O cabresto da mentira
Antigamente convencionou-se chamar o controle do eleitor pelos chefetes políticos, principalmente nos grotões da inacabável pobreza maranhense, como “voto de cabresto”. Era como se o eleitor, de forma coletiva, fosse induzido a seguir, até a boca da urna, tais políticos de sorriso largo, promessas massudas e bolsos forrados de migalhas. Agora, o fenômeno eletrônico das […]
Antigamente convencionou-se chamar o controle do eleitor pelos chefetes políticos, principalmente nos grotões da inacabável pobreza maranhense, como “voto de cabresto”. Era como se o eleitor, de forma coletiva, fosse induzido a seguir, até a boca da urna, tais políticos de sorriso largo, promessas massudas e bolsos forrados de migalhas. Agora, o fenômeno eletrônico das fake news está ocupando o espaço do velho cabresto, pela disseminação de notícias falsas para prejudicar e para beneficiar candidatos. Uma ação invisível na origem, mas aterradora no resultado.
Nessa mudança de comportamento político-eleitoral, os antigos cabos eleitorais agora são técnicos especializados em maquinar e manipular imagens, produzir vídeos e toda espécie de trucagem, que tragam devassas e constrangimento. Na pré-campanha do Maranhão, onde há polarização entre Flávio Dino e Roseana Sarney, o festival de fake news é infernal. Por aplicativos e o mundo descontrolado da blogosfera, a campanha é desafiadora até para as autoridades responsáveis pelas eleições e seus mecanismos de controle – ou suposto controle.
Nesse universo político, movido pela reforma eleitoral de 2016 e 2017, a mentira virou uma nuvem cinzenta que se mistura com a verdade e tudo chega ao eleitor, muitas vezes desinformado e desconhecedor do que é possível fazer para se vestir uma notícia falsa com indumentária da verdade. O impacto financeiro da reforma política na campanha, sem financiamento empresarial e controle rígido da verba pública dos fundos partidários e tempo de TV, mediante o desempenho eleitoral dos partidos, pôs os candidatos diante de obstáculos inimagináveis.
As fake news estão mostrando o seu poder. Assim como influenciaram o voto nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, no Brasil elas terão mais impacto ainda. O eleitor é submetido um bombardeio de notícias falsas a todo instante. A situação é tão dramática que o Tribunal Regional Eleitoral montou uma força-tarefa para cuidar das fake news. Amanhã terá encontro quente lá. A internet e as redes sociais representam uma alteração profunda na sociedade e na política, o que
vai exigir conhecimento por parte do eleitor e prudência nas escolhas que farão para decidir o futuro do Brasil pelas urnas.