Procuramos a Federação Espírita do Maranhão para entender melhor o caso João de Deus
O Imparcial conversa com presidente e diretor da Femar sobre a prática do médium, os supostos abusos sexuais e suas consequências para ele, as vítimas e o espiritismo
O médium João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro por suspeita de cometer abusos sexuais contra mais de 500 mulheres brasileiras e estrangeiras, sendo que duas são maranhenses. No dia 21, uma nova ordem de prisão foi dada por posse ilegal de arma de fogo, encontrada durante buscas da polícia em endereços ligados ao acusado.
João de Deus realizava atendimentos espirituais na cidade de Abadiânia, no interior de Goiás, e era procurado por milhares de pessoas de todo o mundo. Estima-se que em dias de maior movimento, a casa Dom Inácio Loyola chegava a receber dez mil pessoas à procura de curas espirituais.
O médium está sendo acusado de abusar de pacientes mulheres em consultas particulares e os relatos e denúncias apresentam um padrão em sua abordagem. Ele justificava os abusos dizendo que seria uma forma de purificação, energização e cura.
Para entender melhor a prática espiritual de um médium e a relação que isso teria com os supostos abusos sexuais, O Imparcial procurou a Federação Espírita do Maranhão (Femar). Confira a entrevista com Osmir Freire, presidente da Femar, e Fábio de Carvalho, diretor de unificação, e o que dizem sobre João de Deus, fraude de fé, sua penitência, as supostas vítimas, a moral dos homens e justiça.
O espiritismo
O espiritismo tem a consciência de que todos chegarão a Deus. O espiritismo não criou nada novo no sentido de rituais ou dogmas. Nos baseamos em um tripé formado por religião, ciência e filosofia. Religião no sentido de promover e colaborar com a transformação ético-moral do ser humano. O espiritismo não vai contra a ciência e não tem dificuldade de falar sobre nenhum assunto.
Como se adquire a mediunidade?
Todos nós somos médiuns em certo nível. Alguns mais, outros menos. A mediunidade é uma faculdade orgânica, não é uma faculdade moral. A mediunidade não torna uma pessoa melhor ou pior, assim como a visão ou a audição são uma faculdade. O esforço de se tornar moralmente melhor é para médiuns e não médiuns.