ABUSO SEXUAL

Duas mulheres do Maranhão prestaram denúncia contra João de Deus

Depoimentos acusam médium de abusar sexualmente das denunciantes quando ainda eram menores de idade; uma tinha 16 e outra 14

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Supostas vítimas do médium João de Deus continuam a apresentar denúncias por todo o Brasil, inclusive no Maranhão. As Promotorias de Justiça de Imperatriz receberam, no último dia 14 de dezembro, duas mulheres que prestaram depoimento em que dizem ter sido vítimas de abuso sexual cometido pelo líder espiritual.

As duas denúncias provenientes do Maranhão se somam a mais outros 500 depoimentos de mulheres que afirmam ter sido abusadas por João de Deus, que atendia na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás.

A pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e da Polícia Civil, o médium teve a prisão decretada no dia 14. Dois dias depois ele se entregou à polícia e prestou depoimento, onde se declarou inocente das acusações e da movimentação de R$ 35 milhões entre suas contas nos últimos dias.

Entenda as denúncias

Uma das denunciantes tem 39 anos e é autônoma. Ela contou, em depoimento, que quando tinha 16 anos foi levada pelos pais até Abadiânia, na Casa Dom Inácio de Loyola, e frequentou o local por cerca de dois meses, entre abril e junho de 1996, para fazer um tratamento contra depressão.

Segundo ela, durante os primeiros dias do tratamento, trabalhava segurando a bandeja dos instrumentais das cirurgias que eram realizadas com meditação. Em junho, por volta das 17h30, o médium lhe comunicou que precisava atendê-la na sala reservada. Ao entrar sozinha no cômodo, João de Deus deu-lhe uma água com pétalas de rosas.

Pelo que se recorda, perdeu os sentidos por algum tempo. Quando despertou, percebeu que estava de joelhos entre as pernas de João de Deus e que ele estava com as vestes abaixadas e ela com as roupas abertas.

Quando voltou a si ficou apavorada e com vontade de gritar. Imediatamente, João de Deus tentou acalmar a declarante, mas como viu que ela estava muito nervosa, a ameaçou dizendo que não adiantaria contar nada para ninguém e que se ela fosse embora, ao pegar o ônibus, o mesmo iria tombar.

Depois do episódio, a declarante afirmou que o quadro de depressão se agravou, levando-a a tentar o suicídio várias vezes.

O outro depoimento envolve uma funcionária pública estadual de 56 anos. A mulher relatou que foi molestada pelo médium quando tinha apenas 14 anos e morava na cidade de Tocantinópolis (TO).

A mãe dela era gerente de um hotel quando o médium se hospedou no estabelecimento. Mãe e filha foram procurar atendimento espiritual com ele. A mãe, depois de atendida, teve que deixar a filha sozinha com ele no quarto. Segundo a funcionária pública, nesse momento, ela passou a ser abusada por João de Deus, que lhe obrigou a tirar a roupa, alegando ser parte do tratamento para melhorar a energia dela, que estaria baixa.

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