Garrincha precisa encontrar um lar
Em campanha pela busca de um lar, cachorro que tem deficiência nas pernas traseiras mora em uma casa temporária até encontrar uma família fixa
Desde o mês de setembro de 2016, a casa do músico e produtor cultural Nyelson Weber, 38 anos, ganhou temporariamente mais um membro, dessa vez de quatro patas e que tem uma história de superação. O animal mora temporariamente na casa de Nyelson, após sofrer um grave acidente e precisar de cuidados e uma lar para se recuperar. Sem raça definida, com traços de pastor alemão, antes ele vivia na rua e morava entre os prédios e corredores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e recebia os cuidados de estudantes e principalmente de membros da organização Amparo Animal Ufma (AAU), que o batizou de Garrincha, em homenagem ao grande jogador de futebol Mané Garrincha, que ficou famoso principalmente por seus dribles desconcertantes apesar do fato de ter suas pernas tortas.
A vida do cachorro mudou drasticamente, quando ele foi atropelado dentro do campus por uma motocicleta, que o deixou gravemente ferido. Garrincha, que ainda não tinha esse nome, foi resgatado pela instituição de amparo, que arcou com todos os custos do tratamento e ajuda até hoje o dono adotivo a manter o animal.
“Ele foi encontrado com a coluna fraturada, sofrendo muito. Quase sofreu eutanásia porque estava muito mal e eles não viam como ajudar. Na persistência, levaram pra uma clínica particular, onde foi operado e ficou internado durante um mês e acabou ficando sem os movimentos das patas traseiras. Eu dava lar temporário para a Pretinha, uma cadelinha que a organização resgatou com oito filhotes recém-nascidos. Quando fiquei sabendo do resgate do Garrincha, pedi pra que ele viesse para cá”, conta Nyelson.
AAU ainda não tem CNPJ e atua através da internet, com campanhas pelas redes sociais, onde consegue as doações para ajudar o Garrincha e outros a cachorros de rua.
Recuperação e adaptação
As mudanças foram logo percebidas, como a diferença de peso, já que Garrincha pesava menos de 10 quilos quando foi resgatado e hoje já ultrapassa os 20. Além disso, fatores como força e esperteza também mudaram segundo Nyelson. “Ele ganhou peso e força, tem o peitoral e patas da frente bem fortes. O pelo dele ficou muito bonito. Quando chegou era bem magro e assustado. Com o tempo ficou muito alegre. É muito brincalhão e carinhoso. Adora ver gente, mas é um pouco ciumento com outros cães machos”.
E se a pergunta é como ele consegue se locomover, tendo perdido o movimento das pernas, limitação provocada pelo acidente, a resposta veio de outro projeto, elaborado por Fábio Oliveira, que também gosta de pets e adequou uma cadeira para facilitar a locomoção do animal.
“A cadeirinha dele ficou obsoleta depois que ele engordou e ganhou força pra se movimentar. Ela já estava apresentando problemas por ser frágil pra ele. Então comecei a pesquisar na internet e achei uma cadeira legal em São Paulo. Tirei as medidas dele e solicitei orçamento.
Depois o pessoal da AAU criou uma campanha para arrecadar o dinheiro. Dai apareceu o Fábio que tem uma cadelinha que usa cadeira de todas que ele mesmo fabricou depois de comprar uma de fora e ver que não seria ideal pra ela. No caso dela, foi babesia canis, uma doença de carrapato que fez ela perder os movimentos das patas traseiras. Então ele veio aqui e fabricou uma cadeira sob medida pra ele, feita de canos e muitos resistente”, relata Nyelson Weber.
Para Garrincha a cadeira serviu não apenas como apoio de locomoção, mas como símbolo de independência. “Hoje o Garrincha tem mais qualidade de locomoção com ela e pra mim que cuido dele ficou mais prático para colocar ele na cadeira e passear com ele. Ele passa o dia dentro de casa sem a cadeira, se move com as patas dianteiras e quando saímos é uma alegria doida, ele consegue correr e quase não acompanho. Não tem a mesma velocidade que um cão com as quatro patas, mas anda muito bem”.
Buscando um lar
A única coisa que ainda falta na vida do Garrincha é uma família que possa acolhe-lo, para que sua história tenha um final feliz. Para isso uma intensa campanha
“Adote o Garrincha” está sendo realizada há alguns meses e vem sendo amplamente divulgada no intuito de que alguém o adote. A rotina deverá ser a mesma de um cachorro normal, já que agora ele está saudável e precisar de carinho e um lar.
“Pra mim ele é um exemplo de força e motivação. Ele é muito alegre e carinhoso. Pra quem pensa em adotar , digo que não dá mais trabalho que outro cachorro qualquer. Eu tenho que por ração, água, limpar a sujeira, dar banho e passear com ele. Só o que ele precisa é da cadeirinha, que já tem. Ele é como outro cão, precisa de atenção e carinho”.