A ponte da inveja
O Maranhão está se preparando para a sua eleição mais importante da história democrática. Em 2018, haverá o confronto de urnas entre o governador Flávio Dino, do PCdoB, portanto um partido de esquerda, contra Roseana Sarney (MDB), principal figura do Grupo Sarney, transformado longamente na mais longeva oligarquia nordestina desde 1966. Foi o ano em […]
O Maranhão está se preparando para a sua eleição mais importante da história democrática. Em 2018, haverá o confronto de urnas entre o governador Flávio Dino, do PCdoB, portanto um partido de esquerda, contra Roseana Sarney (MDB), principal figura do Grupo Sarney, transformado longamente na mais longeva oligarquia nordestina desde 1966. Foi o ano em que José Sarney, pai de Roseana, assumiu o governo do Maranhão. Agora, 53 anos depois, o MDB dos Sarney, que deixou a marca do governo na Ponte São Francisco, batizada com seu nome, tenta impedir na Justiça a Ponte Central-Bequimão, na Baixada, terra de Sarney, a ser construída por Flávio Dino.
Ao tomar posse, Sarney acabara de destroçar a oligarquia vitorinista, comandada durante 22 anos pelo pernambucano Vitorino Freire. Talvez por esse fato histórico,a posse de Sarney ganhou o status de efeméride. Mas há historiadores que creditam o mérito da efeméride a Glauber Rocha. Não fosse por ele, um ícone do Cinema Novo, o fato seria apenas mais um na extensa jornada política de um homem que chegou até ao cargo máximo da República. Sarney derrotou o velho oligarca que mandou e desmandou no Maranhão e agora vê aquele passado como um fantasma a sua volta.
Sarney, no Palácio dos Leões, tornou-se “cult”, com o filme curta, de 10 minutos, de Glauber, filmado em super-8, Maranhão 66, que serviu de laboratório para o clássico Terra em Transe. Mas isso é apenas detalhe do começo de uma longa história do sarneísmo. Em 2018, será determinante para a sua oligarquia. Roseana tem o desafio de tentar ressuscitar o grupo, que levou o maior tombo em 2014, e impedir outro em outubro. Se isso ocorrer, ela simplesmente acaba com o sistema plantado pelo pai. E será como soçobrou o vitorinismo em 1965, pelas mãos do jovem Sarney.Se ganhar, será o triunfo de um passado político, lubrificado com graxa vencida.
Não é sem motivo que todos os instrumentos políticos e o aparato de comunicação dos Sarney foram postos na trincheira da guerra contra o inimigo Flávio Dino.Até as estruturas de uma ponte de 589m sobre o Rio Pericumã,desembarcadas esta semana no pequeno município de Bequimão virou crise.O projeto,que transformará a vida da Baixada em
comunicação,logística e transporte, pode brecar. A inveja, brotada da política miúda e rasteira,levou os sarneístas ao desespero. Para eles, “é obra eleitoreira”e deve ser combatida com todas as forças. Já virou reclamação no TRE-MA.