LANÇAMENTO

Conheça o novo disco de Nathalia Ferro, Alice Ainda

Confira os detalhes de cada faixa, da ‘persistência pela busca criativa’ e da atual fase da cantora

Nathalia Ferro
Tal como a personagem Alice no País das Maravilhas, sonhadora e persistente, a cantora Nathalia Ferro se apresenta em seu novo disco intitulado Alice Ainda. Ainda sonhadora? Pergunto a ela. “Ainda, não. Sempre”. Afinal, o que seria do homem se não pudesse mais sonhar? Persistente, sensível, emotiva, corajosa, criativa, talentosa. Nathalia Ferro tem todas essas características e é com intensidade que fala do próximo disco, como ela mesma descreveu, como se esperasse um filho. Com uma diferença: uma gravidez normalmente leva nove meses. Alice Ainda demorou dez meses para ser criado. E nesse período ela mergulhou fundo, se entregou completamente à descoberta, à criação, à experiência, à música. Quase morou na CasaLoca, onde fica localizado o estúdio do produtor Adnon Soares. O resultado poderá ser conferido nos sites de música especializados a partir do dia 25. O disco estará disponível para audição na página da cantora nas plataformas Soundcloud, Youtube, entre outros.
A artista optou pelo lançamento digital primeiro por uma questão financeira, já que ele é todo independente e depois, por ser, segundo ela, a forma mais comumente utilizada pelos artistas para distribuição de seus trabalhos e pelo acesso do público às mídias digitais. “Hoje em dia o disco tem funcionado como souvenir”, comenta.
Alice Ainda surgiu em um momento considerado por Nathalia de efervescência musical, com bons e talentosos compositores que não tinham suas obras gravadas. Ainda influenciada por Alice que pelo caminho foi juntando vários amigos, ela agregou, juntou vários amigos compositores e suas obras para embarcar com ele nesse disco.
“Percebi que havia um compêndio, um trabalho muito grande na música que tava sendo produzida naquele momento. Havia e há muitos compositores com músicas interessantes. Por isso resolvi fazer um disco com um repertório inédito meu e de outros compositores amigos meus, cujas músicas foram escolhidas de maneira muito sincera, íntima e que falavam tudo o que eu precisava dizer. Foram parcerias muito preciosas. Nesses 10 meses que trabalhei esse disco não foi um trabalho fácil. Foi um sofrimento que curti. Não conheço ninguém que tenha feito um álbum que não tenha sido penoso”, avalia feliz, Nathalia.
Por terem sido composições de amigos, Nathalia se sentiu muito próxima de deles em cada estímulo, cada contribuição, cada colaboração, cada crítica construtiva que foi feita não na produção musical do disco diretamente, mas no resultado final. O disco foi produzido por Adnon Soares, produtor com quem Nathalia já havia trabalhado em 2011, e a arte da capa é de Laila Razzo.
Das 12 faixas do CD três já foram gravadas: Ana e a Lua, de Betto Pereira; O que não é de mim, de Marcos Lamy e Hermes Castro; e Maria de Jesus, de Beto Ehongue. Nathalia tem as participações especiais nos vocais de Lucas Maciel, em Música do Sereno, e de Adnon Soares em Estranho Seu.
Uma sonhadora
Para definir o disco e a sua atual fase, Nathalia recorre mesmo a Alice, da história infantil e para uma expressão muito utilizada para ela com tom pejorativo: “Acorda Alice!”, em uma tentativa de fazê-la despertar para a realidade, para o mundo real onde artista “tem que fazer uma atividade paralela”, que viver da arte no Brasil e no Maranhão é utopia. Com esse disco ela prova que não está errada em sonhar e viver esse sonho, viver naquilo que acredita.
“O Alice Ainda fala de uma persistência pela busca criativa. De um termo que muitas vezes a mim foi atribuído de forma negativa, como se a opção de ser artista não fosse possível. Eu assumo essa graça de ser Alice ainda, de ser uma sonhadora. A primeira coisa do disco foi o título. Então fui pensando outras pessoas para ele. Como Alice, fui pescando pessoas para esse mundo do disco. E acaba que é como um sonho em que qualquer coisa que aconteça ele faz parte de ti, e isso a psicanálise diz. Eles guardam aspectos de ti que vão se construindo contigo através do sonho. O disco não diz só sobre mim, mas sobre ele mesmo”, analisa Nathalia.
