ESPORTE

Maranhense busca vaga nas Olimpíadas em Tóquio

Nesta entrevista a O Imparcial, Fred fala da sua preparação e dos seus sonhos como atleta

Reprodução

O maranhense Frederico Veloso de Castro tem trajetória e influência no esporte aquático, que são determinantes e inquestionáveis. Aos 31 anos ele está entre os melhores nadadores brasileiros, e nem pensa em parar. Treina, comprometido com as Olimpíadas de Tóquio.  Nesta entrevista a O Imparcial, Fred fala da sua preparação e dos seus sonhos como atleta.

O Imparcial – Disputar uma Olimpíada já é um grande sonho. Conquistar medalha, uma imensa emoção, um grande feito.  Antes, no entanto, tem que conquistar bons índices no Pré-Olímpico. Qual sua expectativa nesse momento?

Fred Castro – Minha expectativa é conseguir meu melhor resultado pessoal e que este seja suficiente para representar o Brasil em Tóquio em 2021. Em 2016 fiquei menos de um segundo do índice e é motivador permanecer no páreo, entre os melhores nadadores do país.

Como e onde está acontecendo a preparação para esse grande desafio?

 A minha preparação para este grande desafio está acontecendo na piscina semi-olímpica da UPEN, onde faço dez sessões de treino por semana, incluindo a preparação física. Sou o único atleta maranhense que não saiu do Maranhão para se preparar para as Olimpíadas, então, caso aconteça a conquista da classificação para Tóquio, será uma conquista genuinamente maranhense.

Há muita diferença para quem treina em São Luís, por exemplo, e aquele que se prepara no Sul do país? O que muda?

 A maior diferença é a própria estrutura de treinamento. Enquanto os outros atletas treinam em uma piscina olímpica, eu treino numa semi-olímpica. Tenho feito tempos muito bons, sei o que me espera e vou pra cima com muita fome de classificação.

A pandemia do coronavírus, que adiou a Olimpíada de Tóquio, prejudicou muito os atletas da natação por terem que começar tudo de novo. Como recuperar o tempo perdido?

A pandemia fez com que os atletas utilizassem a criatividade para continuar treinando, eu consegui manter uma rotina de treinos em casa, mas nada comparado ao treino na piscina, porém é nosso dever e obrigação respeitar os protocolos. Isso aconteceu com todos os atletas. Tive COVID na forma leve e não chegou a afetar meu rendimento.

Quais os últimos resultados de expressão na piscina, que o credenciaram como candidato a uma das vagas para representar o Brasil na sua categoria?

 Venci duas provas no campeonato regional na Flórida, em 2019 e a tomada de tempo que fiz em piscina olímpica, em Imperatriz, no mês passado.

Como tem sido seu rendimento nas competições disputadas fora do Brasil nos últimos meses?

 Nos últimos meses não tivemos competições fora do Brasil, mas no geral, de 2005 a 2019, conquistamos recordes e medalhas relevantes.

Há outros nadadores na sua categoria concorrendo. Quantos são, e como você vê esse tipo de disputa?

 Sim, há outros 15 nadadores disputando o índice olímpico, estamos muito próximos desse índice e são nadadores com histórico brilhante. Para mim é uma honra fazer parte dessa disputa, estar entre os melhores do Brasil é significante, é uma pressão saudável e que vença o melhor. Vou fazer minha parte.

Caso se classifique no Pré-Olímpico, você entende que a busca por uma medalha em Tóquio é um sonho que pode ser realizado ou as dificuldades são realmente muito grandes?

 O índice olímpico que o Brasil impõe para que os atletas participem dos jogos olímpicos é bem competitivo a nível mundial. Esse índice é o tempo do terceiro lugar do último campeonato mundial, então diante desse fato, o atleta que se classificar, certamente será um forte concorrente à medalha olímpica.

Quais as técnicas que o nadador geralmente utiliza durante as disputas, seja no pré-olímpico ou na Olimpíada para atingir o melhor rendimento?

 Essa é uma pergunta bem ampla. Falando por mim, a técnica que utilizo é fazer o que o recordista mundial faz: eu tento repetir a quantidade de braçadas que ele faz, na mesma velocidade, mesma quantidade de respirações e a quantidade de ondulações na parte submersa. Essa é a técnica que eu utilizo para alcançar um bom resultado. A boa notícia é que eu tenho conseguido reproduzir grande parte dos resultados do recordista.

Para chegar até onde se encontra hoje, você enfrentou muitas dificuldades? Quais foram?

