Às 16h desta quarta-feira uma pequena parcela do Brasil vai parar. Bem pequena mesmo e que dificilmente chegará a 1 mihão de pessoas. 1% do País deve saber que uma de nossas seleções estará disputando o seu primeiro mundial. De um esporte que não é popular, mas que vem crescendo a cada dia que passa. O futebol americano brasileiro dará um passo enorme quando entrar em campo nesta tarde contra a França em Canton, Ohio. Pela primeira vez jogará uma Copa do Mundo e colocará o País de vez no mapa da bola oval.

Para chegar em Canton, não foi nada fácil. A eliminatória foi disputada em janeiro contra o Panamá, na casa dos adversários. Antes disso, uma escala no Recife, onde os Onças, apelido da Seleção, venceram a Seleção da Superliga Nordeste por 57 a 0. Naquele momento o que importava era a preparação, mas existia uma preocupação além do jogo contra os panamenhos. Dinheiro.

Sem patrocinadores, os atletas da Seleção repetiram o que fazem nos clubes aqui no Brasil. Pagaram para jogar. Já não bastasse ter que bancar o próprio equipamento e viagens para jogos dentro do País, os atletas foram até o Panamá com dinheiro do próprio bolso. O esforço foi válido. A vitória por 26 a 14 garantiu a Seleção no Mundial que começa nesta quinta-feira, mas havia muito trabalho a ser feito.

Sem condições de se reunirem como uma Seleção merece, o único encontro dos atletas até o Mundial ocorreu em Curitiba no mês de abril. Lá o técnico Danilo Muller teve apenas quatro dias para observar mais alguns atletas e fechar a lista de convocados e pode conscientizar os atletas que a situação para disputar o Mundial estava complicada.

Em seis meses a Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) correu atrás de patrocinadores e fez até “vaquinha” para chegar aos Estados Unidos. A estratégia não deu tão certo e os jogadores tiveram que bancar mais uma vez suas passagens. Cada um teve que desembolsar cerca de U$ 1,2 mil para disputar a competição, mas todo o esforços valeu a pena.

Na véspera da partida era possível ver a felicidade no rosto dos atletas após tanta complicação para disputar a competição. Em um churrasco organizado pela Federação Internacional de Futebol Americano (Ifaf) com todas as delegações, os brasileiros eram os mais animados e até pedido de casamento ocorreu durante o evento.

Por outro lado, já existia uma grande ansiedade pela partida, que pode ter um complicador. A chuva. “Estamos esperando o jogo com muita chuva. Mas já estamos preparados para isso. Não sabemos muito o que esperar da França, mas com certeza será um jogo duro”, contou o quarterback Rodrigo Dantas, atleta do João Pessoa Espectros.

Apesar de ter cinco times de futebol americano em Pernambuco, nenhuma equipe cedeu atletas para os Onças. Por outro lado, a coordenação da defesa e os cuidados médicos estão nas mãos de dois pernambucanos. Lucas Cisneiros, técnico do Recife Mariners/Náutico, é o coordenador defensivo e Paulo Santana, médico dos marinheiros, também cuidará dos Onças na competição.

Apesar do Mundial ser dividido em dois grupos, as equipes se enfrentam de acordo com o resultado da primeira rodada. Caso vença, o Brasil enfrenta o vencedor da partida entre Austrália e e Coréia do Sul. Só uma vitória nesta quinta-feira dá condições de sonhar com o título.

13h – Austrália x Coréia do Sul

16h – Brasil x França

20h – USA x México

*Japão folga na primeira rodada

** Jogos serão transmitidos pelo Watch Espn