Embora fale em sonhos, Nathalia ressalta que o disco não tem “viagens psicodélicas”. As músicas obedecem a uma coerência. Ela o define como pop com a atmosfera no qual ele foi criado, em cima de um sonho, mas com todo sentido.
Embora não tenha a data do lançamento do cd físico, porque a prensagem ainda está sendo pensada, Nathalia fará dois shows em maio: dias 8 (Calourada Geral da UFMA) e 31, na abertura do show do 14 Bis, pelo MPB Petrobras, onde cantará as músicas do novo trabalho. Nathalia Ferro tem 10 anos de carreira e o último disco dela foi Instante (2013).
Faixa a Faixa – Por Nathalia Ferro
1. Porcelana – “É minha e da Laila Razzo. Eu estava em São Paulo e pensava em uma música quando de repente a Laila me mandou a letra inteira por mensagem e foi incrível porque era o que eu precisava. Foi um sentimento muito forte. Eu fiz a música em 5 minutos e é a estreia dela como compositora”
2. Sem Pressa (Marceleza) – “Tem música que parece que não diz nada, mas está dizendo tudo. Essa música não tem uma ideia pronta, mas o que tu sente quando tu escuta já diz tudo. É sem pressa mesmo”
3. Música do Sereno – “É do Paulo César Linhares, meu namorado e do grupo PedeGinja, e é uma música que tem uma coisa muito solar e surgiu no momento que tava fazendo o disco. Uma música que fala de disposição que se tem que ter em São Luís para aquele momento em que ela te rende pelo cansaço. Ela é muito pungente para mim porque fala de força”
4. Vila Esperança – “Música minha e é muito representativa porque foi dela que nasceu o Alice Ainda. E a composição nasceu de forma muito brusca, porque foi uma história que a minha mãe ouviu de um travesti dentro do ônibus que falou a vida inteira dele sem conhecer a minha mãe. Então fala de carência, de exclusão, e de como as pessoas se agarram a uma vida paralela”
5. O que não é de mim – “É do Hermes Castro e Marcos Lamy e é tipo um hino dessa nova geração de compositores. Fala sobre uma pessoa que não está vivendo essa realidade da cultura popular, mas não quer dizer que essas coisas não tem significado, que não fazem parte do seu mundo. Fala da não alienação”
6. Maria de Jesus – “É de Beto Ehongue e foi a primeira música que eu me lembro, que tive vontade de gravar. Isso em 2004, mas eu não estava pronta, eu não me sentia com capacidade para gravá-la. Ela estava no repertório do show do Instante, mas eu não a gravei. Isso veio agora de assumir a responsabilidade . Fala de pobreza, e considero atual, pois também tem fome de conivência, de olhar para a situação do que tá acontecendo, por isso resolvi cantar essa música”
7. Como qualquer chiclete – “É do Phill Veras. Tive a honra de gravar uma música dele que para mim, já nasceu pronto. E fala de um amor curtido, de alguém que está completamente apaixonado e quer grudar em alguém igual chiclete. Ela é de uma delicadeza muito grande”
8. Neguinha – “Essa música eu fiz em 2010. Fala de uma desilusão amorosa”
9. Ana e a Lua – “Eu fiz um arranjo bem dançante pra essa música do Betto Pereira e o que eu mais gosto é do significado dela. A Ana, que é filha do Betto e minha grande amiga hoje, tinha 1 ano e estava nua na janela apontando para a lua. O Betto viu a cena e veio a inspiração. Pouca gente sabe o que o inspirou”
10. Te Deixando aos Poucos – “É composição do Adnon Soares e do Léo Del Nery. Fala sobre um amor que está indo embora. Não é uma música fácil de cantar, mas consegui um resultado de interpretação que realmente me agradou muito”
11. Estranho seu – “É a versão em português da música Strange of Mine, da Soulvenir, que também é a banda do Adnon. Acabei virando co-autora dessa música por ter conseguido colocar uma mensagem minha. É doída essa música. E tem arranjo do Adnon, que canta comigo também”
12. A Queda – “Minha e do Rommel Ribeiro. É um ato de respeito à minha própria natureza. Transmite bem o espírito da pessoa que cria. É a música que encerra o CD”.
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