A FRANÇA É AQUI

Clássicos do cinema europeu invadem a tela do Cine Humberto Mauro

Mostra Clássicos Franceses Restaurados começa nesta sexta-feira

Arte
Quinze filmes que representam alguns dos principais movimentos do cinema francês integram a programação da mostra Clássicos Franceses Restaurados, que tem início hoje no Cine Humberto Mauro. Obras de Georges Méliès, Jean Renoir, Jean-Luc Godard, Robert Bresson e Jean Vigo, entre outros, compõem o recorte. Todas as cópias são em formato DCP.
Fruto de parceria com a Cinemateca da Embaixada da França e o Instituto Francês, a mostra, com entrada franca, reúne filmes realizados do início até o final do século 20. “Além da exibição de clássicos em formato especial, a mostra ainda dá acesso a obras mais raras, pouco vistas aqui”, afirma Bruno Hilário, que assina a curadoria.
Um bom exemplo disto está justamente nos filmes selecionadas para a abertura, nesta sexta-feira. Abrindo a programação está ‘Viagem à lua’ (1902), o inovador curta-metragem de Méliès, uma das produções mais importantes dos primórdios do cinema. Em 2012, a Fundação Clóvis Salgado fez uma exibição especial do filme, com trilha executada ao vivo por Arnaldo Baptista. “Naquela versão era de uma cópia restaurada em blu-ray. O filme continua inédito no formato DCP”, diz Hilário.
Na sessão das 17h de hoje, após ‘Viagem à lua’, que dura 13 minutos, será exibido ‘Zero em comportamento’, produção de 1933 de Jean Vigo, filme igualmente importante, mas muito menos conhecido. “Este filme, a exemplo de ‘Viagem à lua’, também trabalha o imaginário simbólico, o universo não realista, mas de outra maneira. Ele pensa a sociedade de forma mais concreta”, diz Hilário.
REALISMO POÉTICO A cinematografia francesa dos anos 1930 é marcada pelo chamado realismo poético, que veio como uma resposta ao poderio da produção norte-americana da época. “É um movimento que buscou discutir a realidade social de maneira lírica, satírica”, comenta o curador. ‘A grande ilusão’ (1937), de Jean Renoir, em destaque hoje, às 21h15, é um dos expoentes do movimento. “É um tratado humanista realizado no período entre guerras.”
Logo depois, a produção cinematográfica francesa inicia o período do filme de autor, que destaca nomes como Jacques Tati e Robert Bresson. Para fugir do lugar-comum, a mostra preferiu exibir um filme pouco conhecido do diretor de Meu tio. “’O carrossel da esperança’ (1949) apresenta uma série de procedimentos estéticos que vão se repetir ao longo da carreira de Tati, como a relação do homem com a modernidade, uma discussão muito forte após a Segunda Guerra”, explica Hilário.
Outro filme desta seara, que o curador coloca como um dos destaques da mostra também por sua raridade é ‘Olhos sem rosto’ (1960), de Georges Franju, sobre um cirurgião que tem uma filha desfigurada após um acidente de carro. Para tentar reconstruir a face da jovem, ele sequestra outras mulheres para transplantar a pele delas. Na época de seu lançamento, o longa foi muito mal recebido pela crítica. O reconhecimento de sua importância no gênero horror deu-se mais tarde. Um dos fãs da obra de Franju é o espanhol Pedro Almodóvar, que admitiu ter se inspirado em Olhos sem rosto para fazer A pele que habito (2011).
Já a Nouvelle Vague será representada por um de seus mais importantes cineastas, Jean-Luc Godard, através de dois longas: ‘O desprezo’ (1963) e ‘O demônio das onze horas’ (1965). “’O demônio…’ talvez seja o filme de Godard mais lembrado pela beleza estética, tanto que já ficou no imaginário como um modelo do cinema poético”, afirma Hilário.
A mostra ainda promove duas sessões comentadas, dentro do faixa História permanente do cinema, exibida sempre às quintas-feiras. 
 
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