Doces santos

A tradição de São Cosme e Damião

Entrega de doces no Dia de São Cosme e Damião mostra a fé dos maranhenses

A tradição de entregar doces para crianças nos dias 26 e 27 de setembro, Dia de São Cosme e Damião, ainda encontra refúgio na aparente falta de empatia na correria das cidades. Em São Luís, ela não pode faltar no calendário de muitos bairros, sendo uma data esperada por centenas de crianças todos os anos e observada tanto por quem professa o cristianismo católico, quanto a Umbanda.
A vizinhança se une, um carro passa pelas ruas distribuindo bombons, as crianças acordam cedo para bater à porta de pessoas como a senhora Elinéia Rodrigues, moradora da Camboa, no Centro. Há 10 anos a autônoma realiza a festa para os santos gêmeos de origem árabe e para as crianças. A tradição começou com uma promessa, como muitas outras manifestações de devoção e fé.
“Tive uma enfermidade em meu pé, doía muito todo os dias, então fiz uma promessa para São Cosme e Damião pedindo a cura e se eu ficasse boa passaria a distribuir bombons para as crianças, em nome dos santos”, contou Elinéia. Hoje, ela e o marido distribuem senhas dois dias antes para que as crianças possam pegar seus doces já reservados.
“Tem de ser na senha, são muitas crianças. Chego a distribuir mais de 400 cartões, e compro muitos bombons”, contou. Elinéia tem três filhos, e lembra que todos já pegaram bombons na vizinhança quando crianças. “Hoje a menor já me ajuda a embalar e distribuir os pacotes”, disse a fiel. Na casa ao lado, foi também um momento de dificuldade que fez a dona de casa Rose Pereira e sua mãe, Rosa Neri, fazerem a promessa de honra aos santos. “Minha filha teve convulsões e ficou muito mal. Então, prometi que se ela ficasse boa estregaria os bombons”, contou Rosa. Há dois anos, a família recebe as crianças do bairro na janela de casa. Para as crianças, o momento é de pura alegria, como contou Michele Gonçalves. “Desde pequena eu pego os bombons, hoje já ajudo minha tia a levar os meninos para pegar. Todas as crianças esperam muito por esse dia. Quando chega setembro só se fala nisso”, comentou. A tia, Jolene Marques, leva os quatro filhos para recolher os bombons e fica de olho para a segurança dos pequenos. “Chegamos a pegar de 70 a 80 bombons. Vamos em muitas casas, mas eu fico de olho, pois os maiores às vezes podem machucar os pequenos na correria ou pode vir um carro”, contou.
Mas de onde vem o costume?
Cosme e Damião eram médicos gêmeos, nascidos na Ásia Menor. Por volta de 300 d.C, eles começaram a praticar cura em animais e pessoas, sem jamais cobrar pelos serviços, sendo avessos ao dinheiro, ou anargiros. Por seus serviços, passaram a ser considerados protetores das crianças.
Sua fama os fez serem perseguidos pelo imperador romano Deocleciano, que os condenou à morte. Acolhidos como santos pela Igreja Católica, no dia 26 de setembro se lembra os jovens irmãos que pregavam os ensinamentos de Jesus e curavam sem cobrar. Cosme e Damião são considerados padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.
Na Igreja Cristã Ortodoxa, os santos são lembrados mais tarde no calendário, em 1º de novembro, e ainda mais cedo na Igreja Ortodoxa Grega, em 1º de julho.
No candomblé e na umbanda, o Dia de São Cosme e Damião é comemorado em 27 de setembro, quando são reverenciados como os orixás Ibejis, os filhos gêmeos de Xangô e Iansã. “Não são as mesmas figuras, mas em ambas são irmãos com histórias de vida muito parecidas”, explica Pai Nino D Osumarê, da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília. A oferta de doces às crianças pode ser entendida, segundo pesquisadores, como uma forma de sacrifício à divindades e no Brasil remonta a 1530, quando foi construída a primeira Igreja em sua homenagem na cidade Igrassu, em Pernambuco. A devoção foi trazida pelos colonizadores portugueses. Com a escravidão, os cultos afro “tiveram de sincretizar seus orixás com os santos católicos que lhe foram impostos”, segundo explica a historiadora Maria de Araújo Almeida, em seu artigo “O Culto a São Cosme e Damião na Bahia”.
HOMENAGEM
Fiéis festejam Santa Terezinha em São Luís
Realizados há cerca de 40 anos na capital maranhense, quando a igreja ainda era bem pequena, uma capela, os festejos em homenagem a Santa Terezinha, no bairro do Filipinho, têm atraído todos os dias centenas de devotos.
As celebrações estão ocorrendo na Paroquia de Santa Teresinha desde o último dia 11 de setembro e serão encerradas com uma grande procissão no dia 1º de outubro,
Segundo Enize Maria Maciel Mendonça, organizadora do festejo, a Santa tem atraído a devoção de muitos jovens, pois a mesma entrou no Carmelo aos 15 anos. Ela explicou que hoje temos devotos da Santa de todas as idades, muitos deles são jovens. E que é na juventude que a pessoas encontram a força de vontade e que podem revolucionar o mundo vivendo uma vida de fraternidade solidária.
“Santa Terezinha adotou como tema a função de viver o amor em tudo e para todos. Eu espero o envolvimento dos fiéis. Devotos, acompanhem com atenção a parte Litúrgica das celebrações para entender melhor as mensagens das leituras dos evangelhos, e com muita fé assimilar o que o Santo Papa nos pede neste ano que se chama o Ano da Misericórdia”, ressaltou Enize Maria Maciel Mendonça, organizadora do festejo.
Muitos devotos acreditam no poder da Santa, que ela pode operar graças. Raimunda Francisca Pereira foi um delas, que teve a sua graça alcançada por meio de uma oração. “Em 2016, tive um aborto espontâneo com quatro meses de gestação sem nenhuma causa aparente. Depois de muitos exames, o médico disse que poderia ser incompetência istmo-cervical, e devido ao aborto foi indicado fazer uma cauterização. Nesta mesma semana, encontrei a novena das rosas que minha irmã havia me dado há alguns anos. Então, comecei a novena e no dia da consulta entreguei minha vida nas mãos de Santa Terezinha. Então, fui ao médico, já preparada para fazer o procedimento, meu médico disse não acreditar no que estava acontecendo, pois não havia mais nenhuma ferida no meu útero. O doutor disse que era estranho tudo isso ter desperecido sem nenhum procedimento”, contou Raimunda Francisca.
Raimunda Francisca revelou à equipe de O Imparcial que havia conversado para que ele, mediante o pedido de uma “Santinha”, havia lhe curado, disse ela com os olhos cheios de lágrimas. “Depois desse dia, tive a certeza que ela já estava olhando por mim. Dois meses depois meu marido e eu fomos a uma concessionária buscar um carro que havíamos comprado. Chegando lá recebi do vendedor um buquê de rosas. Me desmanchei em lágrimas e ninguém entendeu nada! Mas eu tive a certeza que eu recebera a graça de Santa Terezinha’’, disse Raimunda Francisca, emocionada.
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