A hora do tudo ou nada
O mês de novembro acabou e dezembro abre alas para passar. Em Brasília, a reforma da Previdência com a qual Michel Temer imagina melhorar a imagem e a aprovação de seu governo efervesce o ambiente do Congresso e do Planalto. Se der tudo certo, Temer já pensa até em disputar a Presidência. Só falta acertar […]
O mês de novembro acabou e dezembro abre alas para passar. Em Brasília, a reforma da Previdência com a qual Michel Temer imagina melhorar a imagem e a aprovação de seu governo efervesce o ambiente do Congresso e do Planalto. Se der tudo certo, Temer já pensa até em
disputar a Presidência. Só falta acertar o passo o “Centrão”, grupo que domina a política na Câmara. O grupo sabe negociar nos aperreios e nos momentos de folga do governo. A tabela de negociação é variável. Depende da urgência e da importância da matéria em pauta. Eles
sabem se vender, mesmo sendo um “produto” de baixa qualidade. Mas sai caro.
O Centrão sabe com quem está lidando. Sabe o risco de apertar o botão do “sim” no painel da Câmara e logo ali na frente, em 2018, encarar o eleitor – o senhor da razão e do dedo que vai apertar o botão do “confirma” na urna eletrônica. Portanto, é bom não começar a contar hoje deputados favoráveis à reforma. Pode acabar num exercício de
inutilidade. A campanha sem dinheiro da Odebrecht e de suas congêneres acabou. A história política, portanto, será contada de outro jeito. O caixa 2 pode sobreviver, mas com múltiplas fiscalizações, tanto pela elevação do grau de consciência do votante, quanto pelo poder das redes sociais.
A reforma da Previdência mexe e muito com a vida e a morte de cada brasileiro. Agora e sempre. Logo, se imagina que a essência do voto popular nunca foi motivo de tanta reflexão como será nas próximas eleições. É o eleitor, a consciência e a urna eletrônica. Tudo operando na renovação do Congresso e para o comando do Brasil e dos
estados. A ladroagem que tem fonte nos mandatos políticos será sim avaliada com rigor pelo eleitor no momento do votos. Aí não tem Centrão, não tem demagogia, não tem conversa fiada. Tem o futuro em jogo.
Hoje, o número de deputados dispostos a aprovar a reforma da Previdência pode até ser anêmico, mas Temer sabe qual “substância” que serve a essa anemia momentânea dos engravatados. Amanhã, todos vão aparecer sorridentes, com um discursozinho decorado para justificar o “sim”. Depois de amanhã, será a vez do eleitor, sozinho,
no silêncio do sigilo do voto, decidir não por reforma alguma, mas pela democracia representativa e pelo valor intrínseco para todos os brasileiros.