DIA DA MULHER

Elas na direção: conheça as mulheres de São Luís que ganham a vida no volante

Neste dia 8 de março contamos a história de duas mulheres que sempre sonharam com profissões que “fugiam aos padrões” sociais. Elas dirigem caminhão e ônibus

Foto: Reprodução

“Motorista de carreta, motorista de ônibus? Isso é coisa para homem”. Quem nunca ouviu essa expressão? Teve gente que ouviu, mas não ligou e lutou para exercer essas profissões. Falo de Cândida Maria Nascimento, 32 anos, e Maria Isabel Castro, de 36 anos. Motorista de carreta e de ônibus, respectivamente, e que batalharam para conquistar seus lugares. Saiba um pouco mais sobre a história delas e sobre o ser humano que está por detrás do volante.

Cândida Maria Nascimento não só se diz realizada, como é um exemplo de força feminina. Ela fala com orgulho de tudo que conseguiu conquistar como profissional, mãe, mulher. “Só digo às mulheres que não desistam nunca dos seus sonhos. Tem que ter fé, acreditar na força que a gente tem. Nós somos guerreiras, somos maravilhosas. Digo todos os dias a mim mesma que sou linda, que eu acredito em mim, e que se eu não me achar linda, ninguém vai achar”, diz Cândida.

Cândida faz parte de um quantitativo de profissionais de 2,3 milhões habilitados a dirigir caminhões e carretas, de acordo com dados do Ministério das Cidades. No Maranhão, são 25.904 profissionais habilitados, sendo 25.557 homens e 347 mulheres, um percentual de 1,3%.

Mas quando se tem um sonho, e se quer alcançar, os obstáculos podem ser superados. “Muita gente dizia que isso não era coisa para mulher, que eu não ia conseguir. Dentro da minha própria família eu ouvia coisas assim. Mas, embora pensassem assim, meus pais sempre me apoiaram e me deram o suporte que eu precisava para conseguir”, diz a carreteira.

Com 14 anos, ela já sabia o que queria. E foi ser ajudante de viagem, dando assistência ao motorista de micro-ônibus que fazia viagens para Humberto de Campos. Foi aí que teve a certeza de que queria ser motorista, que a sua paixão era a estrada. Quando completou 18 anos, tirou a carteira de habilitação e foi ser, ela mesma, a motorista. Transportava passageiros em viagens de turismo em um micro-ônibus. O próximo passo foi dirigir coletivo e depois fazer transporte rodoviário interestadual e então… a carreta, onde já está há 4 anos. “Nunca fiz outra coisa na vida a não ser trabalhar com carro. É o que gosto, sinto prazer e sei fazer. Corri atrás, houve muita dificuldade, muito preconceito, as pessoas diziam que eu não ia conseguir. Eu chorava, mas superei tudo isso. Foi uma força maior para que eu conseguisse o que sempre quis que era ser motorista de carreta. Amo o que faço”, lembra.

Ela trabalha fazendo o transporte de carga (fertilizantes, adubo) do Porto do Itaqui para a fábrica onde trabalha. E nada de moleza. O trabalho é feito igualmente tanto por homens, quanto por mulheres. Ela diz que no início teve algumas dificuldades, mas foi ajudada por quem já trabalhava na profissão e que sempre tinha alguém para ajudar. O trabalho é de 7h da manhã às 7h da noite.  “Para trelar, destrelar (tirar e botar a carreta), carregar ou descarregar a gente está a postos. Nós, mulheres, somos muito observadoras e sempre estamos aprendendo cada vez mais. Dificuldades todo mundo tem, mas é preciso lutar e não olhar para elas”, atesta.

Cândida tem uma filha de 15 e um filho de 12. Quando ela chega em casa vai cuidar dos afazeres domésticos, fazer atividades escolares com os filhos e quando sobra tempo ainda vai para academia cuidar do corpo.  “É coisa que toda mulher batalhadora faz, né? Trabalha na rua, em casa, cuida dos filhos, da família e cuida de si mesmo. Mulher é assim, se cair levanta de novo. Temos que acreditar e ter fé. Só assim para a gente conseguir vencer. Tenho orgulho de ser mulher, mãe, filha, motorista”, diz ela.

A vitória veio depois de tantos “nãos”

Isabel tem uma filha de 17 anos, e era cobradora da empresa 1001. Sendo “pai e mãe” da filha, sempre sentiu necessidade de ganhar um pouco mais para poder dar algum conforto. “Como eu já estava no ramo, pensei em ser motorista porque era algo que eu já tinha convívio e ia ganhar um pouco mais”.

Foi aí que ela resolveu pedir para seu chefe para entrar na escolinha que tem dentro da própria empresa, mas não foi fácil. Foram vários nãos.

“Meu patrão sempre me dizia pra deixar para depois, para eu me preparar um pouco mais, para me capacitar, me deixou um pouco em banho-maria. Mas eu não desisti. Fui fazer os cursos e falei com ele de novo. Ai, lembro como se fosse hoje, ele disse: ‘Tá. Eu vou deixar você fazer o teste, mas eu sei que você não vai passar’. E eu disse: ‘pois eu vou lhe mostrar como eu vou passar’. E passei”, comemora.

Depois do teste, ela continuou na escolinha se capacitando, fazendo as aulas de teoria e prática, e o treinamento, enquanto ainda era cobradora. Foram dois anos como cobradora até “ir para a linha”. Já são dois anos como motorista fazendo a linha Alto do Turu/Terminal Cohama.

Izabel faz parte do grupo de três mulheres motoristas dentro da empresa, dentre 800 motoristas homens. No começo não foi fácil, mas, agora, tira de letra, e diz que não tem do que reclamar. “Todo dia que saio de casa agradeço e peço para dar tudo certo. Todo dia é um dia marcante para mim. Tive muita ajuda dentro da empresa, dos patrões, dos professores, da psicóloga, do chefe que fez o teste. Trabalho hoje como se fosse o primeiro dia. Todo dia eu aprendo, todo dia é uma nova experiência”, conta.

A filosofia de vida dela é não se acanhar com um não. “Eu escutava: ‘você não vai conseguir, você nunca vai ser…’. Essas palavras entravam por um lado e saíam pelo outro. Tudo o que a gente quiser fazer a gente consegue. A gente é aquilo que a gente quer ser, aquilo que a gente decide ser! Não é profissão de homem, de mulher. Nós conseguimos tudo que a gente quiser”, finaliza.

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