 Sim. Para chegar até aqui, enfrentei muitas dificuldades que me fizeram crescer e amadurecer no pessoal e profissional e me tornar o atleta que sou hoje. Sem essas dificuldades, talvez não tivesse alcançado tantos bons resultados.

 Quais as pessoas que mais o incentivaram à prática desse esporte e o que a natação representa para sua vida de atleta?

 Sem dúvida, meus maiores incentivadores foram os meus pais, mas também todos os meus treinadores dos diferentes clubes em que tive a oportunidade de treinar e meus companheiros de equipe e amigos foram importantes incentivadores. A natação representa em minha vida momentos inesquecíveis, o reconhecimento na prática sobre meritocracia, sobre trabalho pesado para conquistar um objetivo, natação também representa cultura, pois me deu a oportunidade de conhecer 17 países, representa uma visão social que me deu o projeto Braçada Olímpica, que trabalha valores como a ética, a moral, a responsabilidade com crianças e adolescentes que não teriam condições de acesso a este esporte e através dessa iniciativa tornam-se cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres.

 Conquistar medalhas é importante, mas a natação é um esporte prazeroso e saudável.  Fale desse  prazer e dos benefícios da prática de natação natural ou competitiva?

 Sim, muito prazeroso, saudável e recomendado para todos. Bom para organizar os pensamentos aumenta o vínculo afetivo com a família, nos tira da zona de conforto e nos faz crescer. A prática da natação seja natural ou competitiva, transmite valores e prepara para a vida. É o meu estilo de vida e super indico o esporte.

 Você tem acompanhado o estágio da prática dos esportes náuticos no Maranhão? Qual sua visão em termos de rendimento e avanço na atualidade?

Sim, venho acompanhando os resultados brilhantes dos nossos esportes náuticos. O Maranhão tem avançado exponencialmente nos esportes náuticos, mas precisa do olhar dos empresários sobre esse potencial. O nosso estado é uma mina de valorosos atletas.

O Maranhão tem sido grande revelador de talentos na natação. Mas poderíamos ter mais atletas de alto nível. O que falta pra isso acontecer?

 Poderíamos ter muito mais atletas, visto que já perdemos vários atletas que foram campeões brasileiros na categoria de base, recordistas sul-americanos em categoria de base, o que falta é a junção dos setores público e privado com apoio aos atletas, proporcionando também atualização de técnicas aos treinadores.

 Natação é um esporte que custa caro quando se destina a disputa de competições importantes? É um esporte de elite?

Para aprender a nadar, basta ter uma piscina. Dando essa condição com igualdade para todos, a natação é um esporte justo. Tanto que na edição anterior do Braçada Olímpica, os atletas de escola pública bateram recordes de atletas que estudam em escola particular. Já a partir do momento em que o atleta precisa viajar para competir, torna-se um esporte caro e de elite, porque uma viagem para competição envolve: Inscrição, passagem aérea, alimentação, hospedagem, transporte e na maioria das vezes a família desse atleta que tem um super talento, não possui as condições para investir nele. Falta apoio de todos lados, então muitas vezes vai competir e até ganha a competição, quem tem as condições financeiras e não as melhores condições de desempenho. Sem apoio não se chega a nenhum pódium, seja no esporte ou em qualquer outra área da vida.

Ficha técnica do atleta

  • Nome completo: Frederico Veloso de Castro;
  • Naturalidade: Bacabal  (MA)
  • Idade: 31 anos
  • Altura: 1.84m
  • Peso: 88 kg
  • Revelado: na Escola de Natação Viva Água, em São Luís do Maranhão
  • Categoria: Especialista no nado borboleta;
  • Clubes: Viva Água (São Luís – MA – 1997/2004); MAC/Nina (São Luís – MA – 2004/2008); Virgínia Gators (Roanoke – VA – 2008); Davie Nadadores (Flórida – FL – 2009); Esporte Clube Pinheiros (SP – 2009); Flamengo (RJ – 2010); Fluminense (RJ – 2011); Bayer Leverkusen (Dusseldorf – Alemanha – 2013); Botafogo (RJ – 2014); Sampaio Corrêa (São Luís – MA – 2015); Minas Tênis Clube (Belo Horizonte – BH – 2016).

Títulos mais importantes:

Prata na Copa do Mundo em Berlim (2009); Prata na Copa do Mundo em Pequim (2010); Ouro na Copa do Mundo em Berlim (2010); Bronze na Copa do Mundo em Dubai (2013); Atual recordista de campeonato em Dortmund – Alemanha (2014); Atual recordista de campeonato no estado da Carolina do Sul – EUA (2017); Atual recordista de campeonato no estado da Flórida – EUA (2018).

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