Revitalização

Lagoa da Jansen ainda tem 18 pontos de poluição

Vistorias são frequentemente feitas, em toda a extensão da Lagoa, para observar as mudanças que já aconteceram desde o início deste longo e trabalhoso processo de despoluição

Foto: Honório Moreira

O Parque Ecológico da Lagoa da Jansen está localizado entre a Praia da Ponta d’Areia e o bairro São Francisco, em São Luís, e possui 6 mil metros quadrados de área com restaurantes, quadras poliesportivas, ciclovias, pistas para cooper e muito espaço livre. Além disso, à noite, a orla da Lagoa tem, nos barzinhos, boates e pizzarias, o movimento noturno ideal das grandes cidades.

Apesar disso, por conta de vários anos de descarte inapropriado de efluentes –resíduos – pelos esgotos de conjuntos residenciais próximos, assim como pelas palafitas instaladas às margens da Lagoa, obras de despoluição tiveram que ser feitas no intuito de devolver toda a beleza do local e torná-lo puro.

Desde 2012, a gestão da Área de Proteção Ambiental da Lagoa da Jansen está sob a responsabilidade da Secretária Estadual de Meio Ambiente (Sema), conforme Decreto Estadual nº 28.690, de 14 de novembro do mesmo ano. A lei promoveu a reclassificação do Parque Ecológico da Lagoa para a categoria de Unidade de Conservação de Uso Sustentável do tipo Área de Proteção Ambiental (APA).

Com isso, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) passou a gerir o espaço e promover as articulações para que a Lagoa pudesse voltar ao seu esplendor original. Mas foi a partir de 2015 que, através de vários estudos e planejamento, a Companhia de Água e Esgotos do Maranhão (Caema) resolveu acabar com um dos piores problemas deste espaço, símbolo da capital, que é a poluição desenfreada.

O presidente da Caema, Davi Telles, conta o que já foi feito até o momento e o que ainda será feito no entorno da Lagoa da Jansen.“No início do trabalho, nós achávamos que a Lagoa tinha apenas 30 pontos de lançamento de esgoto e, na verdade, descobrimos que havia 80 pontos de lançamento de esgoto, quase o triplo. Então, isso mudou o diagnóstico e estratégia da solução deste problema”.

Trabalho quase concluído
Foram intervenções em todos os setores da Lagoa da Jansen e, apesar de quase silencioso, os benefícios podem ser percebidos nitidamente. Segundo o presidente, atualmente ainda existem 18 pontos de lançamento de esgoto irregular na Lagoa da Jansen, que devem ser, nos próximos dias, suprimidos para que a partir daí a fase de fiscalização de ligações clandestinas possa atuar de forma mais eficiente.

Vistorias são frequentemente feitas, em toda a extensão da Lagoa, para observar as mudanças que já aconteceram desde o início deste longo e trabalhoso processo de despoluição.

A coordenadora de Gestão e Planejamento de Bacias Hidrográficas da Caema, Andrea Leite, explica que a retirada dos pontos de esgotos que são lançados diretamente no local vai garantir, juntamente com a renovação da água através das comportas que possibilitam a troca, a diminuição gradativa dos sedimentos que hoje estão depositados no fundo da água. “Existe um acúmulo no fundo da Lagoa de todos os anos que se despejou esgoto, onde toda a matéria orgânica vai se decompondo e gerando vários tipos de organismos ali. Uma vez a comporta funcionando normalmente e a retirada dos pontos de esgoto, aos poucos esse acúmulo vai degradar e vai chegar a um ponto em que podemos verificar, até visualmente, que houve uma melhora”.

As obras também são realizadas por outra secretaria, no intuito de reavivar essa área através da movimentação cada vez maior de pessoas por lá. Segundo a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra), as obras de requalificação do Complexo Lagoa da Jansen seguem progressivamente. Os serviços incluem revitalização e ampliação da Praça da Lagoa, Praça Frei Antônio e reforma completa da Concha Acústica.

Além destes, estão previstos serviços de recuperação do canal vertedouro de manejo hidráulico, com substituição da comporta principal e instalação das comportas stop-logs que devem contribuir de forma significante para a despoluição da Lagoa, por meio do programa ‘Mais Saneamento’.

