De pai para Filha

Com forte e histórica influência no Judiciário Maranhense e também no  brasileiro, o ex-presidente José Sarney  já demonstra que em 2018 não deseja ver o fim da oligarquia que comanda há mais de 50 anos. Ele prefere nem discutir a pobreza do Maranhão antes de Flávio Dino, como se a prosperidade fosse a regra e o compasso da economia maranhense nos […]

Com forte e histórica influência no Judiciário Maranhense e também no  brasileiro, o ex-presidente José Sarney  já demonstra que em 2018 não deseja ver o fim da oligarquia que comanda há mais de 50 anos. Ele prefere nem discutir a pobreza do Maranhão antes de Flávio Dino, como se a prosperidade fosse a regra e o compasso da economia maranhense nos tempos de Roseana. É o paradoxal, pois o Maranhão ao aderir, forçado, à Independência em 1823,era mais rico do que São Paulo e detinha uma elite econômica tão pujante que se relacionava diretamente com Portugal e Europa, onde os filhos dos ricaços estudavam.

Desde 1965, quando José Sarney venceu, com folgada votação,a eleição de governador, já participou – apoiando ou se opondo – de 19 eleições presidenciais. Sem falar que durante o período da ditadura militar, ele sempre esteve do lado dos generais-presidentes. Das eleições de governador, retomadas em 1982, com Luiz Rocha eleito, Sarney também esteve sempre dentro das campanhas. Foram 10 eleições de governador, das quais seu grupo só perdeu a de 2006 para Jackson Lago (PDT).

Não é à toa que Sarney demonstra entrar firme na guerra eleitoral de 2018, de carabina em punho para atacar o único adversário: Flávio Dino, que lidera as pesquisas. Poderia ser qualquer outro que ameaçasse seu longo domínio. Está com a pontaria tão aprumada quanto foi na primeira eleição de prefeito de São Luís, pós-ditadura e a segunda da história da capital, em 1985, quando seu candidato Jaime Santana,
o “Força Total”, foi derrotado por Gardênia Castelo. Nas eleições de São Luís, também, ele nunca esteve afastado.

O ex-presidente da República parece não sentir o peso do tempo de vida política. Católico e supersticioso, certamente sente o chão tremer só em pensar na hipótese de Roseana Sarney perder para Flávio Dino. Será um castigo duplo: a segunda derrota consecutiva em meio século e, ainda por cima, desta vez, pela filha que emendou a sua carreira política
à do pai. E com méritos, pois já passou quatro mandatos no Palácio dos Leões, somando 14 anos. Porém, Sarney também sabe que, caso derrote Flávio Dino, a vitória não será só de Roseana, mas de uma história oligárquica única no Brasil. Assim sendo, ela pode ir ainda muito longe.

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