Maranhão

Por que linchamentos continuam acontecendo em São Luís?

Os casos de linchamento registrados nessa virada de ano em São Luís estão longe de serem os primeiros da capital

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Casos de linchamento voltaram a chamar atenção em São Luís. Dessa vez, durante a virada de ano, duas pessoas foram mortas por suspeita de furtos e assaltos em diferentes bairros da capital. Um foi morto no bairro Vila Conceição, região dos Altos do Calhau, e o outro no bairro São Raimundo. Mas o que especialistas dizem sobre o fato de casos de linchamento acontecerem na sociedade?

“O linchamento é um resquício de ações que se encontram desde as comunas primitivas, um rito sacrificial. É o mito fundante da religião judaico-cristã. Assim como o Cristo é linchado para aplacar a fúria de uma multidão, hoje se continuam a linchar atos impuros. Carregamos a ideia de que é pelo sangue que se aplaca a dor da morte”, explicou a socióloga Luziana Ramalho Ribeiro, no livro “O que Não Tem Governo: Estudo sobre Linchamentos (2012)”.

Segundo a maioria dos especialistas, a intolerância é a principal causa de linchamentos no Brasil. “De um lado, a percepção de que o Estado não é capaz de prover segurança e justiça. Há uma percepção difusa de uma parte da população de que a impunidade dá a sensação de medo, aumento da criminalidade e a população se vê vulnerável. Então, há a percepção de que o Estado é ausente e ineficiente. Além disso, há uma cultura de desrespeito aos direitos humanos. A gente vive em um país em que há uma cultura de resolução de conflito por meio do emprego da violência”, analisou a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo, Ariadne Natal.

Outra análise levantada por especialistas, e que tem total ligação com os casos registrados nessa virada de ano em São Luís, é de que o linchamento funciona como uma espécie de “controle social”, em que a população se encarrega de punir aqueles que “quebraram alguma regra”.

“Porque se trata de uma ação que não é para fazer justiça, mas para vingança. A forma como o linchamento se dá, usando a violência física e, muitas vezes, aplicando uma espécie de pena que é mais dura do que seria a prevista por nossa legislação”, explica Ariadne.

Os casos de linchamento registrados nessa virada de ano em São Luís estão longe de serem os primeiros da capital. Várias vezes, a revolta da população transbordou pela vontade de fazer Justiça pelas próprias mãos. O resultado dessa atitude é ver violência gerando mais violência e novas injustiças.

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