Feirantes de São Luís já percebem queda no movimento
Visualmente muitas pessoas ainda frequentam a feira, mas os feirantes afirmam que o movimento diminuiu muito
O Imparcial foi neste domingo (05) à feira do bairro Cidade Operária, uma das mais movimentadas de São Luís, para mostrar como os feirantes e os clientes vem lidando com as dificuldades trazidas pela pandemia do novo coronavírus. Visualmente muitas pessoas ainda frequentam a feira, grande parte utilizando máscaras para tentar se proteger do vírus, mas, os feirantes afirmam que o movimento diminuiu muito.
As feiras, assim como os supermercados e padarias, são consideradas serviços essenciais, que precisam continuar funcionando para que a população garanta sua alimentação neste período de quarentena. Esse tipo de comércio, portanto, não entrou no decreto estadual, que estabelece a suspensão de determinados estabelecimentos.
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No entanto, a recomendação das autoridades de saúde é que as pessoas evitem ao máximo sair de casa. Como forma de controlar a disseminação do vírus que causa a Covid-19, o ideal é ir às ruas apenas para atividades indispensáveis, como trabalhar (quem não puder trabalhar de casa), comprar alimento, comprar medicamentos, ir a consultas, etc.
Isso fez com que o movimento das feiras diminuísse, apenas um membro de uma mesma família tem ido às compras, e com menor frequência do que iam antes da pandemia, tudo isso para evitar aglomerações e reduzir o risco de contágio.
O feirante Kennedy Coelho tem uma barraca de legumes na feira da Cidade Operária, e tem percebido a queda na movimentação do local desde que a doença chegou à cidade. “Diminuiu sim o movimento. Domingo, uma hora dessas era bem mais movimentado, e cada semana que passa está diminuindo mais ainda. Os mesmos clientes de sempre continuam vindo, mas eles vem menos, uma vez por semana…”, disse Kennedy.
João Batista trabalha na feira da Cidade Operária desde que ela foi fundada, ele vende frangos e, além de também ter notado que o movimento diminuiu bastante, precisou fazer algumas adaptações na sua rotina de trabalho para que as vendas não caíssem tanto. “Tem algumas pessoas que querem que a gente entregue mercadoria a domicílio, mas o movimento é pouco e a venda diminuiu, o lucro foi lá embaixo, não tem condições, é uma despesa a mais. Aí, eu falo que não tem como fazer a entrega, não tenho funcionário pra isso, aí eles pedem que eu prepare a mercadoria logo cedo. Eu embalo direitinho e eles passam cedo, ‘apanham’ e vão embora”, explicou.
Apesar da queda nas vendas, João Batista afirma que é favor da quarentena, mas que muitos ainda ainda desrespeitam o isolamento, especialmente os idosos, que fazem parte do grupo de risco. “Esse decreto do governador, para as pessoas ficarem em casa, realmente é bom, eu acredito que seja. Tem muito idoso teimoso, que ainda vem. Eu que às vezes ainda falo pra eles: ‘Olha vocês não podem estar saindo, tem que estar em casa, tem que estar na quarentena, evitem aglomerações, mandem uma pessoa, um neto, um filho. Se você tiver dificuldade liga pra mim que eu preparo e você manda a pessoa vir pegar’. Sempre eu fico orientando eles, mas, mesmo assim, tem uns que não atendem não, falam pra mim que é besteira. Não estão levando a sério, não. Eles têm que cair na real. A família tem que orientar as pessoas mais idosas”, disse João Batista.
Além de orientar os clientes da forma que pode, o João Batista também garante que tem tomado muitos cuidados com sua higiene pessoal para que evite contrair ou transmitir o novo coronavírus. “Meu trabalho é essencial à população, mas, quando eu chego em casa eu tomo meu banho, falo por telefone com os amigos. Não tô dando bobeira, não. Eu estou me prevenindo, o máximo possível que eu posso eu estou fazendo pra evitar o vírus. Tô lavando as mãos, trabalhando de luva e de máscara”, contou.
Quem também precisa tomar todos os cuidados possíveis para não levar o vírus que causa a Covid-19 para dentro de casa são as pessoas que frequentam as feiras para fazer compras. O novo coronavírus é transmitido de forma muito fácil e rápida, basta tocar em algo infectado, levar as mãos ao rosto e rapidamente o vírus entra em contato com a mucosa dos olhos ou nariz e a vítima contrai a doença.
O Luís Carlos, que trabalha como assistente técnico, não tem feito compras com a mesma frequência que antes, e, ao chegar em casa, já higieniza o corpo e os produtos comprados. Ele tem duas filhas que ainda são crianças e faz de tudo para protegê-las da doença.
“Eu tenho que vir à feira uma vez na semana e faço umas compras que segure alguns dias, pra não estar todo dia nas ruas. Quando chego em casa lavo logo minha mão e meu rosto. Sempre lavando tudo quando chego, nunca chegar e ter contato com as crianças, para não transmitir nada pra ninguém. Estou tendo muito cuidado com as coisas que levo para dentro de casa. Qualquer coisa que eu compro eu chego em casa e lavo”, afirmou Luís.
Já a Gabriele Milhomem, corretora de imóveis, diz que sua maior preocupação é com o pai que tem asma. Ela alterou sua rotina de compras e também adotou todas as medidas de higienização necessárias. “Faz um bom tempo que eu não faço compras, hoje tirei o dia pra ir ao supermercado e vir na feira. Quando eu chego em casa eu tiro toda a roupa e tomo logo banho. Meu pai é asmático, por isso que ele não está aqui. Ele não sai pra lugar nenhum e está evitando trabalhar”, explicou Gabriele.
Covid-19 no Maranhão
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Maranhão anunciou neste sábado (04), através de nota, que mais 9 pacientes conseguiram se recuperar da Covid-19 no Maranhão, passando de 19 para 28 o número de pessoas recuperadas da doença no estado. Já são 96 casos estão confirmados do novo coronavírus e dois óbitos no estado. Atualmente 1.084 pessoas estão com suspeita da doença, aguardando resultado dos exames.