OPINIÃO

Leia ‘Como é difícil mudar’, artigo do neuropsiquiatra Ruy Palhano

O neuropsiquiatra Ruy Palhano analisa a dificuldade de mudança em seu artigo sobre o ano novo

Foi-se o Natal e HOJE É NOVO ANO. Ocasiões, de muitas festas, alegrias, confraternizações e, o que não falta, são os votos de saúde, paz, prosperidade, sucesso e os de que sejamos felizes. Tudo isso, é o que todos, desejam para todos. São aspirações, que falam muito alto nesses momentos.

São datas especiais, e nada melhor do que nos confraternizarmos e desejarmos o melhor da vida para cada um de nós. São datas muito especiais e cheias de simbolismos: o nascimento de Cristo e a passagem de ano para o outro.

Nos abraçamos, conversam mais uns com os outros, nos tornamos mais próximos, mais amáveis, mais atenciosos e solidários. Passa-se, também, a reexaminar, com mais interesse nossas vidas de forma mais objetiva e a elaborar planos de mudanças, especialmente sobre aquilo que julgamos que não vai indo muito bem.

Nessas circunstâncias, constata-se mais de perto, nossa generosidade, amabilidade e solidariedade e, se reflete melhor sobre o que fazemos na vida que se leva, percebe-se, de forma mais evidente, a nossa necessidade de se mudar algumas coisas.

Nesse ponto em particular, destacaria, que a disposição de se mudar nasce, em geral, do reconhecimento de situações desfavoráveis que cada um leva na vida e, isso, pode ocorrer em qualquer época da vida e não somente nessas ocasiões apontadas acima. Isto é, sempre que nós nos encontremos em situações desagradáveis, passando por problemas de diferentes ordens ou não estamos bem na vida, passa-se a pensar sobre a necessidade de se mudar. Nas ocasiões acima, se torna mais forte isso, e o que não falta são manifestações de desejos que ocorram mudanças na vida de cada um.

Há um ponto, todavia, que me chama muito a atenção, que é verificar que passado esses momentos, do natal e do ano novo, parece que tudo volta ao que era antes. As mudanças tão pretendidas, que é bom, ficaram no plano dos desejos, das ideias e das fantasias.

Fico a me perguntar: porque será que muitos não conseguem cumprir o que desejam, o que planejam o que idealizam? Porque não conseguem atingir seus intentos, seus objetivos, tão fortemente desejados nessas ocasiões e em outras? O que se passa ou o que acontece, mesmo sabendo-se que precisam mudar e não mudam?

É obvio, que entre o que desejo alcançar e o que terei que fazer para fazer nesse sentido, há profundas diferenças. Ação ou atitude são diferentes de pensamentos e ideias. Sabe-se, também, que qualquer mudança, por maior ou menor que seja, tem que haver disposição, esforço, vontade, determinação e, sobretudo, motivação para fazê-lo. Isto é, não é só pensando em mudar que se muda. Não é só pensando em fazer que se faz. E assim por diante. Tem que haver uma harmonia entre o mundo das ideias e dos desejos e o fazer, para implementar as mudanças efetivas. De tal forma, que sem essa conjugação não alcançaremos os objetivos.

Sabe-se, também, que para que haja mudanças em nossas “práxis” ela tem que ocorre primeiro dentro de cada um. Essa é uma premissa básica, sem a qual nada acontece. A mudança começa dentro de cada um e, por extensão, repercutirá no mundo que se vive, portanto, para alguém concretizar seus sonhos e seus ideais, faz-se necessário que a pessoas mudem seus hábitos de pensar, de sentir e de agir, para poderem empreender uma mudança verdadeira. E, essas mudanças deverão sempre, estar em consonâncias com a determinação e a disposição em querer fazê-las.

Mudar nosso cotidiano, é mudar nossa visão sobre nós e sobre o mundo. É, nos esforçar, na consecução dos nossos objetivos. É reconhecer necessidade, ter vontade e interesse em fazê-lo. É, se autodeterminar e estar bem motivado para alcançarmos o que se quer.

Em não havendo isso, há um fracasso geral, quanto ao alcance de nossos propósitos. Sobrevém, uma baixa estima pessoal e um desencanto. Há uma espécie de decepção consigo mesmo. Tem muita gente que quer ter uma vida boa, ter dinheiro, estar empregado, ter saúde, ter paz, sucesso ou levar uma vida feliz e não fazem por onde. Desistem rápido, quando tem qualquer difi culdade e não perseguem mais seus ideais. Querem ter tudo isso, vindo do céu. Na hora do esforço para se conseguir seus objetivos, vem a inércia, o conformismo, a acomodação e, logo deixam as coisas que querem para trás. Isto é, na hora de arregaçar as mangas e partir para a luta, se abatem.

Entendo, que vários fatores podem contribuir para essas discrepâncias, entre o pensar e o fazer, o desejar e o querer, entre as ideias e as ações. E, há de fato uma diferença enorme entre tudo isso. Embora, se saiba, que uma coisa dependa da outra. Nossas ações, representam nossos pensamentos, nossas emoções e nossos desejos. E, ante o conformismo e a acomodação, releva-se uma tendência humana importante, que é a abominável a tendência a inércia, que nos torna conformados, inclusive, com o que nos desagrada.

Uma espécie de conformismo mórbido que nos impede de mudar, de avançar, ir para frente e de conquistar. Nos torna conservadores exagerados, a mantemos nossas posições, mesmo que nos incomode. Isso, torna as mudanças algo difícil, e nos impede de avançar.

A palavra, portanto, nesse fim de ano é mudança. Se quer mudar, mude. Aja, comece agora, dê o primeiro passo e prossiga. Continue no dia seguinte, rompa a inércia e vá em frente em direção dos seus propósitos. Mude, no sentido de querer sempre o melhor para você. No sentido de resistir ao do conformismo. Mude, no sentido de fazer mais o que você quer, e menos o que os outros querem que você faça. Mude, torne-se mais independente. Mais solidário, mais afetuoso, mais amoroso, mais atencioso. Seja mais altruísta e menos voltado para você mesmo. Mude, dê o melhor de si para os outros: ame mais, dê mais carinho, seja mais fraterno, dê mais atenção a quem fala contigo. Proteja mais os que necessitam. E, ame mais a vida. Ano novo, vida nova!!!!

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias