Lagoa de subsistência

Lagoa da Jansen ainda serve como fonte de alimento

A lagoa ainda serve como fonte de alimento de pessoas que residem no próprio bairro e suas proximidades e até mesmo distantes

Foto: Honório Moreira

Apesar dos diversos alertas, do mau cheiro e da espuma suja que cobre as margens da Lagoa da Jansen, moradores da região persistem em retirar de lá alimento para a sua própria subsistência e também atividade lucrativa, com a comercialização de camarões e peixes em diversos bairros da capital ludovicense.

Manuel de Jesus, morador do bairro da Ilhinha há mais de 10 anos, afirma que se alimenta diariamente com os frutos do mar tirados da Lagoa da Jansen e não se preocupa com as consequências que esse consumo pode trazer à sua saúde e de sua família. “Esses pesquisadores da Ufma, da Uema… vêm aqui e acham coisas na água da praia, mas da Lagoa? Nunca acharam nada”, disse.

Manuel diz ainda que não pretende deixar a prática, pois não tem outras alternativas. Para ele, o fato de consumir peixes e camarões pescados de uma água em fase de despoluição e não ter tido reações é o suficiente para garantir a segurança do consumo. “Graças a Deus, tem esse peixe aqui para a gente. Comemos todo dia e estamos aqui bonzinhos”, concluiu.

Aos 74 anos, o pescador Djalma de Oliveira Silva vai à Lagoa duas vezes por semana e passa, praticamente, a manhã inteira tentando achar alimento para ele e sua esposa de 67 anos. O idoso diz que sair do bairro da Divineia, onde mora, e ir até o local é também uma fonte de distração. Os pequenos peixes que ele costuma retirar das margens da Lagoa da Jansen são a principal garantia de que haverá comida em sua mesa.

“A gente, para não ficar em casa parado, vem aqui pescar e pega o nosso alimento”, afirmou enquanto lançava sua rede. Quando questionado quanto à poluição do local e os perigos apresentados pelo consumo do peixe da região, ele responde, bem-humorado, que não se preocupa muito com isso. “Eles (pesquisadores) tiram água para fazer teste, mas eu como e nunca senti nada”.
Despoluição da Lagoa

Recentemente, a extensão da Lagoa da Jansen recebeu a retirada de pelo menos 80 pontos de lançamento de esgoto in natura que eram depositados diariamente em suas águas, contudo, essa medida precisa de constante monitoramento, afim de que pontos de lançamento clandestinos sejam detectados e, consequentemente, extinguidos.

A Lagoa enfrenta problemas desde que foi adotada como ponto turístico de São Luís e passou a ser considerada como uma região nobre na capital. Pesquisas que abordam o assunto dão conta de que, ao passo em que bairros como São Francisco e Renascença se estabeleciam, pessoas dividiam as imediações originando, assim, bairros sem infraestrutura adequada, o que contribuiu, significativamente, para a degradação ambiental do local.

Canais de esgotos

O depósito ilegal de canais de esgoto nas águas da Lagoa é considerado como a principal causa da poluição e colabora para a destruição do ecossistema encontrado no local; esses canais de esgoto são originários tanto de pontos comerciais próximos, como dos bairros que cercam a Lagoa.
Por meio de nota, a Secretária de Estado de Infraestrutura (Sinfra) afirma que, além do serviço de retirada dos 80 pontos de lançamento irregular de esgoto, a obra da troca das comportas da Lagoa é o próximo passo. A substituição das comportas seria a alternativa mais viável quando se pensa em maior fluidez na troca da água. A Sinfra diz que o processo de oxigenação seria o mais beneficiado com a substituição.

A nota também afirma que obra a ser entregue visa à recuperação do canal vertedouro do manejo hidráulico, além da substituição da comporta principal. Mas secretaria diz que a conclusão da obra não impede a renovação do fluxo de água. “Mesmo com a obra, a Sinfra esclarece que o fluxo da água da Lagoa continua sendo renovado”, ressalta a nota.

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