A Sinfra informou ainda que a comporta auxiliar está em pleno funcionamento, garantindo a renovação do fluxo de água do local.

O presidente da Caema, Davi Telles, reforça que o processo de supressão de esgotos na Lagoa está sendo concluído, mas o trabalho de preservação e manutenção nunca terá fim. “É um trabalho que eternamente vamos ter que fazer, porque todo dia tem alguém fazendo ligações clandestinas nessa área. A matéria orgânica vai continuar depositada no fundo da Lagoa, e vai diminuindo com o tempo. Eu sonho que no futuro o espaço será mais utilizado, como poder fazer esportes náuticos lá, tudo isso vai depender deste trabalho que já está sendo feito hoje”.

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2015: primeiros passos
Em 2015 foi implantada uma linha de recalque no setor norte da Lagoa. O recalque é o lado onde o fluído que é despejado na tubulação de esgoto vai em direção oposta à bomba. Ou seja, o que garante que ele continue seguindo o fluxo até chegar à estação de tratamento de esgoto.

“A lagoa abrange cerca de seis bairros. Na parte norte, nós fizemos uma linha de 1,2km que vai da quadra de tênis até mais ou menos o posto Paloma, na saída da Avenida Colares Moreira. Havia a necessidade de se tirar a sobrecarga da rede coletora que tinha ali e deixar de utilizar a galeria de drenagem de águas pluviais”, explica Davi Telles.

Depois deste primeiro momento, o presidente explica que foram necessárias mudanças nas elevatórias para que uma quantidade extra de resíduos fosse bombeada. Assim, o esgoto é bombeado para outras elevatórias ou para a estação de tratamento. A necessidade delas existe em todos os pontos onde a tubulação está no ponto gravitacional. Para atingir as estações de tratamento, a rede de esgoto conta em grande parte com a força da gravidade, que age naturalmente levando água e resíduos. Em alguns momentos, no entanto, é necessário que haja o bombeamento desse conteúdo pela tubulação.“Tivemos que requalificar as duas elevatórias referentes ao setor norte, trocando bombas, equipamentos elétricos, entre outras coisas”.

2016: trabalho árduo
A quantidade de resíduos sólidos coletados pela rede doméstica começou a aumentar, por isso, havia a necessidade de proporcionar estrutura para que o esgoto se deslocasse.

“Nós realizamos a implantação de rede coletora de esgotos no setor sul da Lagoa, em oito ruas no bairro São Francisco. E é uma coisa que se a gente não falar ninguém nunca vai saber, por que é uma área bastante escondida. Com isso, eliminamos pelo menos uns 20 pontos de lançamento de esgoto, inclusive um canal imenso que antes existia. Nós percebemos que precisávamos inverter a direção do bombeamento dos esgotos de prédios do entorno. Então, passamos à construção de duas novas estações elevatórias de esgoto, na região da Avenida Ferreira Gullar. Isso para bombear esse esgoto para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)Jaracati” pontua Telles.

2017: campo de obras
Não só proporcionar uma solução com a construção de implementos novos, mas mexendo no que já está lá. As elevatórias que passaram por requalificações, ou seja, tiveram que receber materiais como bombas e geradores que suportassem o aumento no nível de esgoto que anteriormente era despejado direto na Lagoa e agora seguem para o caminho correto.

“Por conta da supressão dos esgotos no setor sul da Lagoa e a necessidade de aumento do bombeamento na linha de recalque do setor norte, começamos a requalificação de três estações elevatórias de esgoto. A primeira é a elevatória 1.2, próxima à quadra de tênis da região. A segunda é na região do São Francisco. A terceira é próxima a um bar, na Avenida Ana Jansen.”

Davi Telles, conta que mais uma obra teve que ser feita para estender a linha de esgoto do setor Leste. “Além disso, tudo nós percebemos que uma área ficaria sobrecarregada, então fizemos uma interligação para a extensão da linha de esgoto, de 300 metros seguindo para a Avenida Colares Moreira e jogando em um poço de visita, o vulgo bueiro, para o esgoto ser jogado em outra estação de tratamento de esgoto”.

Além disso, a ETE Jaracati, que teve um aumento exponencial de efluentes, passou por melhorias para suportar o volume que está recebendo.

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