Entrevista

Maranhão é pioneiro na exploração de gás natural

Expectativa da Eneva, maior operadora privada de gás natural do país, é investir cerca de R$ 340 milhões na economia do estado

Henrique Rzezinski, diretor de Relações Institucionais da Eneva. Foto: Karlos Geromy

O Maranhão é destaque quando o assunto é exploração de gás natural em terra. O estado tornou-se referência devido ao modelo operacional utilizado, que combina duas coisas: gás e energia. Os investimentos feitos pela Eneva nesta área modificaram positivamente a economia do estado e contribuíram para geração de empregos. A companhia, por meio de sua subsidiária, Parnaíba Gás Natural, detém mais de 27 mil km² em áreas concedidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) na Bacia do Parnaíba, no interior do Maranhão.

O fato é que os resultados neste setor estão sendo comemorados pelo diretor de Relações Institucionais da Eneva, Henrique Rzezinski. Em entrevista a O Imparcial, ele afirma que cerca de R$ 230 milhões em royalties já foram distribuídos entre o governo do estado, municípios e proprietários de terra em quatro anos. Agora, a meta é investir mais R$ 340 milhões no Maranhão.

Rzezinski explica que toda exploração de gás no estado resulta em contrapartidas financeiras, sociais e ambientais. A produção de gás no Maranhão e o seu respectivo uso já são uma realidade. Com sete campos de gás natural declarados comerciais, sendo três deles em produção para atender, exclusivamente, às usinas do Complexo Parnaíba, a Eneva tem uma produção de até 8,4 milhões de m³ de gás, o que a coloca como a maior operadora privada de gás natural do país.

“No início, tínhamos um desafio extraordinário: passar a produção de 4,8 milhões de m³ de gás para 8,4 milhões de m³ em um período extremamente curto de um ano e meio. Foi uma campanha extremamente agressiva e provocou a ordem de R$ 1,5 bilhão nesse plano”, disse o diretor da Eneva.

O Imparcial – Por que investir no Maranhão?
Henrique Rzezinski – Quando se decidiu investir em uma operação de exploração de gás e exploração térmica, era porque havia uma carência muito grande nessa área. Essa bacia, que era pouco explorada, poderia ter uma capacidade de fornecimento de gás específica. Isso foi o que levou a utilizar essa combinação das duas coisas: gás e energia. No início, tínhamos um desafio extraordinário: passar a produção de 4,8 milhões de m³ de gás para 8,4 milhões de m³ em um período extremamente curto de um ano e meio. Foi uma campanha extremamente agressiva e provocou a ordem de R$ 1,5 bilhão nesse plano.

Como está a operação na região?
Temos quatro térmicas em funcionamento na região. Temos 153km de gasodutos implantados, uma dezena de poços produzindo. A produção está em pleno vapor. Essa é uma questão que o maranhense não conhece. Isso é realidade hoje. Temos quatro térmicas e uma produção de 8,4 milhões de m³ de gás disponíveis. As térmicas elas funcionam com gás, mas elas são acionadas a pedido do operador nacional de sistemas. Temos o compromisso com o governo federal, com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com o operador nacional de sistemas de forma que temos que estar preparados para o pico. Se ele pedir 8,4 milhões de m³ de gás, nós temos que estar prontos. Somos basicamente um gerador à disposição do sistema elétrico nacional.

Esse gás pode ser transportado e usado em São Luís?
Nós utilizamos o gás natural dessa região, que não teria serventia se não fosse nesse modelo. O gás não dá para trazer para São Luís porque é muito distante, e os gasodutos são caros. Não tem consumo aqui que justifique o investimento. O gás existia e a demanda por energia elétrica também. Aí juntou-se isso e montou um modelo de negócio. As térmicas foram construídas, propositadamente, ao lado das linhas de transmissão da Eletronorte. O maranhense precisa entender que temos hoje um gerador que garante o fornecimento do Subsistema Norte e ainda ajudamos o Subsistema Nordeste nos momentos de crise.

Além de ser um gerador para o Norte e Nordeste, onde esse gás poderá ser aplicado?
Somos cobrados para o uso do gás aqui em São Luís, mas esse gás está todo comprometido ao funcionamento das térmicas. Daqui para frente, esperamos poder participar mais de projetos industriais, de outras formas de monetização do gás que realmente contribuam para o desenvolvimento industrial e agropecuário do estado, que vai precisar muito de energia.

O que a empresa está desenvolvendo nas comunidades?
Temos compromisso importante com nossos acionistas, mas, em paralelo, não acreditamos existir desenvolvimento econômico se não contribuirmos para o desenvolvimento social. Agimos na regularização fundiária porque ela dá cidadania à pessoa. Comprometemo-nos com o governo em apoiar o Escola Digna, um dos programas mais importantes que existem no Maranhão. Acabamos de entregar a escola em Santa Filomena. Temos uma série de ações como contrapartida de toda a operação que a gente tem: reassentamento de comunidades, atividades comunitárias, criação de centro comunitário, saneamento básico.

E como a empresa lida com os impactos ambientais?
A nossa relação com a questão ambiental é extremamente responsável. Nós, que atuamos numa área de exploração primaria, que tem um impacto no meio ambiente, temos que ter a responsabilidade e cuidado de fazer isso de acordo com os preceitos mais modernos para evitar impactos ambientais. A pior coisa é um acidente ambiental. Nossa preocupação é transformar uma riqueza que a gente tem em desenvolvimento econômico e social e preservar o meio ambiente. Não tem como fazer investimento nesta área sem compensações ambientais. Estamos recuperando trechos da margem do Rio Novo. Isso é um projeto de compensação ambiental junto à Secretaria de Meio Ambiente do Estado. E como essas, temos outras ações. Para cada investimento que fazemos, pagamos compensação ambiental. Isso é revertido para a manutenção de unidades de proteção ambiental pelo estado. Grande parte dessas compensações ambientais são produtos de audiências públicas.

E a questão dos royalties e geração de empregos?
É uma coisa importante. Nos últimos quatro anos, a empresa, com sua atividade, colocou no estado R$ 230 milhões em royalties, distribuídos entre o estado do Maranhão, municípios e proprietários. Isso traz uma riqueza importante. Neste ano, vamos fazer investimento de R$ 340 milhões em um conjunto de investimentos. Os gasodutos vão gerar 400 empregos diretos, as sísmicas mais 500 empregos diretos, isso sem falar das plantas em operação. Isso é apenas um projeto inicial. É uma maneira de explorar o gás em todo o Maranhão em vários outros projetos. Então é replicar esse modelo em outras regiões do estado para geração de energia, que é o que país precisa.

Por que o país precisa deste modelo?
Isso pode ser a solução para as bacias do Parnaíba, do Amazonas, do Paraná, que podem usufruir deste modelo porque não existe malha de gasoduto no país. Esse modelo é campeão e estratégico para o país. E o Maranhão é o exemplo para replicar. A gente está construindo as bases para operação deste modelo e o Maranhão é pioneiro na exploração em gás em terra e na implantação das normas, das salvaguardas, das tecnologias que tornam isso seguro.

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