ENTREVISTA

Conheça as histórias vividas pelo delegado Walter Wanderley

Conheça as histórias policiais mais bizarras vivenciadas pelo delegado Walter Wanderley. De forma irreverente, ele lembra episódios engraçados da vida do crime no Anjo da Guarda

Delegado Walter Wanderley é titular da delegacia do Anjo da Guarda

O delegado Walter Wanderley, titular da delegacia do Anjo da Guarda, há mais de 5 anos, é daqueles profissionais que levam a profissão com humor, apesar do cenário ser de histórias de crime. Wanderley contou a O Imparcial um pouco das experiências vividas na delegacia de um dos maiores bairros de São Luís.

Conhecido por ser expoente de manifestações culturais e religiosas, como o espetáculo ao ar livre da Via-Sacra, o Anjo da Guarda é um dos bairros mais populosos da capital maranhense. Contudo, também marcado pela criminalidade. Anos atrás, residiam no bairro agricultores, pescadores e produtores de carvão, comunidade criada em torno da barragem do Bacanga, tempo em que a poluição do rio e das praias que circunvizinham a região não existia.

Hoje, a comunidade abraça mais de 300 mil habitantes e cuidar da segurança desse povo não é uma tarefa fácil, porém, ela vem sendo cumprida com responsabilidade pelo delegado Wanderley, que até “Homem-Aranha” já prendeu! Contudo, a história deste delegado não é feita só de casos bizarros. Há tantos anos como delegado, existem casos que até hoje não saem de sua cabeça. Acompanhe essa entrevista também na TV Imparcial.

Homem- aranha

Um dia eu chego em casa e meu filho mais novo pergunta: – Pai, o senhor prendeu o Homem-Aranha que estão falando aqui no rádio, não foi? Eu disse: – Sim, meu filho, o Homem-Aranha agora tá na cadeia. Na verdade se tratava de um bandido que estava escalando as casas dos moradores do Anjo da Guarda pra furtar.

Da última vez, ele escalou a casa de uma senhora que mora no bairro há mais de 40 anos. A senhora já botou cerca elétrica e mesmo assim, ele ia lá e pulava.

Depois, ela colocou serpentina no telhado e ele ia lá perturbar de novo. Ele chegou a ofender a senhora com palavras chulas. Esse ladrão, conhecido como “Homem-Aranha”, chegou até a invadir a casa de um surdo e tirar seu aparelho de audição quando o mesmo estava dormindo. Foi o jeito falar com o juiz e pedir a prisão desse cara. E está preso desde o ano passado.

O bode

Um bode de uma senhora aqui do Anjo foi roubado. Fomos em cima e embaixo, até encontrar a quadrilha que roubou o bode. Mas não era só um simples bode, a dona dele disse que dava até leite Ninho pra amamentar o animal. E eu tive que dar conta desse bode, porque a dona estava desesperada. Igual a um pai quando perde um filho. Resultado: prendi o cara que carregou o bode, o cara que intermediou a venda do bode, o outro que apontou o bode para o ladrão e o cara que matou o bode. Todos foram para o xadrez. Como só tinha o couro do bode, ainda existente, a senhora pegou o coro do bode e levou pra casa.

Cidade Olímpica

Antes de ser delegado aqui do Anjo da Guarda, eu cuidava da área da Cidade Olímpica. E crimes contra pais, contra mulheres, crianças e outros ainda me deixam triste. Na Cidade Olímpica, chegou um dos policiais falando que um rapaz tinha matado a mãe dele. Quando chego lá, vou entrando na cozinha e olho pra parede e vejo sangue, olho pra geladeira mais sangue, olho no piso o sangue escorrendo e mais a frente um corpo de uma senhora de 74 anos morta e estendida no chão da sua casa.

Quando chegamos lá, o filho dela já estava detido pela população e o povo querendo acabar com ele. Quando cheguei lá, eles me respeitaram logo e soltaram o sujeito e botei ele na viatura. Quando fui interrogá-lo, o filho da senhora contou que a mãe estava pegando uma verdura na geladeira e ele chegou com um pedaço de madeira e deu na cabeça da senhora, que morreu logo no local. Ele ainda me disse que era doido, mas eu disse que aqui ele não era doido, ele era um criminoso e ia ser preso. E foi.

Outro caso também aconteceu na Cidade Olímpica. Um filho de uma senhora, ele ainda menor de idade, chegou em casa muito drogado, pegou uma faca. A mãe tentou tomar a faca, e ele acertou com um golpe no coração da mãe, que não resistiu e morreu lá mesmo.

Anjo da Guarda

Outro caso já aconteceu aqui no Anjo da Guarda, o caso da jovem Raissa. O crime aconteceu da seguinte forma: A jovem foi atraída pra casa de um amigo. Na casa desse amigo, ela foi dopada, depois tentaram estrangular ela com um fio e, quando já desacordada, porém ainda viva, eles enrolaram ela no lençol, botaram dentro de um balde e levaram para um boieiro onde atearam fogo com ela ainda viva. Depois, esquartejaram o resto do corpo da vítima e colocaram em um ponto onde a água da maré vinha e voltava, na intenção de que o corpo sumisse. Só que a água veio e não levou o corpo. E acabamos descobrindo o crime. Dois deles não foram encontrados, mas soubemos que foram mortos a tiros e facadas.

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