AML lança 12 livros de Jerônimo de Viveiros
Intelectual, que tem a História do Comércio do Maranhão como sua obra mais marcante, escreveu sobre todos os aspectos de São Luís na imprensa maranhense
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![Patrícia Cunha](https://oimparcial.com.br/app/uploads/2019/04/patricia.jpg)
Um legado deixado pelo historiador Jerônimo de Viveiros será apresentado ao público hoje (9), às 19h, em lançamento da Academia Maranhense de Letras, na Livraria e Espaço AMEI (São Luís Shopping).
Ao todo são doze títulos com artigos que foram publicados em sua maioria no Jornal O Imparcial: Quadros da Vida Maranhense: Da vida literária maranhense; Figuras Maranhenses; Franceses e Holandeses no Maranhão; Humorismo e Sátira com Euclides Faria; O Positivismo no Maranhão; Política, Políticos; Recortes da Economia Maranhense; Velhos Jornais do Maranhão; Os Irmãos Azevedo; À margem de nossa história; As bibliotecas públicas e A cidade de São Luís e suas circunstâncias.
A reunião desse material de Jerônimo de Viveiros (11 de agosto de 1884 – 29 de novembro de 1965), foi possível graças ao trabalho do pesquisador Luiz de Mello, que resgatou material de valiosa importância jornalística e histórica, publicado nos anos 1950, na imprensa de São Luís, sobre variados assuntos da vida maranhense.
“O Luiz de Mello apresentou aquele material para a Academia Maranhense de Letras e foi manifestado o interesse de transformá-lo, não só em um, mas em 12 livros contando dos mais diversos aspectos de São Luís e do Maranhão. Jerônimo de Viveiros foi um notável escritor, professor do Liceu Maranhense…, mas, vítima da ditadura, teve que deixar o Maranhão. Foi para o Rio de Janeiro, depois de 10 anos voltou ao Maranhão e às suas funções e deixou grande contribuição para a literatura, não apenas a História do Comércio do Maranhão, sua obra mais conhecida. E agora temos a chance de mostrar todo esse material, por meio de projeto da Lei de Incentivo à Cultura”, disse o imortal e presidente da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar.
Em vida, como professor, jornalista e historiador, Viveiro trabalhou incansavelmente para deixar aos conterrâneos uma obra de relevante densidade intelectual. Em texto apresentado pela AML, relata-se as perseguições sofridas pelo professor.
“Essas perseguições se deram por ordem de Paulo Ramos, nos idos de 1937, em represália às suas posições políticas contra o regime ditatorial implantado no país pelo ditador Getúlio Vargas, sendo, por isso, processado, preso e demitido das funções de professor do Estado e de São Luís. Já no Rio de Janeiro, onde, pela sua capacidade intelectual e postura moral, integrou o corpo docente do Colégio Pedro II. O competente mestre só retorna a São Luís em meados da década de 1940. Garantido pela normalidade jurídica, reintegra-se ao magistério estadual e municipal e, esmera- se no trabalho de resgate de atos e episódios maranhenses, faina executada com destemor e dedicação na Biblioteca, que a deu todas as condições para produzir farto e maravilhoso material, publicado nos periódicos, principalmente, em O Imparcial”.
Vida e obra de Jerônimo de Viveiros
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Artigo publicado pelo saudoso escritor Jomar Moraes aponta que Viveiros era dono de um estilo claro, escorreito e eficaz. “O professor Jerônimo de Viveiros foi um grande mestre em seu labor de eleição. Embora não possuindo títulos universitários, superou tal circunstância, aliando ao talento e à vocação, o empenho de aturados e sistemáticos estudos. E uma prova do historiador que era capaz de trabalhar competentemente com blocos temáticos e também com a lupa que ressalta realidades microscópicas, pode ser oferecida pela numerosa série dos Quadros da Vida Maranhense, publicados em nossa imprensa, e que reclamam a unidade de um volume representativo dessa valiosa obra esparsa”. A série a que Jomar Moraes se refere é a que será apresentada ao público nesta quarta-feira.
Viveiros foi membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a cadeira de nº 8. Filho de Jerônimo José de Viveiros e de Maria Francisca de Viveiros, descendia de uma família de posses no Maranhão. Seus avós paternos foram o Barão e deputado provincial, além de fidalgo e cavaleiro da Casa Imperial do Brasil, Francisco Mariano de Viveiros Sobrinho e Mariana Francisca Correia de Sousa. E seu bisavô paterno foi o senador do Império do Brasil Jerônimo José Viveiros, sendo este filho de Alexandre José de Viveiros e de Francisca Xavier de Jesus Sousa.
Intelectual prestigiado na década de 1950, a Associação Comercial do Maranhão o encarregou de escrever a História do Comércio do Maranhão (1954), na qual traçou um panorama da dinâmica econômica no Estado, ressaltando a participação dos setores produtivos ligados ao comércio.