Um catamarã à deriva

O cenário das eleições de outubro permanece numa assustadora zona cinzenta, com fortes trovoadas e raios, rasgando aqui e acolá as estruturas trincadas da República Brasileira. Faltam apenas 100 dias para o eleitor escolher os mandatários do Executivo e Legislativo, e os 207 milhões de brasileiros não têm nem ideia sobre quem sentará, no dia […]

O cenário das eleições de outubro permanece numa assustadora zona cinzenta, com fortes trovoadas e raios, rasgando aqui e acolá as estruturas trincadas da República Brasileira. Faltam apenas 100 dias para o eleitor escolher os mandatários do Executivo e Legislativo, e os 207 milhões de brasileiros não têm nem ideia sobre quem sentará, no dia 1º de janeiro, na cadeira principal do Palácio do Planalto. Enquanto isso, o ministério do governo Michel Temer vai se debulhando, numa sequência incontrolada de ministros caindo por atos de corrupção e outras motivações nada dignificantes.
Enquanto a população assiste, perplexa, ao desmoronamento da estrutura do poder central, a pré-campanha eleitoral segue seus altos e baixos, sem que se projete um candidato que, pelo menos de longe, demonstre capacidade de comandar o catamarã chamado Brasil, navegando em mar tenebroso. Enquanto isso, há conspirações em curso se movimentando no Judiciário, no Legislativo, no Executivo, na elite do empresariado e dentro dos quartéis. O que vai dar no arremate dessa ciranda maluca e dramática, nem os jogadores de búzios são capazes de pelo menos pressentir, nas forças do além que movem o universo, o que as urnas vão parir.

A situação é tão esdrúxula que o governo Temer, com pouco mais de dois anos, foi obrigado a demitir sete ministros, todos metidos em algum tipo de encrenca com a Justiça e com a polícia. Sem falar na reforma ministerial decorrente da desincompatibilização eleitoral. Mas vários caíram em decorrência da Operação Lava-Jato. Ao todo, Temer já teve 63 ministros, incluindo os interinos. As pastas campeãs de entra e sai são: Justiça, Cultura, Turismo e Transparência, que estão no 4º ministro. A rotatividade, com tamanha velocidade, é inédita na história do Brasil.

O mais grave de tudo é que o pré-candidato ao Planalto apontado em todas as pesquisas com potencial para ser eleito no primeiro turno ou no segundo está trancafiado há 100 dias. Luiz Inácio Lula da Silva já admite até não concorrer, pelas razões obvias. A prisão, a condenação em segunda instância e a articulação no Judiciário para mantê- lo fora do páreo. Dos demais pré-candidatos, aparece, como favorito – sem Lula –, o deputado Jair Bolsonaro, de perfil extrema-direita, expondo propostas completamente fora das expectativas da maioria dos brasileiros para debelar a crise, que está enraizada em todas as áreas políticas, econômicas, sociais, jurídicas e de confiança.

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