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Arrancar fios de cabelo pode ser sinal de distúrbio

Especialistas chamam a atenção para os casos de tricotilomania, transtorno que revela ansiedade e insegurança

Se você já ouviu alguém dizer que está a ponto de arrancar os cabelos, então logo você deduziu que o nível de nervosismo é tão alto que se torna incontrolável. Mas, mais do que uma expressão usual, esse ato de puxar os cabelos pode indicar a existência de um distúrbio comum e, ao mesmo tempo, preocupante: a “tricotilomania”.

Principalmente as mulheres arrancam um ou outro cabelo por motivos estéticos. No entanto, parece impensável que uma pessoa arranque seus cabelos diariamente, às vezes durante horas, até a cabeça estar repleta de pontos calvos. O transtorno faz com que a pessoa arranque os fios de cabelo da cabeça, sobrancelhas, além de outros pelos do corpo. De acordo com a psicóloga Sarah Lopes, em alguns casos, a ansiedade é tanta que a pessoa pode também comer o bulbo capilar. As causas para a tricotilomania podem variar de um indivíduo para o outro, mas, no geral, o distúrbio se revela em pessoas com senso de cobrança muito forte, ansiedade constante e sensação de incapacidade.

Um estudo realizado em 2009 pelos médicos americanos Danny Duke e seus colegas da Universidade Oregon Health & Science, em Portland, demonstrou que o arrancar de cabelos patológico ocorre em cerca de 1,2% dos americanos. Aproximadamente a metade dessas pessoas preenchia todos os critérios clínicos para o diagnóstico de tricotilomania: imediatamente antes de arrancar os cabelos, estão sob pressão interna e, depois, experimentam grande alívio. Ao mesmo tempo, elas se sentem claramente prejudicadas pelo distúrbio.

Sinais

A tricotilomania é caracterizada especificamente pela extração dos pelos da cabeça e das sobrancelhas. “Esse comportamento é mais comum quando o sujeito está em momento de distração ou preocupação”, explica a especialista. O tratamento para a tricotilomania passa pelo combate ao que desencadeia o ato de puxar os cabelos, o que pode ser trabalhado em terapia.

No mais, quem já identificou o problema deve, ao máximo, evitar situações de estresse. Nos momentos de distração, é interessante buscar alternativas que prendam a atenção, como uma leitura, por exemplo. “Neste processo, é recomendado que a pessoa use lenços, bandanas ou turbantes para evitar o comportamento involuntário”, sugere a psicóloga.

Dependendo da gravidade, pode ser necessária a terapia medicamentosa, à base de ansiolíticos, que atuam como freios na ansiedade.

As pessoas que têm tricotilomania, além de realizarem tratamento com um psicólogo e um dermatologista, precisam procurar um gastroenterologista, pois os fios de cabelo, ao serem ingeridos, formam um bolo denominado “tricobezoar”. “Um fio de cabelo vai enrolando com o outro e formam um bolo. Esse tricobezoar impede que a pessoa coma direito, porque o espaço no estômago diminui. A pessoa não consegue comer, mas o apetite continua o mesmo. O cabelo ocupa espaço, por isso ela come menos”, explicou o gastroenterologista Silvio Demetrio Pavan Capparelli.

Em alguns casos, Capparelli explicou que é necessário abrir o estômago parar tirar o bolo de cabelo e em outros, o tricobezoar pode ser removido no exame de endoscopia. “Quando a pessoa come muito cabelo, ela fica desnutrida e nem sempre tem como tirar o cabelo por endoscopia. Quando se forma um bolo muito grande não tem como tirá-lo naturalmente, sem cirurgia”, ressaltou.

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