O choque de 2018
O ano mais complicado da crise política e institucional está se indo. Deixa, porém, a crise devastadora, que começou em 2015, passou pelo impeachment e teve o ápice em 2017, com a Câmara dos Deputados salvando o mandato do presidente Michel Temer a preço absurdo da compra de parlamentares. No Maranhão, o ponto relevante foi […]
O ano mais complicado da crise política e institucional está se indo. Deixa, porém, a crise devastadora, que começou em 2015, passou pelo impeachment e teve o ápice em 2017, com a Câmara dos Deputados salvando o mandato do presidente Michel Temer a preço absurdo
da compra de parlamentares. No Maranhão, o ponto relevante foi o governo Flávio Dino chegar ao fim do 3º ano com a aprovação nas alturas e pronto para levar às últimas consequências o embate final com o grupo Sarney.
É final porque será o coroamento da ruptura política do Maranhão com o sarneísmo, ou o contrário, o renascimento das cinzas, do desmanche de 2014. O sarneísmo só tem essa eleição de outubro para reviver ou morrer de vez. Por isso, Roseana Sarney demorou meses em reflexões,
sofrendo pressões familiares e do grupo que lidera, antes de resolver assumir, mesmo timidamente, a postura de candidata a novo mandato em outubro.
Portanto, o ano está se indo e deixa para 2018 o embate do século. A população já demonstra ansiedade para presenciar o desenrolar do enredo único do Brasil. Afinal, é o único governador ‘comunista’ da história do país contra um sistema político de cinco décadas. O do sarneísmo virou um símbolo de poder. Do Maranhão, comandou
o Palácio do Planalto, dá as cartas também no Amapá, ainda transita pelos três Poderes da República, sugere ao governo fraco de Temer e até emplaca apadrinhados.
Em 2014, Flávio Dino derrotou o velho sistema sarneísta, mas, como diz Lula, a “jararaca” ficou viva. Se o ‘comunista’ repetir a façanha de quatro anos atrás, a história do Maranhão ganha um capítulo emocionante. Se o grupo Sarney retomar o Palácio dos Leões, o levará para um período imprevisível. Será o mesmo Maranhão que José Sarney tomou do oligarca Vitorino Freire em 1965. Foram cinco décadas
em que mudaram a roupagem, mas mantiveram a essência substancial, num corpo social carcomido pela miséria degradante, a que grande parte da população urbana não conhece, logo, não sente nem a toca. São as condições nuas e cruas do povo. Para conhecê-las, só provando.
O povo não as prova, mas as vive, dias, anos e décadas.