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Apontamentos sobre a Praia Grande XL

Prossigo na minha caminhada pela Rua da Estrela ou Cândido Mendes. Vejo-me à porta da firma Meireles & Cia., que, na verdade, tem endereço na Rua de Nazaré ou Joaquim Távora, porém de esquina com aquela outra rua. E, no mesmo passo, logo me deparo, em idêntica situação, com a empresa J. A. Mendes, isto […]

Prossigo na minha caminhada pela Rua da Estrela ou Cândido Mendes. Vejo-me à porta da firma Meireles & Cia., que, na verdade, tem endereço na Rua de Nazaré ou Joaquim Távora, porém de esquina com aquela outra rua. E, no mesmo passo, logo me deparo, em idêntica situação, com a empresa J. A. Mendes, isto é, situada na dita Rua Joaquim Távora, salvo engano de nº 170, também de esquina com a Rua da Estrela ou Cândido Mendes, com as portas abertas para ambas as artérias.

Muitas vezes de onde eu residia, para o meu local de trabalho, fiz o percurso que me proporcionava transitar pela Rua Joaquim Távora e em seguida continuava no meu andar pela Rua da Estrela ou Cândido Mendes.

Portanto passava pelas portas das duas firmas citadas, isto é Meireles & Cia. e José A. Mendes. Na verdade, embora, mesmo ainda novo na idade, conhecesse e cumprimentasse a maior parte dos comerciantes e auxiliares do comércio da Praia Grande, o senhor José Álvares Mendes foi um dos poucos com quem iniciei uma relação de conhecimento quando já havia alcançado os meus vinte e quatro anos de idade. É que com esse senhor nunca tive uma só aproximação comercial, assim como jamais conversamos de modo aprofundado sobre a nossa economia, a maranhense. A ele fui apresentado em circunstância especial, no âmbito de relações familiares, o que me fez ter uma excelente convivência com toda a sua família. Esta aproximação se deu por intermédio do meu sogro, Dr. Celso Alves, advogado e amicíssimo do senhor José Mendes, embora eu há muito já conhecesse um dos seus genros, o comerciante Manoel Dias da Silva, casado com Fabriciana, uma de suas filhas.

Pois bem, o estabelecimento comercial do senhor José Mendes, era semelhante aos demais existentes, em especial os que guardavam um certo conservadorismo. Estivas e miudezas, comissões e consignações, imagino terem sido esses os objetivos da firma José A. Mendes, ao ser registrada no antigo DEIC – Departamento Estadual de Indústria e Comércio, órgão antecessor e, portanto, sucedido pela Junta Comercial do Estado do Maranhão. E, para não fugir aos costumes e às circunstâncias de então, com certeza sua principal clientela deveria estar localizada nas cidades do interior, em especial na Baixada Maranhense.

A propósito, lembro agora de que quando fui presidente da Associação Comercial do Maranhão, procurei conhecer a instituição que estava dirigindo, através de sua história, dos seus membros de diretoria. E lá encontrei, pesquisando os arquivos da Casa, no final da década de trinta ou no curso da de quarenta, do século passado, a figura do senhor José Álvares Mendes, como um dos seus diretores, reeleito sucessivamente aos quadros diretivos da Casa de Martinus Hoyer.

Também foi ele um dos sócios da empresa Transportes Aéreos Aliança, criada nos meados do século XX, por decisão da firma Pinheiro Gomes & Cia. Ltda. e sob o comando de um dos seus sócios, nosso saudoso amigo Glacymar Ribeiro Marques. É de se salientar que tal empresa aérea prestou inestimáveis serviços ao Maranhão, fazendo a intercomunicação entre inúmeros municípios do nosso estado, então praticamente isolados, pois somente o transporte fluvial, moroso e ineficiente, fazia a interligação entre alguns deles.

Não sei a que número de aeronaves alcançou a frota da Aliança, que se tornou mais conhecida como Taxi Aéreo Aliança, mas imagino que tenha ultrapassado o número de cinco. Seus pilotos eram hábeis e não me recordo de que algum acidente grave tenha ocorrido em qualquer voo.

Aliás, estes se faziam diariamente, com horário de partida e deviam ter alcançado mais de dez municípios, isto é, praticamente todos os que possuíam pista de pouso, ou, como era costume ser chamado nas cidades do interior, “campo de aviação”.

Ainda a respeito do senhor José Álvares Mendes, era ele criador na Baixada Maranhense, onde possuía uma das famosas fazendas de gado, denominada Tamanduaí, situada no então lugar denominado Bacurituba, hoje município. Essa propriedade atualmente pertence ao meu irmão  Antônio Pinheiro Gaspar, que suponho ser um dos maiores criadores de bubalinos, no Maranhão.

Sigo em frente, descendo a ladeira da Rua da Estrela ou Cândido Mendes, pelo lado esquerdo, após o cruzamento com a rua e Nazaré ou Joaquim Távora, deixo para traz o prédio onde existiu a firma José A. Mendes e logo me deparo com a firma de propriedade do senhor Lázaro Bezerra Ducanges, que logo adquiriu a razão social de Ducanges & Cia. para se tornar, poucos anos depois um grande exportador de amêndoas de babaçu e, em seguida, expressivo industrial de óleo de babaçu, a esta altura com endereço no Beco da Fluvial, também denominado Travessa Boaventura.

Vou continuar na Rua da Estrela ou Cândido Mendes, convencido de que ao chegar ao número 350-B terei contado um pouco do que guardei da Praia Grande do tempo em que nela vivi.

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