Opinião

Leia “Igreja perde milhões de fieis”, artigo do advogado Pedro Leonel

Pesquisa do Datafolha revela que, entre outubro de 2014 e dezembro de 2016, a religião do catolicismo teria perdido um contingente de 9 milhões de fiéis no Brasil

Pesquisa do Datafolha revela que, entre outubro de 2014 e dezembro de 2016, a religião do catolicismo teria perdido um contingente de 9 milhões de fiéis no Brasil (Folha de S. Paulo, 25.12.16, A7). A pesquisa é neutra e se limita a dados objetivos, silenciando quanto a possíveis causas desse fenômeno. Consta ainda da mesma pesquisa que, entre os brasileiros o percentual de católicos teria variado de 75% em agosto de 1994 para 50% em dezembro de 2016. Assim, grosso modo avaliando-se tais números, pode-se deduzir, a ser mantida essa tendência, que o catolicismo poderá perder a liderança entre as religiões no Brasil. Em quanto tempo, não sabemos!
Foi dito que a pesquisa em si é neutra, mas tal não impede que perante ela tenhamos uma reação valorativa, quer o leitor tenha simpatia ou não pelo catolicismo apostólico romano. De resto, em face do que direi a seguir, melhor será não adotarmos uma posição de apriorística simpatia e de irredutível adesão confessional a essa religião. Isso porque em plano superior, transcendendo a uma religiosidade de meras alegorias e fascinantes exterioridades litúrgicas, penso que o catolicismo não se exaure em procissões, bentinhos e romarias. A pesquisa talvez exibisse outro perfil dessa religião acaso o entrevistado fosse instado a falar sobre Revelação, Ressurreição e Transcendência, categorias que mais de perto falam ao divino, que esta é a verdadeira face espiritual do catolicismo.
A bem verdade, não sou de todo infenso à ideia daqueles que, no plano existencial, entendem que a função da religião — de todas as religiões — tal como da moral, da moda, do direito, é exercer o papel de meras ferramentas assecuratórias do desejado equilíbrio social. Sem tais instrumentos, o tecido social poderia ser dilacerado ao embate inevitável com os inevitáveis e atávicos instintos humanos.
Por isso é que desde tempos imemoriais a religião chegou. E chegou para ficar. O certo é que atendendo a impulsos de ordem vária — que não cabem de ser excogitados neste espaço — o homem sempre sentiu necessidade de voltar-se para o transcendente: com a finalidade de amortecer uma fúria instintiva ou, quem sabe?, de buscar proteção contra a agressão de uma natureza sempre hostil e misteriosa.
Ninguém pode negar, assim, que a religião é conatural à própria sociedade. É de ressaltar-se, no entanto, que mesmo sendo um instrumento usado para fins sociais, a religião uma vez institucionalizada não pode renunciar a seu substrato espiritual sob pena de perder autenticidade e essencialidade. Isso porque em todas as religiões há um traço comum: não importa o nome que se lhe dê, o certo é que em todas há um componente divino, espiritual, místico ou transcendental. Misterioso, até.
Daí dizerem os entendidos que a presença, maior ou menor, desse componente no corpus da instituição, pode concorrer para maior ou menor credibilidade que a religião em causa possa causar na crença de seus fiéis.
Diante disso e voltando à pesquisa do Datafolha, ouso agora ensaiar uma tese à guisa de conclusão: a Igreja Católica, no Brasil, foi a única que sofreu uma agressão interna contra seus princípios mais caros. Padres, bispos e cardeais, impulsionados por uma ideologia avessa a Roma, passaram a pregar aos fiéis que a Igreja, ao abandono da primazia pelo espiritual, deveria dar prevalência ao social (Teologia da Libertação). Nenhum outro fator pôde ser detectado apto a justificar a enorme defecção por ela sofrida nos últimos anos.
Assim é que de milhão em milhão a Igreja vai perecendo. No Brasil da CNBB.

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