Mídias sociais e a imbecilidade
O assunto é atualíssimo e de uma magnitude social estrondosa. As redes sociais viraram palco para quase tudo na vida. De bom e de ruim, tudo é possível e fatível. Agora, na pré-campanha eleitoral do Maranhão, as redes sociais já demarcam o espaço de sua importância, como nunca aconteceu antes. Um palanque franqueado a tudo […]
O assunto é atualíssimo e de uma magnitude social estrondosa. As redes sociais viraram palco para quase tudo na vida. De bom e de ruim, tudo é possível e fatível. Agora, na pré-campanha eleitoral do Maranhão, as redes sociais já demarcam o espaço de sua importância,
como nunca aconteceu antes. Um palanque franqueado a tudo e a todos. Pelas redes sociais, políticos se atacam, se defendem, se esculhambam e de afagam.
O filósofo Mario Sergio Cortella, em entrevista à DW Brasil, afirma que a cultura do ódio se disseminou pelo país. Para ele, na internet todos têm uma opinião, mas poucos têm fundamentos para ancorá-la. “Para quem está com o martelo na mão, tudo é prego”, filosofa o escritor. Com mais
de um milhão de livros vendidos entre seus 33 títulos lançados,
Cortella traduz a realidade filosófica em realidades de vida: “Se você não existisse, que falta faria?”. Ele diz que a cultura do ódio é alimentada por “analfabetos políticos”.
O ódio é uma possibilidade latente, mas não é obrigatório.Contudo, não havia tanta profusão de ferramentas e plataformas para que fosse manifestado e ampliado como nos tempos atuais no Brasil. Ele diz que a instantaneidade e a conectividade digital permitiram um ambiente
reciprocamente hostil – como o da fratura de posturas nas eleições gerais do final de 2014. Havia um meio de expressão mais veloz e disponível, sem restrição, permitindo que tudo o que estava aprisionado no campo do indivíduo revoltado pudesse emergir como expressão de discordância virulenta e de vingança repressiva.
Indagado se ele concorda com Umberto Eco, para quem as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis, Cortella disse que sim. “É o despontar de um palanque também para a imbecilidade e a idiotia. Antes delas, era preciso, para se manifestar, algum poder mais presente ou a disponibilidade de uma tribuna mais socialmente evidente. Agora, como efeito colateral da democratização da comunicação, temos o adensamento da comunicação superficial, na qual todos têm alguma opinião sobre algo. Qualquer opinião.