OLHE OS MUROS

Arte Urbana: os cordéis vívidos reinventados nos muros de São Luís

O ilustrador ludovicense Romildo Rocha dá vida a cenários da cidade com suas pinturas que, em um âmbito moderno, dão um novo olhar à cultura nordestina

O artista Romildo Rocha, após finalizar seu mural. (Foto: Divulgação)

Você presta atenção nos muros da cidade? Se sim, já deve ter notado que, em alguns pontos, eles vêm se tornando mais vivos, coloridos, artísticos. Um dos responsáveis por esta façanha é Romildo Rocha, artista urbano que resgata e revive, por ilustrações muralistas, nossa essência nordestina.

Nascido e criado na Vila Embratel, filho de pai vaqueiro e mãe quebradeira de coco, Romildo descobriu-se ilustrador ainda na tenra idade, quando foi colocado na escola de música e teve a certeza de que não havia sido feito para aquilo.

Sobre a transformação de muros em arte. (Foto: Divulgação)

Depois de falhar tentando se adaptar, o jovem foi posto no curso da arte certa desta vez: o de desenho. Hoje, ele transforma simples muros cinzas e sem graça em, principalmente, contos de cordel pintados com cores vívidas, remetendo à uma reinterpretação, de encher os olhos, da nossa história.

Segundo Romildo, o que faz “é um trabalho mais complexo do que chegar com uma lata de spray e meter na parede”. Por fazer parte de um bairro periférico, com muitas crianças mas com índices de criminalidade e de evasão escolar altos, o artista julga justo aproximar a arte da comunidade. “Tem sempre graffiti e coisas visualmente bonitas em outros cantos, e aí eu pensei: pô, vou trazer para cá também”.

A comunidade abraçou a ideia e, em pouco tempo, todos queriam embelezar suas paredes. “Batem aqui na porta perguntando ‘cadê o menino que pinta? Faz na minha, faz na minha’”, relata Romildo, encarando com entusiasmo o seu projeto se expandir: “aqui, o que não falta é parede para colorir”.

Rapaz à janela observando o mural de Romildo. (Foto: Divulgação)

O ilustrador diz que vai além dos muros suas propostas para levar arte ao seu entorno. Pensando nas crianças, ainda pretende fazer escolinha de desenho, com aulas ministradas por ele, além de dispôr uma tela na rua para terem cinema todo dia de quarta-feira à noite.

Além de murais, Romildo faz xilogravuras – gravuras em relevo sobre madeira -, ilustrações e inventa identidades visuais em todos os seus âmbitos para quem quiser embelezar seu produto e seus espaços. Um exemplo disso é sua grande ilustração na Casa do Tambor de Crioula, no centro da cidade; e as camisas, adesivos, pinturas e cartões que faz com seus designs, vendidos diretamente por seu Instagram.

Sua perspectiva de cultura abrange mais do que o tipicamente conhecido; o desenhista faz jus à arte urbana que produz. “A cultura popular não é só a dança, a festa, a brincadeira”, explica Romildo. Ressignificando o local onde as obras devem ser expostas e as tornando acessíveis nos muros da cidade, conclui: “cultura é também o que se passa nas ruas”.

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