DIA DO ABRAÇO

Pra você, quanto vale um abraço?

Veja histórias de quem sente saudade do ato e uma lista com dicas de como substituir o gesto sem a presença física

Foto: Reprodução

Dar ou receber um abraço é um gesto aparentemente simples, mas de enorme significado. Apesar de singela, essa demonstração de afeto não vem sendo vista nos últimos meses, afinal, o distanciamento social é uma medida necessária para evitar o contágio pelo novo coronavírus. 

De tão afetuoso e simbólico que é, o gesto conta com um dia em sua homenagem: o Dia Nacional do Abraço, celebrado todos os anos no dia 22 de maio. A data, criada pelo australiano Juan Mann, nos convida a refletir sobre o valor que o abraço tem em nossas vidas, afinal, como diz a máxima: “às vezes, um abraço é tudo que precisamos”.

Quanto vale um abraço para quem perdeu um grande amor?

Jornalista Mieko Wada na companhia da família

A jornalista Mieko Wada conhece bem o valor de um abraço. Há duas semanas, Mieko se despediu do pai, o zootecnista Kazuyoshi Wada, que faleceu aos 69 anos, vítima da Covid-19. Hoje, apesar da ausência física, Mieko lembra do abraço acalentador do pai. “Eu não vou mais sentir fisicamente o abraço do meu pai, meu herói, meu parceiro desta vida. E ele tinha (para mim sempre vai ter) o abraço-casa, aquele que é capaz de traduzir a imensidão do amor, o desejo para que tudo desse certo, o cuidado desmedido. Mas isso não me entristece porque basta fechar os olhos para me sentir abrigada nele. Só que agora o abraço é de almas, não de corpos. Sou capaz de sentir o aconchego e a proteção que sempre teve comigo, minha mãe e minhas irmãs”, emociona-se Mieko.

A psicóloga Celiane Chagas ressalta que um abraço sincero é capaz de acalmar e, por mais que tenha sido dado há muito tempo, continua sendo lembrado. “Apesar da consequência de um abraço ser diferente para cada pessoa e circunstância, há algumas sensações que todos compartilham quando se abraçam de forma sincera. Por exemplo, experimentamos uma sensação de tranquilidade, aconchego e relaxamento. Além de nos sentimos protegidos e amados”, destaca.

Quanto vale um abraço para quem sente saudade de casa?

Christian Figueiredo acompanhado dos pais Junior e Cristina

Quando recebe um abraço dos pais, o cabo da Marinha Brasileira, Christian Figueiredo, enche-se do mais nobre dos sentimentos: o amor. Há dois anos morando no Rio de Janeiro, o plano de reviver o abraço na mãe e no pai, que moram na capital São Luís, precisou esperar.

“Não abraço meus pais há quase um ano. Meu plano era de vê-los no mês de abril, quando minha mãe faz aniversário, mas com a pandemia tudo mudou. Minhas férias acabaram e agora vou precisar esperar mais alguns meses para matar a saudade do abraço aconchegante deles”, lamenta o jovem de 26 anos que visita a família, pelo menos, uma vez a cada ano.

Quanto vale um abraço para quem está longe dos amigos?

Bruna Viana acompanhada das amigas

Uma palavra não sai da cabeça da estudante universitária Bruna Viana (21): reencontro. Com o retorno das aulas, agora on-line, Bruna não esconde a vontade de rever as amigas de pertinho, além da tela do computador. “Somos um povo latino-americano e o abraço está em nossa cultura. Longe das minhas amigas e companheiras de estudo, sinto muita saudade, porque são pessoas que me apoiam e incentivam a minha carreira profissional. Além disso, temos uma relação de muita amizade e eu não vejo a hora de reencontrá-las”, espera ansiosa.

