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Criatividade é ingrediente fundamental na receita para superar a crise

Do lanche à venda na mala do carro à oferta de kits de recreação: para manter negócios, empreendedores inovam e se reinventam

“O carro do lanche vai passando aqui pertinho da sua casa com aquela pizza saborosa de apenas R$ 10,00”. Gideone Lima, 25, só precisa de um veículo e um som para fazer esse anúncio na cidade de Paço do Lumiar, região metropolitana de São Luís. Essa foi a forma que ele e a esposa, Graziela Lima, 25, encontraram para se diferenciar da concorrência, incentivar as vendas dos lanches e contornar a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

Assim como o casal, vários empreendedores estão reinventando negócios e aproveitando novos espaços e oportunidades criadas com o distanciamento social para ajudar a manter a renda e equilibrar o orçamento.

O casal Gildeone e Graziela durante a venda das pizzas no próprio veículo. Foto: Divulgação

Gideone destaca que a isenção na cobrança da taxa de entrega dos pedidos, campanhas promocionais e a demonstração de cuidados sanitários com o atendimento e os produtos impulsionaram as vendas durante o período de pandemia. “Passamos a atender pedidos sem cobrar taxa de entrega. Procuramos mostrar para os clientes os cuidados que temos com o uso da máscara e do álcool em gel e não há aglomeração no carro”, comenta.

Pizza em formato de coração vendida feita pelo casal. Foto: Divulgação

De segunda a sábado, o casal utiliza o porta-malas do veículo para vender as pizzas e esfihas feitas em casa, a um preço acessível. “Nosso objetivo é ir até as pessoas que não têm acesso a lanchonetes ou a um restaurante, com uma pizza tamanho família que custa apenas R$10,00. Nosso público é a classe social mais atingida com a crise”, pontua.

Dando a volta por cima

Com Angélica Lucena, 48, não foi muito diferente. Dona de uma empresa do segmento de recreação, festas infantis e aluguel de brinquedos, Angélica viu todos os eventos serem cancelados e adiados, o faturamento zerar no mês de abril e precisou negociar o aluguel do ponto comercial. Diante do momento difícil, a empresária teve que avaliar cenário, mercado e recorrer a alternativas para manter o negócio funcionando.

Para fugir da crise, Angélica criou kits de recreação que podem incluir por esculturas de gesso, cordas de pular, desenhos, tela para pintura e até comidas típicas. Foto: Divulgação

“Nós vimos que as crianças estavam em casa e começamos a fazer trabalhos on-line e divulgar os nossos aluguéis de brinquedos. As famílias estavam querendo muito, então começamos a divulgar as brincadeiras e muitas não tinham tempo de brincar, pelo home office. Foi aí que surgiu a ideia dos kits de recreação infantil, tanto para as crianças brincarem quanto para trabalharem a atenção dos pequenos”, detalha Angélica.

Os kits são variados e podem ser formados por esculturas de gesso, cordas de pular, desenhos, tela para pintura, tinta e, recentemente, Angélica passou a incluir comidas típicas como pipoca gourmet e algodão doce, com o lançamento do ‘Kit de festas juninas’. Depois de montar os kits, a própria Angélica faz a entrega nas residências dos clientes. Além disso, os brinquedos que eram alugados por diária, agora podem ser alugados por temporadas, que podem chegar a até sete dias, a um valor bem abaixo do praticado antes da crise.

Com as dificuldades do período e os novos tipos de serviços lançados como estratégias de combate à crise, uma corrente de solidariedade foi formada a partir da divulgação dos serviços da empresa por pessoas que Angélica não conhecia. “As pessoas estão sendo muito empáticas e solidárias. Com isso, o retorno foi maior que nos períodos de festas, foi muito positivo. Houve aumento na demanda e surgiram novos clientes”, revela admirada.

Itens do kit de recreação infantil produzidos por Angélica. Foto: Divulgação

Soluções empreendedoras

Para sobreviver ao período de pandemia, a dica da gerente de atendimento e relacionamento com o cliente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebra/MA), Hildenê Maia, é apostar na criatividade e na tecnologia.

“Os empresários devem investir em delivery, que pode ser trabalhado por vários segmentos, inclusive, o do comércio. Podem trabalhar com segmentos associados, a exemplo dos músicos, que podem estar diferenciando seu tipo de serviço, como presenteando com serenatas. Sempre é interessante que essa empresa e empreendedor esteja perto do seu cliente. O cliente é importante para ele. Por mais que se invista em novas tecnologias, quando o empresário muda, ele não se distancia desse cliente”, atesta.

gerente de atendimento e relacionamento com o cliente Hildenê Maia

Hildenê Maia esclarece que os micro e pequenos empreendedores ajudam a reforçar a economia. “A gente sabe que 98% dos negócios brasileiros são pequenos negócios. Das 246 mil empresas do Maranhão, 229 mil são micro e pequenas empresas, responsáveis por fomentar a economia local e por gerar 15 mil novos empregos formais, como uma frutaria, uma lanchonete, ou uma loja de vestuário, por exemplo”, defende.

Então, ao se deparar com um empreendedor criativo, o ideal nesse momento é dar apoio, adquirindo um produto ou serviço de interesse ou, simplesmente, ajudando a divulgar a ideia. Em algum lugar, pode ter alguém precisando.

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