DIA NACIONAL DO RÁDIO

Radialistas falam sobre amor ao veículo

Mesmo com outros veículos que disputam a atenção dos ouvintes, o rádio ainda é bastante procurado por quem acompanha notícias, jogos de futebol, música, etc.

Profissionais e estudantes de radialismo, além do amor pelo rádio, contam as dificuldades da profissão. (Foto: Reprodução).

Desde o momento em que foi possível ouvir a primeira transmissão radiofônica no Brasil, em 7 de setembro de 1922, data que marcava o centenário da independência brasileira e a fundação da primeira emissora por Roquete Pinto, em 1923, o rádio se tornou um veículo de comunicação em massa e que conquista ouvintes fiéis nas mais diferentes gerações. Por sua contribuição, a data de nascimento de Roquete Pinto, veio a se tornar o dia em que se comemora o rádio e a radiodifusão.

Mesmo com outros veículos de comunicação que disputam a atenção dos ouvintes, o rádio é ainda bastante procurado, seja para quem acompanha notícias, jogos de futebol, música ou até mesmo o busque como uma espécie de companhia na hora de dirigir ou em casa, durante períodos de isolamento social, no qual nos deparamos recentemente devido a pandemia da covid-19.

É o que mostrou o estudo Inside Radio de 2020, realizado pela Kantar IBOPE Media, que afirmou que 78% dos brasileiros consomem rádio e esse número teve um aumento devido a mudanças de hábitos que fizeram com que as pessoas ficassem mais tempo em casa, durante o isolamento social.

A radialista Gisa Franco, com trinta e três anos de experiência no rádio, afirma que a versatilidade de conteúdo na programação e a capacidade de se reinventar, faz com que o rádio sobreviva a competição com outros veículos, mantendo os ouvintes mais an

tigos e conquistando os mais novos. “O imediatismo e nunca fazer a mesma coisa são cruciais para a sobrevivência do rádio, a gente via muita gente falando que quando surgisse a televisão, o rádio iria acabar, depois a internet decretaria o seu fim e agora os aplicativos de streaming são apontados como os novos inimigos, mas o rádio não acaba, porque ele se reinventa”, afirma Gisa Franco.

A possibilidade de levar informações de uma maneira rápida e eficiente foi o que atraiu Rafaella Rodrigues, estudante de Rádio e TV. “Não precisamos da imagem para divulgar a informação, somos imediatistas. Eu adoro isso, surgiu uma pauta agora e já enviamos uma equipe que entrevista alguém direto do local. Acho que esse foi um dos principais motivos de ter escolhido o rádio, essa falta de rotina fixa. O contato direto com as pessoas. Poder ouvir histórias, estar em todos os lugares”, afirma a estudante.

Esse cenário de inovação abre caminhos para outros tipos de possibilidades como as rádios online, transmitidas na internet e que cada vez mais crescem por oferecerem uma maior interação com ouvintes, algumas chegam a trabalhar somente com um tipo de conteúdo em toda programação, por meio da internet, as rádios online podem ser escutadas em diversos pontos do país e podem atingir até audiência a níveis globais. O formato permite que sejam mais fáceis de manipular, sendo assim a primeira oportunidade de trabalho para muitos iniciantes na profissão.

Gisa Franco avalia esse como um dos cenários para os próximos anos para os ainda estudantes de radialismo na cidade de São Luís, devido às poucas rádios existentes na cidade, e consequentemente o menor número de vagas ofertadas para quem ainda vai tentar adentrar nesse mercado. “Eu vejo um cenário muito fechado, quem sai da academia precisa procurar áreas voltadas para a internet, a exemplo das rádios online”, afirma a radialista.

E esse cenário é ainda mais difícil para mulheres, que precisam se reafirmar em diversas situações. Gisa Franco, profissional que hoje é um dos principais nomes do radialismo no Maranhão e que está a frente de programas na Rádio Universidade há vinte e oito anos, lamenta que tenha passado por situações desconfortáveis, principalmente no início da carreira.

Comportamentos como esses que assustam também quem está começando na profissão. “Como mulheres temos que nos provar a todo instante, com a transmissão por internet começam a surgir comentários como “Tá solteira?”, “Tá muito gostosa” e outras coisas do tipo”, diz a estudante Rafaella Rodrigues.

A evolução do rádio e a sua adaptação ao longo dos anos foi necessária para a sua sobrevivência e diferenciação entre outros meios de comunicação, mas também precisa ser acompanhada de novas posturas para que todos os profissionais se sintam à vontade para exercer de forma livre a sua profissão.

Para os que estão começando a caminhar na profissão ou tenham interesse nela, a radialista deixa um conselho. “Foque na tecnologia porque o cenário é mais amplo e oferece mais oportunidades, sem esquecer de estudar e se aperfeiçoar sempre”.

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