A pequena Ana Júlia afirma que sente falta de abraçar os colegas na escola

Criança também tem sentimento e, para os pequeninos, abraço tem gostinho de amizade. Ana Júlia (9) que o diga. A jovem estudante enfrenta o isolamento provocado pela pandemia com muitas brincadeiras e aventuras na cozinha, sempre supervisionada pela mãe, a cantora e influenciadora digital Elielma Vasconcelos. Quando o assunto são os amigos da escola, o sorriso é outro e a saudade vem à tona.

“Eu sinto muita falta de abraçar as pessoas, meus amigos principalmente. On-line é muito bom estudar, mas sinto falta de ver as pessoas normalmente na escola, brincando, correndo e aprendendo junto”, derrete-se.

Quanto vale um abraço para quem sente falta dos alunos?

Professora da educação infantil, Lana Atan afirma que sente falta do abraço diário que recebia dos alunos

Se os estudantes sofrem a falta do abraço nos amigos, os professores também sentem muita saudade. Professora há quase 20 anos da educação infantil, Lana Atan comenta a falta que sente do abraço sincero de cada um dos alunos.

“Eu como professora precisei me adaptar e encontrar uma maneira tanto para repassar os conhecimentos quanto para manter os laços afetivos com meus alunos, agora por uma tela de computador. Sendo professora há muitos anos, eu me acostumei com o contato direto com eles e hoje sinto muita falta, principalmente pela faixa etária deles, pela espontaneidade e sinceridade em cada gesto. Espero que logo seja encontrada uma solução e todo esse cenário mude para que eu reencontre meus alunos e receba os melhores abraços”, deseja esperançosa a professora.

Sem abraço, o que fazer?

Mesmo cheios de vontade de abraçar alguém, por enquanto, esse é um desejo que precisa esperar para ser realizado. Mas quem disse que só existe uma forma de abraçar quem se ama? “Mesmo sem o contato físico, podemos nos adaptar à realidade e demonstrar nosso carinho de outras maneiras. E, então, quando a pandemia for controlada, estaremos livres para dar todos os abraços que não foram dados durante o período de isolamento social”, pontua a psicóloga Celiane Chagas. Até lá, você pode recorrer a outros tipos de demonstrações de carinho. Veja!

Ofereça ajuda

A orientação dos órgãos de saúde é que todos permaneçam em casa e saiam apenas em caso de necessidade, sobretudo os idosos, considerados mais vulneráveis ao vírus. Diante dessa restrição, uma forma de “abraçar virtualmente” é se oferecer para fazer as compras de quem não pode sair de casa, por exemplo. Foi o que fez Fernanda Cunha. “A minha motivação é ajudar ao próximo diante da situação que o mundo enfrenta. Entendi que o pouco que posso fazer protegerá os moradores do condomínio onde moro”, revela a idealizadora da ação que realiza compras para pessoas que fazem parte do grupo de risco de um condomínio em São Luís (MA).

Faça chamadas de vídeo

Com o novo cenário, aquele abraço apertado precisa esperar, mas as demonstrações de afeto não. O século XXI proporciona experiências as mais diversas, uma delas é chamada de vídeo, que se tornou uma ótima saída para conversar com amigos e parentes, dizer o quanto são especiais, buscar e obter apoio, transformando a conversa em um reconfortante abraço virtual.

Escreva o que sente

Se você gostaria de dar um caloroso abraço nas pessoas que ama, diga isso a elas. Faça elas saberem que você sente falta, por mais que, às vezes, faltem palavras para expressar todos os sentimentos envolvidos. Escrever ajuda a aliviar a angústia e a entender melhor o que está sentindo.

Envie mensagens quando sentir saudade

Sempre que sentir saudade de uma pessoa em especial, envie uma mensagem a ela contando o quanto deseja que tudo volte ao normal, para que possam se encontrar e se abraçar. Mesmo que a mensagem não substitua o abraço totalmente, o fato de o outro saber da sua intenção certamente fará bem a vocês dois.

Lembre-se: por enquanto, deixar os abraços para depois é a melhor maneira de cuidar de quem se ama e se protege. Quando tudo isso acabar, certamente o Dia do Abraço terá ainda mais significado para todos!

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