evita abrir a carteira. “Eu me concentrei no pagamento das dívidas. Nada de supérfluos. Agora no Natal, só ganharão presentes minha mãe e meu padrinho”, reforçou. A aposentada Walderez Berezowski, de 56 anos, voltou recentemente a morar em Brasília. Alugou um apartamento mobiliado e pondera se vale a pena trocar alguns eletrodomésticos. Com caneta e papel, ela fazia cálculos. “Quero comprar cama, fogão, geladeira e máquina de lavar. Os preços, realmente, não estão convidativos. Já visitei várias lojas e ainda não decidi o que fazer”, afirmou.

A diarista Sandra Maria Faria de Jesus, de 47 anos, também está pesquisando, com pouca esperança de levar alguma coisa para casa. “Olhando detalhadamente, percebi que as ofertas são mentirosas. Os valores pouco se alteram. Não vai ser desta vez que vou trocar a geladeira. Ficarei com a velha, enquanto estiver funcionando”, contou Sandra.
Cláudia Oliveira, de 46 anos, funcionária pública, confessou que é consumista. “Meu filho está criado, cumpri minha missão. Agora gasto em viagens e em tudo que me dê conforto”. Ela buscava um fogão elétrico de quatro bocas. “Quero realmente levar essa cooktop. Achei que conseguiria desconto. Mas está difícil”, declarou.

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