DIA DE FINADOS

O luto para as diferentes crenças

No Dia de Finados, data é lembrada em todo o Brasil com celebrações e homenagens, hábito comum cultivado pelos cristãos católicos.

A religião pode trazer um conforto maior quando lidamos com a perda de alguém próximo. (Foto: Reprodução)

Como lidar com o luto, como lidar com a morte de um ente ou amigo querido? Quando alguém morre, desperta dor e tristeza para quem fica, mas o processo da perda é vivenciado de diferentes formas, assim como o significado da morte varia, dependendo das crenças sobre o luto em cada religião.

Cultuar seus mortos, ou entender que a morte é o fim de uma existência, ou que ainda é mais uma etapa dessa existência, difere a crença de cada um, embora uma coisa seja comum a todas as religiões: a fé para superar a perda.

De acordo com Eduardo Tedeschi, psicólogo do curso de Psicologia da Wyden, é preciso primeiro entender que o processo do luto é vivenciado de maneira singular. “O luto é um processo e ocorre de maneira única para cada indivíduo e pode durar mais ou menos tempo, de acordo com cada pessoa. É importante buscar formas de expressar sentimentos com relação a este momento e saber que não há sentimentos certos ou errados”, comenta o profissional.

Falamos de luto e morte, porque chega o Dia de Finados, e nesse período as visitas a cemitérios para reverenciar seus entes queridos, fazer orações, acender velas e deixar flores sobre os túmulos se intensifica. Esse é um ritual muito comum aos cristãos católicos, mas para outras religiões não tem esse mesmo significado.

Dia de Finados e as religiões

Catolicismo

“Tratar da morte geralmente é muito difícil porque as pessoas a pensam fora da vida. Morrer faz parte do viver. Gastar tempo, consumir energia, renunciar algo, perder: tudo revela diariamente que a vida é como uma vela que se consome para produzir luz. Ensina o cristianismo que em Jesus Cristo, apesar de vivermos na limitação do tempo, já somos eternos, porque somos filhos da Deus. É por isso que os cristãos já sabem ser ressuscitados e a morte não pode lhes separar de Cristo, como proclama Paulo Apóstolo”. Dom Leomar Antônio Brustolin.

Espiritismo

“O espírita sofre quando um ente querido morre? Certamente que sim, sendo natural que isto ocorra. A ausência física causada pela morte, deixa sempre um vazio imenso, um luto a ser vivenciado. Mas, como diz a ciência: “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”… até nós. A morte, não é (e nunca será) o fim de tudo. Mas, apenas uma “passagem” da dimensão física, para a dimensão espiritual… apenas isso. Por ter a certeza da imortalidade da alma, o espírita sofre quando os seus partem, mas não se desespera, não se maldiz ou blasfema contra os desígnios de Deus. Como dizia o padre Huberto Rohden: “Sofrer, todos sofrem, mas poucos sabem como sofrer”. Acalentados pela sublime revelação espírita, os seguidores de Allan Kardec sabem que, ‘o bem-estar dos que se foram, depende do bem-estar dos que aqui ficaram’. Muita paz a todos!”. Moab José, diretor do Pouso Obras Sociais e do CVE – Centro de Vivência Espírita.

Evangélicos

“A Bíblia diz que a morte para nós é uma passagem de uma vida para outra, conforme Paulo 1 Tessalonicenses 4:16,17 os que morreram em Cristo hão de ressuscitar primeiro e depois os que ficarem vivos serão arrebatados. Nós, Cristão Evangélicos, não acreditamos à luz da Bíblia que os mortos não precisam mais de intercessão, pois estão aguardando o dia do arrebatamento, pois depois da morte segue-se ao juízo. Quem morreu não mais vê nada. Pela tricotomia humana o Corpo Matéria se deteriorado está. O Espírito Humano é o contato com Deus, e a Alma, já não mais existe que é o centro das emoções humanas. Por isso não reverenciamos o dia de Finados”. Pastor Gilvan Sousa, da Igreja Pentecostal Bom Samaritano (Parque Vitória).

Umbanda

“Na interpretação da Umbanda a morte do corpo físico não é o fim da vida. Entende-se apenas como o fim de um ciclo, e este será encaminhado para uma esfera espiritual condizente com seus atos e vibração emocional acumulada durante a passagem no corpo físico. A Umbanda tem na cerimônia fúnebre a preocupação de garantir que o espírito desencarnado fique a cargo da Lei Divina e não tenha problemas maiores com ataques de espíritos negativos. Na Umbanda, morte e nascimento são momentos sagrados. O objetivo maior do nascimento e da morte é a harmonização e a evolução consciente do espírito. Após a morte, o ser humano leva consigo suas alegrias, sua fé, suas crenças, suas mágoas e suas dores”. Nazaré Jacobucci, Psic. Especialista em Perdas e Luto.

O Dia de Finados

Foi instituído inicialmente no século X, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 2 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram. A ação de Odilo resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica: a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.

Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.

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